Mulheres negras são metade das empreendedoras brasileiras

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Conforme relatório especial feito pelo Sebrae, as donas de negócios negras apresentam uma maior proporção de informalidade que as empreendedoras brancas e alcançam uma remuneração inferior

As mulheres negras representam hoje a metade das donas de negócios no país, segundo um relatório especial produzido pelo Sebrae. Elas fazem parte do contingente das 9,6 milhões de empreendedoras do sexo feminino que estão à frente de um negócio, formal ou na informalidade, como empregador ou trabalhando por conta própria. O documento, que faz um perfil atualizado do empreendedorismo feminino no Brasil por gênero e raça, mostra que o empreendedorismo por necessidade é mais forte entre as mulheres negras (49%) que entre as brancas (35%) e que a informalidade também é marcante nesse contingente. De acordo com levantamento do Sebrae, somente 21% das empreendedoras negras têm CNPJ, contra 42% das mulheres brancas.

As mulheres negras são 17% dos empreendedores do país e ganham menos do que todos os outros grupos, R$ 1.384 por mês. Isso equivale a cerca de metade do rendimento das empreendedoras brancas, de R$ 2.691, e 42% do valor recebido por homens brancos (R$ 3.284). No grupo de mulheres negras donas de negócio há uma proporção maior de chefes de domicílio (49%) do que as brancas (44%). Segundo a Pesquisa Nacional de Amostragem de Domicílio Contínua (PNADC), desde 2015 o percentual de mulheres que assumem o controle do lar vem subindo e hoje elas são 46% do total, contra 49% dos homens.

A coordenadora nacional de empreendedorismo feminino do Sebrae, Renata Malheiros, diz que os dados apontam que as mulheres, principalmente negras, estão em áreas com menor rendimento. As empreendedoras negras têm maior participação em serviços domésticos (diaristas, cuidadoras de crianças, jardinagem, camareiras, caseiros e cozinheiras, entre outros), cabelereiras e outras atividades de tratamento de beleza e serviços ambulantes de alimentação. Mas atuam também no comércio varejista de artigos do vestuário e de perfumaria e de higiene pessoal; confecções de roupas; fabricação de outros produtos têxteis; atividades de ensino, entre outros.

São Paulo tem o maior contingente de mulheres negras à frente de um negócio: 642 mil. Mas a maior participação relativa delas está na Bahia, onde 83% das mulheres donas de negócios são negras. De acordo com dados do Sebrae, as donas de negócios negras são mais jovens que as brancas (1,8 ano), possuem menos escolaridade (1,7 ano) e estão a menos tempo à frente de um trabalho (73%) que as empreendedoras brancas (79%).

Números do relatório Empreendedorismo no Brasil

  • As mulheres (brancas + negras) representam 34,3% dos Donos de Negócio do país. As mulheres negras representam metade deste contingente (17%)
  • Existem cerca de 4,7 milhões de mulheres negras Donas de Negócio
  • São Paulo tem o maior contingente de Donas de Negócio negras (642 mil), mas a maior participação relativa de Donas de Negócio negras no total de Donas de Negócio, por estado, está na Bahia (onde 83% das mulheres Donas de Negócio são negras)
  • As mulheres negras Donas de Negócio são 1,8 ano mais jovens que as mulheres brancas Donas de Negócio
  • Em média, as mulheres negras Donas de Negócio têm 1,7 ano a menos de escolaridade que as mulheres brancas Donas de Negócio
  • No grupo das mulheres negras Donas de Negócio há uma proporção maior de mulheres “chefes de domicílio” (49%) se comparado às mulheres brancas (44%)
  • As mulheres negras estão há menos tempo que as mulheres brancas no trabalho atual (73% contra 79%)
  • A proporção de mulheres negras que possui CNPJ (21%) é a metade da verificada no grupo das mulheres brancas (42% possui CNPJ)
  • A proporção das mulheres negras que trabalham sem sócios é maior que das brancas (86% no caso das mulheres negras contra 76% no caso das mulheres brancas)
  • Os negócios conduzidos pelas mulheres negras têm porte menor que das mulheres brancas (é menor a proporção de mulheres negras que são empregadoras)
  • As mulheres negras Donas de Negócio ganham 49% a menos que as brancas
  • As mulheres negras trabalham mais em domicílio que as empreendedoras brancas
  • As mulheres negras empreendem menos por oportunidade (51%) que as brancas (65%)
  • Empreendedoras negras têm maior participação em serviços domésticos e serviços ambulantes de alimentação