Pesquisa aponta que aplicação de laser pode ser tratamento eficaz para o controle da hipertensão arterial

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Estudo da UFSCar busca voluntários para testes e aplicações gratuitos

De acordo com dados do Ministério da Saúde, 25,7% da população brasileira é hipertensa. Nos últimos dez anos, houve um aumento de 14,2% nos casos de hipertensão arterial, principalmente em mulheres. Segundo a Sociedade Brasileira de Hipertensão, o problema causa 300 mil mortes por ano, sendo responsável por 40% dos infartos, 80% dos derrames e 25% dos casos de insuficiência renal terminal.

Geralmente, o tratamento da hipertensão arterial utiliza medicamentos de uso contínuo aliados à dieta equilibrada e adoção de hábitos de vida saudáveis. Na tentativa de buscar alternativas eficazes e com custos mais baixos para o controle da doença, uma pesquisa de doutorado desenvolvida na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) tem por objetivo avaliar as respostas da pressão arterial de pessoas hipertensas e normotensas (pressão arterial normal) frente à aplicação de laser de baixa intensidade em diferentes regiões cutâneas. O estudo “Utilização do laser de baixa intensidade na hipertensão arterial: uma nova abordagem no tratamento” é realizado por Júlio Cesar Conceição Filho, no âmbito do Programa Interinstitucional de Pós-Graduação em Ciências Fisiológicas (PIPGCF), ofertado em parceria pela UFSCar e a Universidade Estadual Paulista (Unesp), sob orientação de Gerson Jhonatan Rodrigues, docente do PIPGCF.

“A ideia desse estudo surgiu após testes preliminares realizados em aortas isoladas de ratos e testes em animais hipertensos. Repetidos testes em diferentes modelos de hipertensão em animais já demonstraram a diminuição da pressão arterial”, afirma o doutorando. No entanto, ele diz que ainda não há consenso sobre a atuação do laser na pressão arterial, mas o que se sabe é que o laser estimula alguns fotorreceptores que reagem a comprimentos específicos de luz. “No caso da pressão arterial, especula-se que o laser pode estimular a liberação de óxido nítrico (NO) presente na hemoglobina ou a liberação de estoques de NO presentes no sangue e em tecidos do organismo”, complementa o pesquisador explicando que o óxido nítrico é um potente vasodilatador que pode ocasionar a diminuição da resistência dos vasos ao fluxo sanguíneo, diminuindo, consequentemente, a pressão arterial. Ele relata que experimentos realizados na UFSCar mostram que a ação do laser está relacionada à liberação de NO, mas é preciso compreender como ocorre a liberação da substância.

A aplicação do laser é feita sobre a pele, de forma não invasiva e, apesar de estudos já terem verificado a diminuição de pressão arterial em ratos obesos e hipertensos, a partir de tratamentos crônicos com laser, o pesquisador diz que a novidade de sua proposta de investigação é que pretende mostrar “o efeito da aplicação aguda do laser, com objetivo de avaliar o tempo de efeito, o mecanismo de ação e estabelecer uma posologia de aplicação”. A expectativa é que a irradiação do laser possa promover a redução da pressão arterial em indivíduos hipertensos, abrindo caminhos para a possibilidade de reversão duradoura do quadro hipertensivo dos pacientes.

Para Conceição Filho, “as vantagens do uso do laser para controle da hipertensão arterial, caso sejam alcançados os mesmos efeitos observados em animais, é que as respostas pressóricas são instantâneas, a aplicação é fácil e não possui nenhum efeito colateral relatado”. Além disso, outra vantagem é o baixo custo dos equipamentos comparado ao custo dos medicamentos, o que pode beneficiar o Sistema Único de Saúde (SUS). “No futuro, cada posto de saúde poderá ser equipado com aparelho similar ao que utilizamos nos testes. Esse aparelho, se manuseado corretamente, funciona por tempo indeterminado, enquanto os medicamentos têm prazo de validade e necessitam de um controle muito maior. Além disso, a técnica poderá estar dentro de hospitais e até nas casas das pessoas. Ou seja, a ideia é diminuir os gastos com o tratamento da hipertensão e melhorar a qualidade de vida da população”, acrescenta o pesquisador. O Brasil já possui tecnologia para produção e aprimoramento da ferramenta de aplicação do laser.

Para realizar o estudo, estão sendo convidados homens e mulheres, entre 25 e 75 anos, que sejam hipertensos e não façam tratamento e uso de medicamentos para controle da pressão arterial; que não tenham o diagnóstico de hipertensão, mas que já apresentaram quadros hipertensivos em que a pressão ultrapassou 130×90 mm/Hg; ou pessoas que tenham histórico de hipertensos na família. Serão realizados dois encontros com os voluntários para triagem, orientação, coletas de sangue e aplicação do laser e aferição da pressão arterial. Essas atividades serão realizadas no Departamento de Ciências Fisiológicas (DFC) da UFSCar, na área Norte do Campus São Carlos.

Os interessados podem entrar em contato com o pesquisador pelo telefone (16) 3306-6749 ou pelo e-mail jcjpinter@gmail.com. Projeto aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFSCar (CAAE: 52005315.2.0000.5504).