Devemos usar filtro solar dentro de casa? Estudo brasileiro esclarece momentos em que o uso é necessário

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Estudo da UNESP Botucatu, liderado pelo orientador e PhD Hélio Amante Miot, calculou a relevância dos raios ultravioleta em situações cotidianas: em exposição direta ao sol, dentro de um carro, dentro de casa perto da janela, dentro de casa distante da janela e na sombra fora de uma casa

A chegada das altas temperaturas nos faz lembrar que o uso do protetor solar na praia, na piscina e no clube é fundamental. Mas, será que devemos mesmo usar protetor solar dentro de casa? Em que situações? Um estudo da UNESP Botucatu, liderado pelo orientador e PhD Hélio Amante Miot, e publicado no final de novembro no International Journal of Dermatology calculou a relevância dos raios ultravioleta em situações cotidianas: em exposição direta ao sol, dentro de um carro, dentro de casa perto da janela fechada, dentro de casa distante da janela aberta e na sombra fora de uma casa. “Realizamos uma série de medições experimentais de ultravioleta B (UVB), ultravioleta A (UVA), azul-violeta (BV) e luz visível (400 500 nm) em exposição direta ao sol, dentro de um carro, em janelas ensolaradas e sombreadas (através de vidro comum de 4 mm), dentro de uma sala com a janela aberta, e na sombra fora de uma casa. Os comprimentos de onda foram avaliados por sensores calibrados, apontados diretamente para o sol”, diz o dermatologista Dr. Daniel Cassiano, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e um dos autores do estudo. Também fizeram parte do estudo as pesquisadoras Izabelle Ferreira da Silva Mazeto e Ana Claudia Cavalcante Esposito. “Apesar de muitos dados disponíveis sobre fotobiologia, há poucos dados sobre o perfil da irradiação solar na vida real, nas atividades diárias comuns. Além disso, as recomendações de fotoproteção para essas situações ainda são controversas”, dizem os autores.

De acordo com o Dr. Daniel Cassiano, diferentes comprimentos de onda da radiação solar podem ter consequências específicas e efeitos na pele, como queimaduras solares, eritema, síntese de vitamina D, carcinogênese, imunossupressão, fotoenvelhecimento, modulação do microbioma da pele e melanogênese (produção de manchas). “A intensidade da radiação solar que atinge a pele varia com altitude, latitude, estação do ano, superfícies reflexivas (por exemplo, água, grama ou neve), sombra, roupas, uso de protetor solar, duração da exposição e a hora do dia. Além disso, o efeito biológico da exposição ao sol na pele difere individualmente de acordo com a pigmentação da melanina, a predisposição genética (por exemplo, a capacidade de reparar DNA), drogas fotossensibilizantes, capacidade antioxidante e doenças da pele que são influenciadas pela radiação solar”, diz o dermatologista.

Para o estudo, três medições consecutivas foram realizadas entre 11h30 e 12h em um dia ensolarado e sem nuvens em Botucatu (SP). “Durante o outono brasileiro, UVA e BV alcançam seu platô entre 9h e 15h; picos de UVB entre 10h e 14h. Além da exposição direta ao sol, exposição aos raios UVB e UVA são relevantes na sombra (fora de casa) e perto das janelas (fechadas ou abertas). UVA e BV tem níveis substanciais em vidros sem película automotiva (dentro dos carros) e perto das janelas da casa, apesar do vidro. Em todos esses casos, é fundamental usar protetor solar e reaplicar o produto ao longo do dia. Dentro de casa, longe da janela aberta, as irradiações UVB, UVA e BV são irrelevantes”, explica o Dr. Daniel Cassiano.

Apesar disso, indivíduos com alta sensibilidade à exposição ao sol (por exemplo, pacientes com melasma, rosácea, lúpus eritematoso ou erupção polimórfica à luz) devem estar atentos ao sol, reforçar a fotoproteção, mesmo em ambientes com sombra, especialmente no verão e em zonas de latitude inferior. “Esses indivíduos devem ser informados sobre a exposição ao sol relacionada às tarefas domésticas realizadas na sombra e perto de janelas e aconselhados sobre o posicionamento ideal de suas estações de trabalho (longe das janelas)”, explica o médico.

O dermatologista lembra que o protetor solar é vital para a prevenção do câncer de pele – mas também para manter a pele jovem, firme e elástica, com o colágeno preservado. “Devemos ter o hábito do uso regular do filtro solar: ele é o creme antienvelhecimento mais importante”, explica o Dr. Daniel Cassiano. “A aplicação inicial é estratégica para o sucesso da fotoproteção; muitos estudos demonstram que uma primeira aplicação correta pode compensar eventuais incorreções na reaplicação. Como já apresentado, os estudos para determinação de FPS e PPD-UVA mostraram que se requer um intervalo de 15minutos entre a aplicação do produto e o início da exposição ao sol”, diz o médico. Ainda é possível potencializar a ação do produto, por meio do uso de antioxidantes. “Eles combatem os radicais livres. Além disso, aplicá-los antes do protetor solar potencializa a defesa da pele. A Vitamina C, a Vitamina E e o ácido ferúlico podem ser usados com esse intuito”, diz o Dr. Daniel Cassiano.

O estudo tem limitações em relação às medidas, que foram tiradas em um único dia; além disso, radiação infravermelha não foi avaliada. Por outro lado, os resultados demonstram o perfil da radiação solar à qual as pessoas podem ser expostas em suas atividades cotidianas normais. “Existem diferentes perfis de exposição solar e irradiação de comprimento de onda em situações da vida comum, como dirigir, permanecer na sombra e trabalhar perto de janelas. As estratégias mais eficazes de proteção solar (por exemplo, roupas, chapéus e protetor solar) envolvem a consciência do perfil de exposição solar individual diário”, conclui o médico.

FONTE:

*DR. DANIEL CASSIANO: Dermatologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica. Cofundador da clínica GRU Saúde, o Dr. Daniel Cassiano é formado pela Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e Doutor em medicina translacional também pela UNIFESP. Professor de Dermatologia do curso de medicina da Universidade São Camilo, o Dr. Daniel possui amplo conhecimento científico, atuando nas áreas de dermatologia clínica, cirúrgica e cosmiátrica.