Mães que comem maçãs e ervas protegem o cérebro dos filhos e netos, diz estudo com modelo genético

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Essa é a conclusão de um estudo publicado na revista Nature, que também mostrou que uma molécula presente em maçãs e ervas (manjericão, alecrim, tomilho, orégano e sálvia) ajudou a reduzir a quebra dos cabos de comunicação necessários para o bom funcionamento do cérebro

Vários estudos já mostraram o impacto da dieta da mãe na saúde do filho. Mas um trabalho recente, publicado no importante periódico científico Nature Cell Biology, foi além ao mostrar que as mães que comem maçãs e ervas no início da gravidez podem estar protegendo a saúde do cérebro não só de seus filhos, mas também de netos. “O estudo usou modelos genéticos e descobriu que certos alimentos podem ajudar a proteger contra a deterioração da função cerebral. Em especial, as maçãs e ervas como manjericão, alecrim, tomilho, orégano e sálvia”, explica a Dra. Marcella Garcez, médica nutróloga, diretora e professora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN). “Esses alimentos possuem uma molécula, o ácido ursólico, que ajuda a reduzir a quebra dos cabos de comunicação necessários para o bom funcionamento do cérebro”, acrescenta médica.

Mais especificamente, o estudo usou lombrigas (Caenorhabditis elegans) como modelo genético porque muitos de seus genes também são encontrados conservados em humanos, permitindo insights sobre células humanas. Os pesquisadores estavam investigando células nervosas no cérebro que se conectam e se comunicam entre si por cerca de 850.000 quilômetros de cabos chamados axônios. Para que os axônios funcionem e sobrevivam, materiais essenciais precisam ser transportados ao longo de uma estrutura interna que contém microtúbulos. Um mau funcionamento fez com que os axônios se tornassem frágeis, o que levou à disfunção cerebral e à neurodegeneração. “Então, a equipe de pesquisadores identificou uma molécula encontrada em maçãs e ervas (ácido ursólico) que reduz a fragilidade do axônio. O estudo mostrou que o ácido ursólico ativa um gene que produz um tipo específico de gordura. Essa gordura específica também impediu a fragilidade do axônio à medida que os animais envelhecem melhorando o transporte do axônio e, portanto, sua saúde geral”, diz a médica nutróloga.

Esse tipo de gordura, conhecido como esfingolipídio, teve que viajar do intestino da mãe, onde o alimento é digerido, até os óvulos no útero para proteger os axônios na próxima geração. “Embora os resultados sejam promissores, eles ainda precisam ser confirmados em humanos. Esta é a primeira vez que um lipídio/gordura se mostra herdado. Além disso, alimentar a mãe com o esfingolipídio protege os axônios de duas gerações subsequentes. Isso significa que a dieta da mãe pode afetar não apenas o cérebro de seus filhos, mas potencialmente as gerações subsequentes”, completa a nutróloga.

Exatamente por isso as médicas enfatizam que o trabalho apoia a diretriz de que uma dieta saudável durante a gravidez é fundamental para o desenvolvimento e a saúde ideais do cérebro do bebê. Segundo a Dra. Marcella, uma dieta balanceada nos períodos de pré-concepção, gestação e amamentação, incluindo alimentos ricos em macro e micronutrientes, é o método ideal para atender às necessidades nutricionais e garantir o pleno desenvolvimento e crescimento do feto. “Além de proteínas como carnes magras, ovos, laticínios e leguminosas, carboidratos complexos como as frutas, legumes, grãos integrais e sementes e gorduras boas, como azeite de oliva, sementes oleaginosas, castanhas e algumas frutas, também é altamente necessário o aporte adequado de vitaminas e minerais, presente nesses grupos alimentares. É também recomendável o consumo de outras substâncias benéficas à saúde, como antioxidantes, carotenoides e polifenóis”, indica a médica nutróloga. “Os vegetais também não devem ficar de fora, uma vez que são alimentos que possuem micronutrientes, antioxidantes, vitaminas, minerais e fitoquímicos que ajudam na saciedade e na tarefa de nutrir o organismo e combater a inflamação”, finaliza.

FONTE:

*DRA. MARCELLA GARCEZ: Médica Nutróloga, Mestre em Ciências da Saúde pela Escola de Medicina da PUCPR, Diretora da Associação Brasileira de Nutrologia e Docente do Curso Nacional de Nutrologia da ABRAN. A médica é Membro da Câmara Técnica de Nutrologia do CRMPR, Coordenadora da Liga Acadêmica de Nutrologia do Paraná e Pesquisadora em Suplementos Alimentares no Serviço de Nutrologia do Hospital do Servidor Público de São Paulo. Além disso, é membro da Sociedade Brasileira de Medicina Estética e da Sociedade Brasileira para o Estudo do Envelhecimento. Instagram: @dra.marcellagarcez

Foto de Priscilla Du Preez 🇨🇦 na Unsplash