Paralisia cerebral, o que você precisa saber

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A paralisia cerebral é caracterizada por alterações neurológicas permanentes do desenvolvimento, causando limitações nas atividades de vida do paciente

É uma condição não progressiva, e cursa com atraso do desenvolvimento motor, cognitivo ou em ambos (a criança em geral anda e fala mais tarde do que o habitual). A primeira descrição da paralisia cerebral foi feita por William Little em 1843, e o termo foi criado por William Osler em 1889.

A paralisia cerebral tem níveis diferentes (leve, moderado, severo)? É possível que uma pessoa com paralisia consiga trabalhar, estudar e levar uma vida semelhante à de quem não tem?

É considerada uma condição sem cura? Mesmo que os tratamentos melhorem a qualidade de vida dos pacientes e promovam progressos, sempre haverá limitações físicas? Qual é o prognóstico?

É de extrema importância que a sociedade entenda as limitações dos pacientes com paralisia cerebral, e que haja compreensão sobre as dificuldades enfrentadas por esses pacientes. Da mesma maneira, também é importante reconhecer as suas capacidades de convívio social, produção e trabalho, permitindo que desenvolvam uma vida normal.

Embora alguns pacientes apresentem formas graves de paralisia cerebral, e sejam dependentes de cuidados, outros podem desempenhar uma vida muito ativa e independente, trabalhar, estudar e levar uma vida semelhante à de quem não tem problemas neurológicos. Essa variabilidade marcante da gravidade da paralisia cerebral está diretamente relacionada à extensão do dano neurológico: lesões mais extensas do cérebro tendem a causar quadro mais grave.

Entre as principais causas da paralisia cerebral está a hipóxia (situação em que, por algum motivo relacionado ao parto, condições da mãe, ou do próprio feto, há falta de oxigenação no cérebro). Alguns fatores de risco ou causas para a paralisia cerebral incluem: anormalidades da placenta ou do cordão umbilical, infecções, diabetes, hipertensão arterial (eclampsia), desnutrição, uso de drogas e álcool durante a gestação, trauma durante o parto, hemorragia, hipoglicemia do feto, problemas genéticos, entre outros.

Existe uma classificação da paralisia cerebral, não apenas quanto à gravidade, mas também quanto ao tipo de envolvimento do sistema nervoso (problema exclusivamente motor, cognitivo ou misto). A apresentação clínica e os sintomas relacionados à paralisia cerebral são muito variáveis, o que pode gerar uma diferença marcante entre os pacientes.

Não há cura para a paralisia cerebral, embora os pacientes possam ter ganhos importantes no processo de reabilitação. A despeito do tratamento e seguimento com reabilitação, as limitações podem ser permanentes. O prognóstico depende muito do grau de paralisia cerebral, da extensão das lesões do sistema nervoso e das condições médicas associadas.

O cérebro é constituído por duas regiões bem delimitadas: uma mais superficial, chamada de córtex, que comanda as funções superiores (linguagem, memória, comportamento, visão), e uma mais profunda, a substância branca cerebral, onde passam as vias motoras. Lesões no córtex cerebral interferem com na linguagem, memória, comportamento, visão, ao passo que lesões da substância branca cerebral causam problemas motores, postura anormal e alterações do tônus muscular. Essas lesões são permanentes, já que a célula nervosa (neurônio) tem uma regeneração parcial ou incompleta, o que acarreta em sequelas neurológicas.

O que acontece exatamente no cérebro da pessoa quando ela tem paralisia cerebral?

O tempo de acompanhamento é extremamente importante, já que a paralisia cerebral é um distúrbio não progressivo. Quadros com piora progressiva devem ser investigados para outras doenças, como por exemplo enfermidades genéticas.

Os tratamentos disponíveis incluem cuidados e acompanhamento multidisciplinar composta por profissionais de diferentes áreas da saúde: médicos como neurologista infantil, pediatra, fisiatra, ortopedista, oftalmologista, entre outras especialidades, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo, pedagogo, psicólogo, educador físico e nutricionista. Além disso, a reabilitação deve ser iniciada o mais precoce possível. A reabilitação com fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional é fundamental. Devido à grande variabilidade na apresentação clínica, o processo de reabilitação deve ser individualizado. A reabilitação tem como objetivos contemplar o ganho de novas habilidades e minimizar ou prevenir complicações (como exemplo, a prevenção de deformidades articulares ou ósseas). O uso de órteses pode ser necessário em algumas situações.

Deve-se sempre identificar as capacidades e incapacidades da criança, além de problemas relacionados, tais como convulsões, distúrbios respiratórios e digestivos. Não há prazo para o término da reabilitação, que pode se estender por toda a vida.

Quais são as principais causas da paralisia cerebral? Frequentemente vemos casos de paralisia causada por falta de oxigênio no cérebro durante o parto, mas existem também outros problemas que podem provocá-la?

Quais são os principais tratamentos disponíveis? O acompanhamento com fisioterapeutas, fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais deve ser feito a vida toda?

Quanto à gravidade, é possível classificar a paralisia cerebral entre formas leves, moderadas e graves. Essa classificação usa como base científica uma escala da Organização Mundial de Saúde (OMS), a Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde.

Quanto ao tipo de envolvimento do sistema nervoso, as alterações podem ser motoras, cognitivas ou ambas. As alterações motoras podem incluir problemas na marcha (como paralisia das pernas), hemiplegia (fraqueza em um dos lados do corpo), alterações do tônus muscular (espasticidade que se caracteriza por rigidez muscular) e distonia (postura anormal dos membros). Alguns pacientes com formas mais graves podem ser dependentes de cadeira de rodas, e não deambulam. Pacientes com alterações cognitivas podem apresentar problemas na fala, no comportamento, na interação social e raciocínio. Outras alterações como convulsões também podem ocorrer.

José Luiz Pedroso, Neurologista
Professor Afiliado do Departamento de Neurologia da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)