Sesc da Esquina recebe Sonora Brasil com o tema ‘Nas pisadas dos cocos’

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Sonora Brasil completa 20 anos, torna-se o maior projeto de circulação musical do país e traz ao Paraná a música do Nordeste brasileiro

Com o tema “Nas pisadas dos cocos”, de agosto a novembro deste ano o Sesc traz ao Paraná quatro grupos representantes deste estilo musical, com características bastante distintas, para apresentações em Curitiba, Paranaguá e Guarapuava. Dois dos grupos que se apresentam no estado são representantes dos cocos do litoral – como o Coco do Iguape, do Ceará, e Coco de Zambê, do Rio Grande do Norte – e os cocos do interior, com Samba de Pareia da Mussuca, de Sergipe, e Coco de Tebei, de Pernambuco. Os grupos se apresentarão no Sesc da Esquina entre os dias 29 de outubro a 01 de novembro. A entrada é franca.

Uma das mais importantes e marcantes tradições da cultura nordestina, o coco é um ritmo musical e também uma dança de roda. São os bumbos, ganzás, pandeiros, caixas, palmas ou as batidas dos pés e das sandálias de madeira que marcam o andamento de cantadores e dançadores de cocos. Com forte influência indígena e africana, acredita-se que o surgimento do coco foi motivado pela necessidade de pisar o barro que compunha o chão das casas do interior nordestino, muitas vezes uma prática realizada nas construções e em mutirões.

Sonora Brasil

Temático, o projeto Sesc Sonora Brasil vem despertando um olhar crítico sobre a produção e sobre os mecanismos de difusão da música no país, incentivando novas práticas e novos hábitos de apreciação musical e promovendo apresentações de caráter essencialmente acústico, que valorizam a autenticidade sonora das obras e de seus intérpretes.

Em sua primeira edição, em 1998, o projeto realizou 50 concertos, em 13 cidades de cinco estados. “Hoje, 20 anos depois, o Sonora Brasil é o maior projeto de circulação do país na área da música, estado presente em todos os estados e realizando em torno de 400 apresentações a cada ano, em mais de 100 cidades”, destaca o coordenador nacional do Sonora Brasil e assessor técnico de música do Departamento Nacional do Sesc, Gilberto Figueiredo.

Para Figueiredo, devido ao conceito e metodologia, o Sonora Brasil possibilita a aproximação das plateias com expressões musicais pouco difundidas. “O Sonora Brasil tem contribuído para a expansão do conhecimento sobre o amplo universo da produção musical brasileira, especialmente entre músicos, pesquisadores e professores e tem despertado o interesse pela busca de informações mais aprofundadas, incentivando a produção de novas pesquisas e novos repertórios”, avalia Figueiredo.

Cronograma das apresentações no Sesc da Esquina

29/10 20h Samba de Pareia da Mussuca

30/10 20h Coco de Zambê

31/10 20h Coco do Iguape

01/11 20h Coco de Tebei

 

Sobre os grupos:

Samba de Pareia da Mussuca (Dia 29/10 – 20h)

O Samba de Pareia, segundo relatos, surgiu há mais de 300 anos entre os escravos que trabalhavam nos canaviais, como uma forma de ocupar o pouco tempo de descanso que tinham ao longo de sua jornada diária de trabalho. O nome viria do fato de ser dançado em pares. Hoje, na Mussuca, ele é dançado por mulheres, contando com a presença de homens apenas como tocadores que sustentam o ritmo com dois tambores médio-graves e uma porca (cuíca). Completa a instrumentação um ganzá, tocado por uma das mulheres, e, o principal elemento rítmico, a pisada dos tamancos das dançadeiras.

O samba não se caracteriza como um folguedo, mas apresenta dança coreografada e trajes padronizados. As letras das músicas fazem alusão a situações do dia a dia, normalmente com muita irreverência.

Coco de Zambê (Dia 30/10 – 20h)

Dois tambores estão presentes na maioria dos grupos que praticam o Coco de Zambê: o próprio Zambê, também conhecido como pau furado ou oco de pau, que é maior e mais grave, e o Chama, ambos construídos artesanalmente com troncos de árvores da região. Além desses tambores outros instrumentos de percussão podem ser encontrados, inclusive a lata, usada no grupo do Mestre Geraldo que, na verdade, é o reaproveitamento da lata de 18 litros, utilizada no comércio de tintas.

A música se caracteriza como um canto responsorial, puxado pelo mestre e respondido pelo coro de vozes, e a dança acontece numa roda que mantém ao centro os tocadores. Os brincantes se revezam reverenciando o tambor e realizando passos livres de grande energia que lembram movimentos da capoeira e do frevo.

Coco do Iguape (Dia 31/10 – 20h)

Coco do Iguape tem uma característica peculiar que é o andamento mais acelerado e uma dança mais “pulada. Como outros cocos do litoral, o grupo se apresenta descalço, como os pescadores costumam andar. A vestimenta é feita artesanalmente com o mesmo tecido usado nas velas das jangadas e tingida com a tinta retirada da casca do cajueiro azedo, árvore encontrada na região.

A música mantém a estrutura de refrão fixo, apresentado pelo mestre e cantado pelos brincantes, e estrofes emboladas pelos mestres, algumas criadas no calor da brincadeira. A dança acontece em pares, um de cada vez no meio da roda, com trocas constantes marcadas pelo convite feito com o gesto da umbigada, e, apesar da prevalência de homens não há restrições à participação das mulheres.

Os instrumentos utilizados pelo grupo são o caixão (espécie de Cajon), que é feito de madeira em forma de caixa, permitindo que o tocador fique sentado sobre o instrumento, e o ganzá, espécie de chocalho feito com latas reutilizadas, ambos fabricados pelos próprios integrantes. O triângulo, pouco encontrado em grupos de coco, foi inserido a partir de influências externas.

Coco de Tebei (Dia 01/11 – 20h)

O Coco de Tebei é cantado por mulheres e dançado por casais. Não utiliza instrumentos e a base rítmica é marcada pela pisada dos dançadores. A sonoridade que resulta do canto somado ao ritmo da pisada nos remete, de certa forma, a uma ritualística indígena, que se caracteriza pelo contraste de timbre entre o metal das vozes femininas e o som seco da pisada no chão, e pela ausência de nuances em cada um dos elementos.

Também faz parte da memória do grupo a cantoria do rojão, associado ao uso da enxada na preparação da terra para o plantio.

Endereço: Sesc da Esquina – Rua Visconde do Rio Branco, 969

Telefone: (41) 3304-2222

Programação gratuita os ingressos devem ser retirados no SAC do Sesc da Esquina ou na bilheteria do teatro 1h antes da apresentação.

Confira o catálogo do Sonora Brasil