Experiências traumáticas podem causar doenças físicas

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A conexão entre corpo e mente é tão forte que alguns traumas psicológicos podem se manifestar por meio de dores, mal-estar, problemas de pele e até infecções recorrentes

Um estudo da Sociedade Norte-Americana de Menopausa descobriu que traumas causados pelo abuso sexual aumentam o risco danos cerebrais em mulheres. Durante exames de ressonância magnética, os pesquisadores identificaram alterações no cérebro das vítimas semelhantes aos indicadores de derrame, demência e perda cognitiva.

“O corpo responde aos estímulos da mente. Uma vítima de abuso sexual, por exemplo, pode desenvolver infecção urinária recorrente. Por isso, é importante que, durante o tratamento médico, o profissional tenha um olhar atento a essa pessoa, porque a doença pode estar relacionada a um trauma emocional”, afirma a terapeuta psicanalista Erika Thiele, do Instituto Plasma.

Erika conta que o trauma psicológico é uma resposta emocional a uma ferida aguda causada por uma agressão, acidente, violências, abandono e até roubos. “A intensidade de energia psíquica gerada no momento do trauma é tão grande que, se não tratada com urgência, fica adormecida no inconsciente e pode despertar quando a pessoa é exposta a uma situação semelhante que aconteça com ela e até mesmo com outras pessoas”, explica.

Quando esse trauma reaparece, pode gerar uma crise de ansiedade e sentimentos de profunda angústia.

Traumas sem consciência
Muitas vezes a pessoa pode nem ter consciência de que há um trauma atrapalhando sua vida, por isso a terapia é fundamental. “É preciso trabalhar essa pessoa de forma que ela consiga olhar para a realidade e encarar o que viveu para começar a lidar com a situação. Isso exige um processo terapêutico muito atento e cuidadoso, porque quando a caixa do trauma é aberta e essa energia psíquica não tem para onde ir, pode causar doenças físicas e psicológicas se não for tratada”, acrescenta Erika.

O primeiro passo é identificar o que provocou a sequela emocional. “Existem muitos métodos e técnicas que auxiliam no mapeamento de um trauma. Durante o processo terapêutico, o paciente descreve como se sente diante de algumas situações e com isso é possível descobrir a origem do trauma. A violência doméstica, por exemplo, em que a pessoa vivenciou muitas brigas, gritos e xingamentos, pode fazer disparar a ansiedade diante de qualquer aumento de voz ou atitude semelhante, mesmo que, aparentemente, sejam emoções desproporcionais para aquele evento atual”.

O autoconhecimento, segundo a especialista, é essencial para identificar e superar um evento traumático. “O paciente precisa reconhecer reações estranhas e superdimensionadas diante de alguns eventos, estar muito consciente de si mesmo e olhar para o seu interior com profundidade”, diz Erika Thiele.

A terapeuta conta que o corpo emite sinais de que a pessoa tem um trauma. “Vítimas de abuso sexual, por exemplo, não gostam de serem tocadas sem autorização mesmo de forma carinhosa, o corpo reage disparando um sintoma de dor ou uma crise de ansiedade para se defender”, completa. Esse conjunto de análises, feito por um especialista, pode ajudar a chegar a um diagnóstico.

Situação semelhante a que causou o trauma pode provocar
angústia e ansiedade (Foto: Kat Smith/Pexels)

Danos
Traumas ocorridos na infância e não tratados podem afetar o desenvolvimento, influenciando na autoestima, confiança e personalidade. “As experiências traumáticas na infância estão ligadas, principalmente, aos afetos essenciais de família onde a criança deveria ter sido cuidada, acolhida e orientada, mas não foi o que ela recebeu. Muitas vezes esses acontecimentos não são lembrados, mas o trauma existe e pode ser a resposta para algumas questões comportamentais e de saúde na fase adulta”, destaca a terapeuta.

Após identificar as possíveis causas, é preciso que o paciente esteja disposto a enfrentar a situação para superá-la. “A energia tem que ser elaborada e direcionada para poder ser esgotada. Exige muita coragem, porque dependendo da situação traumática, pode ser muito dolorosa e passar por isso de novo assusta”, diz Erika.