Halal brasileiro vira sinônimo de selo de alta qualidade

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Países localizados em posição geográfica estratégica destacam-se como centros logísticos eficientes para acesso ao mercado islâmico global. E como esses centros podem contribuir para a facilitação do comércio e do investimento?

Essa questão esteve no centro das discussões do painel “Halal, logística e hubs estratégicos”, realizado no segundo dia da edição 2023 do Global Halal Brazil Business Forum, em São Paulo, evento organizado pela Câmara de Comércio Árabe-Brasileira (CCAB) e a Fambras Halal. 

O painel contou com a moderação de Hafiz Maqsood Ahmed, do The Halal Times. “É uma grande oportunidade contar com quatro painelistas com grande experiência na cadeia de suprimentos halal”, afirmou, antes de passar a palavra à primeira debatedora, a doutora Silvia Adly, da Academia Árabe de Ciência, Tecnologia e Transporte Marítimo (AASTMT) e da Faculdade de Transporte Internacional e Logística da Universidade de Alexandria, no Egito.

Sua exposição girou em torno das práticas logísticas do halal, em como se pode trabalhar para promovê-las e disseminar conhecimento sobre todos os procedimentos relacionados a esse campo no comércio internacional.

Marco Tieman, CEO da LBB International, segundo painelista a falar, afirmou que os requisitos de halal estão evoluindo nos principais mercados em relação à confiança tanto de compradores quanto de vendedores. “Existe um conceito errado de que, para ter um produto halal, basta que ele seja certificado, mas é preciso envolver toda a cadeia de suprimento, produção e distribuição nesse processo”, afirmou.

Leonardo Dall’Orto, vice-presidente de mercado internacional e planejamento da BRF, contou em sua participação no painel que trabalha com o mercado halal há mais de 50 anos: “Quando começamos, o supply chain era só um livro. Hoje podemos dizer que estamos chegando mais próximos aos consumidores finais. Nos últimos dez anos, a BRF passou a operar com distribuição própria no Oriente Médio. Estamos entendendo melhor as necessidades dos consumidores locais.”

Segundo o executivo, a companhia faz remessas de mais de 3.000 contêineres do Brasil para a Oriente Médio, e 60% vão para a sua própria rede de distribuição, de forma integralmente rastreável. “Também temos operações na Turquia, entregando mais de 30.000 toneladas por mês de produtos”, disse Dall’Orto, reiterando que todo esse trabalho utiliza os princípios de logística halal.

Já Mahmood Al Bastaki, diretor geral da World Logistics Passport (WLP), iniciou sua participação no evento tecendo elogios ao governo brasileiro: “É admirável como se adapta a uma nova cultura, a novos hábitos e aderem a grandes valores virtuosos de outros países, como os do mundo Islâmico”.

Em sua opinião, isso explica o sucesso que os produtos halal brasileiros fazem no mundo, não apenas para os consumidores muçulmanos, mas também para os mercados que exigem mais qualidade.

Leonardo Dall’Orto disse que a BRF já faz isso, ao utilizar os procedimentos empregados na produção de itens halal também para vender seus produtos em outros mercados não muçulmanos. “Utilizar os padrões halal em outros países aumenta a qualidade dos produtos e a segurança alimentar.”

De acordo com Al Bastaki, quando um consumidor do mundo árabe compra um produto halal feito no Brasil, tem certeza de que o artigo cumpriu todos os requisitos esperados. “É um selo de alta qualidade”, afirmou diretor geral da WLP.

Al Bastaki explicou que a WLP trabalha com 29 parceiros no Brasil, como portos, operadores de logística, associações como a Fambras e câmaras de comércio. “Nosso objetivo é ajudar o exportador a conseguir benefícios e facilitar suas operações no comércio internacional.”

Segundo Marco Tieman, é preciso alinhar a cadeia de suprimentos em relação aos seus mercados de destino. “Se você estiver exportando do Brasil para o Oriente Médio, por exemplo, será necessário atender aos requisitos do Oriente Médio e, se houver um incidente halal na remessa do produto, precisamos de ferramentas para isolar e investigar o que ocorreu. A tecnologia blockchain pode ajudar a rastrear o problema.”

O Global Halal é patrocinado por BRF, Marfrig, Minerva Foods, Laila Travel, Turkish Airlines e Embratur, tem parceria da Apex Brasil, Câmara Islâmica de Comércio, Indústria e Agricultura, União das Câmaras Árabes e Liga Árabe, e apoio da Halal Academy.

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