Saiba por que a doença periodontal é tão comum em pacientes diabéticos e como tratá-la?

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Cuidar da saúde bucal é necessária para todas as pessoas em todas as fases da vida, não apenas para ter dentes saudáveis, mas para a saúde integral do organismo. E quem tem diabetes deve saber que a doença se não tratada e acompanhada no dia a dia, infelizmente pode afetar várias partes do corpo, como rins, olhos e até a saúde bucal.

Segundo dados da SOBRAPE (Sociedade Brasileira de Periodontologia), o paciente com diabetes tem um risco 2,5 maior de pacientes não diabéticos de desenvolver doença periodontal. Uma inflamação ou infecção crônica caracterizada pelo acúmulo de placas bacterianas nas estruturas que dão suporte ao dente (mais especificamente entre a gengiva e o dente). E se não for tratada adequadamente pode levar à perda dentária.

Ou seja, a falta de tratamento adequado pode levar a sensibilidade na gengiva com sangramentos ao escovar os dentes e passar o fio dental, retração gengival, reabsorção dos tecidos periodontais, mobilidade dentária e até perda dos dentes. “As alterações histopatológicas e metabólicas características do diabetes são fatores que agravam os efeitos da placa bacteriana nos dentes. Além do fato de os pacientes diabéticos apresentarem respostas imunológicas deficientes. Esse conjunto de condições favorece e/ou agrava os quadros periodontais nesses indivíduos”, afirma o odontologista Anderson Bernal, cirurgião-dentista, designer dental e facial, atua na área de reabilitação oral e estética dos dentes há 27 anos.

A doença periodontal é uma das doenças mais comuns em pacientes com diabetes. Estima-se que 76% deles possuem doença periodontal em algum grau de desenvolvimento. Mas a prevalência é mais predominante em pacientes diabéticos não controlados. “Muitos deles possuem doença periodontal, com aumento de reabsorção alveolar e alterações inflamatórias gengivais”, afirma o especialista.

Três tipos de doenças periodontais mais comuns

Os três tipos de doenças periodontais mais recorrentes são a gengivite, a periodontite e a periodontite avançada. Elas afetam a saúde bucal dos pacientes de formas diferentes. “A gengivite é a manifestação da inflamação da gengiva, causada pela formação de tártaro na região proveniente de uma escovação inadequada. Essa doença pode trazer diversos riscos ao paciente, como sangramento da gengiva durante a escovação e o uso de fio dental diários e inchaço da área, provocando desconforto ao paciente”, afirma o odontologista. Importante salientar que a consequência da gengivite não tratada é o agravamento do quadro e o desenvolvimento da periodontite. “A periodontite, por sua vez, é a inflamação agravada da gengiva, que afeta os tecidos de sustentação dos dentes e resulta no afastamento dos dentes da própria gengiva, facilitando o maior acúmulo de placa bacteriana na área”, explica.

Já a periodontite avançada é o estágio mais preocupante da periodontite, quando a infecção nesse estágio destrói os ossos responsáveis pela sustentação dos dentes. Com essa sustentação abalada e o progressivo aumento da quantidade de placa bacteriana, os dentes vão amolecendo e o risco de perda precoce aumenta consideravelmente.

É bom lembrar que a doença periodontal não se manifesta como um problema primário. Na verdade, seu início se dá em função do acúmulo da placa bacteriana (biofilme) associado ao descuido com a higiene bucal e a falta de manutenção com visitas regulares ao dentista. “Isso porque, se a placa bacteriana não é devidamente removida por meio da escovação, ela sofre um processo de mineralização com passar do tempo”, afirma o especialista. Consequentemente, desenvolve-se uma gengivite – inflamação que fica restrita ao tecido gengival. É possível que a pessoa logo perceba a doença periodontal quando ela está em sua fase inicial.

Tratamento não é igual para todos os pacientes

Embora alguns estudos apontem que os quadros controlados de diabetes podem receber tratamento periodontal semelhante aos pacientes não-diabéticos, aqueles que possuem a doença descontrolada precisam ser tratados de forma especial e com cuidados específicos.

Alguns deles são:

– Garantir que a insulina ou medicação para controle de glicemia tenha sido administrada em dose e horários corretos;

– realizar atendimentos curtos, sem que o paciente esteja em jejum. Quando necessário, é possível utilizar tranquilizantes ou sedação complementar;

– trabalhar com o menor campo possível para reduzir o risco de contaminações cruzadas e de processos extensos de cicatrização;

– evitar os anestésicos com vasoconstrictores adrenérgicos;

– verificar os sinais vitais do paciente antes, durante e após a anestesia (aferir a pressão arterial e medir a pulsação);

– procedimentos mais extensos podem requerer estrutura hospitalar;

– Reforçar as orientações acerca da higiene oral e da importância do controle do nível glicêmico para a manutenção da saúde bucal.

Como prevenir a doença periodontal

Existem vários passos que podem ser seguidos para evitar ou minimizar os desconfortos da doença periodontal no diabético:

– Fazer um controle restrito na dieta e nos níveis glicêmicos;

– realizar a escovação dental de forma eficaz e frequente, utilizando também fio dental e enxaguantes bucais;

– evitar traumas durante a escovação;

– fazer visitas regulares ao dentista para limpezas preventivas.

Periodontite tem cura

A periodontite no paciente diabético tem cura. “No entanto, a manutenção desse estado está diretamente relacionada ao controle constante do índice glicêmico do paciente, que continuará suscetível a recidivas”, afirma o cirurgião-dentista. Pois, se não cuidar, o problema pode voltar. “O principal cuidado que deve ser tomado pelos diabéticos é o controle dos níveis glicêmicos e o uso correto das medicações. O descontrole da glicemia é o principal fator de risco para a saúde bucal desses pacientes”, alerta o odontologista. “Por isso, uma dieta controlada e acompanhamento constante dos níveis glicêmicos são imprescindíveis”, assegura.

SOBRE A ABIMO

ABIMO – Associação Brasileira da Indústria de Dispositivos Médicos, representa a indústria brasileira de produtos para a saúde que promove o crescimento sustentável no mercado nacional e internacional. Fundada em 1962, a instituição conta com mais de 300 associados e surgiu a partir da ideia de 25 fabricantes de produtos médicos e odontológicos com o objetivo de fortalecer, organizar e regulamentar o segmento. Nesses anos de trabalho, a ABIMO expandiu suas operações de suporte à cadeia produtiva através de conselhos e grupos de trabalho, os quais respondem por todos os aspectos técnicos, operacionais e associativos do setor.

Fonte: Dr. Anderson Bernal é designer oro – facial, atuante na área de reabilitação oral e estética dental formado pela Universidade de Santo Amaro (UNISA) em 1994. É diretor e fundador do ‘Instituto Bernal de Odontologia’, referência no desenvolvimento de padrões dentais e faciais, além de procedimentos odontológicos variados.

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