Como recuperar o olfato depois da infecção por Covid-19?

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Otorrino e farmacêutica explicam como se dá a perda desse sentido e quais são as etapas do tratamento

O novo coronavírus tem muitas peculiaridades dificilmente vistas antes na Medicina. A alta transmissibilidade e a forma como o vírus afeta as mais diversas partes do corpo são objetos de pesquisa mesmo após um ano de pandemia. Um sintoma que intrigou o mundo foi a perda de olfato. Essa manifestação do corpo indicava quase certeza de um diagnóstico de Covid-19.

O médico otorrinolaringologista, Márcio Nakanishi, explica que a perda de olfato acontece por causa da similaridade entre os nossos receptores de cheiro e os “espinhos” presentes no vírus. “No nosso sistema olfatório existem esses receptores chamados de ACE 2, e o Covid tem uma chave, as espículas, que se encaixam exatamente na fechadura do epitélio respiratório. Por isso o vírus entra tão facilmente na via respiratória”, explica o otorrino.

Nakanishi explica que não existe uma forma de evitar o sintoma, por isso é preciso tomar as medidas necessárias para não se contaminar com o novo coronavírus. A falta de olfato é um sintoma que pode ser leve e durar poucos dias, ou pode perdurar por muito tempo, mesmo que o corpo esteja livre do vírus. Por isso a necessidade de ir em um médico especialista. “O ideal é procurar um otorrinolaringologista, pois ele vai avaliar a extensão da alteração do olfato e propor as medidas necessárias para correção do problema”, explica Leandra Sá de Lima, farmacêutica e consultora da Farmacotécnica.

Leandra aponta que uma das formas de avaliação mais utilizadas no Brasil é a Connecticut, validada pela USP de Ribeirão Preto. “Essa avaliação consiste em duas etapas: uma qualitativa e outra quantitativa”, acrescenta. A fase quantitativa avalia a capacidade do paciente em perceber o cheiro em concentrações diminutas de um produto padronizado. “O médico apresenta 7 frascos de diferentes diluições do produto contra um frasco contendo água. Então o paciente precisa relatar em quais frascos sente mais o cheiro”, exemplifica a farmacêutica.

Já na segunda fase, a qualitativa, o paciente é apresentado a cheiros comuns para os brasileiros, como café, sabonete e paçoca. Ele precisa identificar corretamente o que é o cheiro que lhe é apresentado. “De acordo com o desempenho no teste, o médico diagnostica e propõe as ações de tratamento”, fala Leandra.

Tratamento

Segundo o otorrino Nakanishi, o tratamento é feito em duas partes: uma não farmacológica e outra farmacológica. “A primeira etapa consiste em um treinamento olfatório, onde usamos essências e estimulamos a recuperação do olfato”, explica.

As essências podem ser vendidas em kits e é preciso que se faça um treinamento com a constância recomendada pelo médico para que se tenha resultados. “O paciente fará o treinamento duas vezes ao dia aspirando as essências e anotando em um relatório”, exemplifica Leandra. Ela cita o ômega-3 e o ácido lipóico como essências que ajudam na recuperação do olfato, e cita as 4 essências presentes no kit da Farmacotécnica: rosas, eucalipto, cravo e limão.

A segunda fase do tratamento também é dividida, segundo o Dr. Nakanishi: uma para desinflamar a mucosa do nariz, e a outra para facilitar a regeneração do neuroepitélio olfatório. “Na segunda fase reduzimos a inflamação e depois ofertamos nutrientes e vitaminas que vão regenerar o neuroepitélio olfatório. Existem uma série de medicações que podemos usar”, acrescenta o médico.

Nakanishi alerta que, assim como qualquer outra doença, a automedicação é fortemente contra-indicada. “É importante que o paciente procure um médico para que ele dê as orientações corretas e faça um bom acompanhamento do quadro”, conclui.