Comemoração dos 145 anos de nascimento de João Turin terá inauguração de escultura no Memorial Paranista

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Em 21 de setembro, o Jardim de Esculturas do Parque São Lourenço receberá a releitura da obra em bronze “No Exílio”, que Turin criou quando morava na Europa

Em 21 de setembro (quinta-feira) serão comemorados os 145 anos do nascimento de João Turin (1878-1949), considerado o maior escultor animalista do Brasil, precursor da arte escultórica no Paraná e um dos criadores do movimento artístico e cultural conhecido como Paranismo.

Em Curitiba, cidade onde Turin passou a maior parte de sua vida, será realizado um evento comemorativo, com inauguração da releitura da obra “No Exílio” em bronze, que fará parte do maior jardim de esculturas público do Brasil, no Memorial Paranista. O acontecimento será às 11h, no aniversário de nascimento do autor, em 21 de setembro.

Desta forma, a obra passa a integrar o acervo da exposição permanente do Memorial Paranista, um espaço dedicado ao movimento artístico e cultural Paranismo, que Turin ajudou a criar há 100 anos, em 1923, para enaltecer a identidade paranaense por meio de seus símbolos (como o pinheiro, o pinhão, a erva-mate e de outros elementos típicos) que foram empregados nas artes e na arquitetura.

Resgate de uma obra perdida

Durante os 15 anos em que viveu na Europa, João Turin realizou diversas obras. No entanto, parte dos trabalhos produzidos naquele período não puderam ser trazidos ao Brasil e foram perdidos. Foi o caso de “No Exílio”, primeira escultura de grandes proporções feita pelo artista, concebida em Bruxelas e premiada com Menção Honrosa na Feira dos Artistas Franceses em 1912.

“Em 2013 conseguimos localizar a obra perdida de João Turin ‘Pietá’ em uma cidade da França. Fizemos uma busca também por ‘No Exílio’. Durante muito tempo procuramos por essa obra tanto em Bruxelas quanto em Paris, onde ele residiu, mas não conseguimos localizar. Por sugestão do pesquisador Maurício Appel, convidamos a artista Luna do Rio Apa para fazer uma releitura”, afirma Samuel Ferrari Lago, um dos gestores da obra de João Turin.

Luna do Rio Apa realizou a releitura em argila, a partir de fotografias de época, resultando em uma imponente escultura com 2,70m de altura e mais de 300 quilos. Em um segundo momento, o escultor Edson de Lima fez a moldagem para produção da escultura em gesso pedra. A última etapa foi a fundição em bronze, através de uma parceria em que a Família Ferrari Lago cedeu o molde em silicone para a Prefeitura de Curitiba/FCC, para que esta pudesse fundir a escultura, que será incorporada ao acervo municipal da cidade. Toda a produção foi feita no Atelier de esculturas do Memorial Paranista, administrado pela prefeitura.

Entre a Europa e o Brasil

João Turin permaneceu na Europa entre 1906 e 1922. Residiu na Bélgica para estudar na Real Academia de Belas Artes de Bruxelas. Em um segundo momento morou em Paris, onde montou um atelier em Montparnasse, conhecido bairro frequentado por artistas na capital francesa. Lá conheceu nomes internacionais que se tornariam famosos como Picasso, Soutine, Modigliani, Gris, Brâncusi, entre outros. Na mesma época, também passaram por Paris artistas do Brasil como Tarsila do Amaral, Victor Brecheret e Anita Malfatti, entre outros. Além de “No Exílio”, seus destaques na época foram “Le Chien” (O Cachorro), exposta no Salão dos Artistas Franceses em 1921, e “Tiradentes”, exibida em Paris em 1922, e depois premiada no Brasil.

Retornou a Curitiba em 1922. Foi um dos criadores do Paranismo, movimento artístico e cultural lançado em 1923, que exerceu influência em áreas como arquitetura, esculturas, pinturas, móveis e até na moda, por meio de símbolos paranaenses.

Das mais de 400 obras que realizou, alguns dos principais destaques são as esculturas de animais selvagens, retratados com grande realismo, o que lhe valeu o título de maior escultor animalista do Brasil. Nesta temática, retratou principalmente onças, sendo que duas destas esculturas foram premiadas no Salão Nacional de Belas Artes, em 1944 e 1947.

O resgate de um legado de mais de 400 obras

Turin faleceu em 1949. Desde 2011, quando os direitos patrimoniais sobre suas obras foram adquiridos pela Família Ferrari Lago, foi iniciado um resgate de ponta a ponta de seu legado artístico, algo até então inédito na área de artes no Brasil. Além de esculturas, foram também resgatadas pinturas, desenhos, projetos de design (inclusive em arquitetura e moda), esboços e outros trabalhos.

Uma fundição foi montada para produzir originais inéditos em bronze (pois a maioria das obras deixadas pelo artista estava em gesso). Na mesma época, outra equipe, coordenada pelo professor, escritor e crítico de arte José Roberto Teixeira Leite, realizava uma minuciosa pesquisa histórica, que resultou na biografia “João Turin: Vida, Obra, Arte”.

Como desdobramento destas pesquisas, foi descoberta na França uma de suas obras mais relevantes, feita em 1917. Tratava-se de “Pietá”, que Turin produziu quando morava na Europa. Dada como perdida, a escultura sobreviveu aos bombardeios da Segunda Guerra Mundial. Em 2013, uma equipe foi mobilizada até o local (na Igreja de Saint Martin, na cidade Condé-sur-Noireau) para realizar um molde da obra. Assim, foi possível fazer a fundição de um exemplar em bronze no Brasil, que hoje pode ser apreciado no Memorial Paranista, em Curitiba. Este trabalho de resgate artístico foi registrado no documentário “A Pietá de João Turin”

Também em 2013, quando o Papa Francisco visitou o Brasil, o pontífice recebeu como presente oficial do governo brasileiro um exemplar da escultura “Frade Lendo”, de João Turin.

Em junho de 2014, seu legado foi prestigiado pelas 266 mil pessoas que visitaram “João Turin – Vida, Obra, Arte”, a exposição mais visitada da história do Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, que ficou em cartaz por 8 meses e foi citada em um ranking da revista britânica The Art Newspaper. Esta exposição também recebeu o Prêmio Paulo Mendes de Almeida, da ABCA – Associação Brasileira de Críticos de Arte, de melhor exposição do ano, e teve uma versão condensada, exibida em 2015 no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, e em 2016 na Pinacoteca de São Paulo.

Os trabalhos do artista compõem acervos de 15 museus e instituições do Brasil, além de possuir obras em locais públicos do Paraná, Rio de Janeiro e França. O local que possui mais obras para apreciação é o Memorial Paranista, um espaço dedicado a manter viva sua obra e a arte, em Curitiba, com exposição permanente de cerca de 100 obras.

Serviço:

Comemoração dos 145 anos de nascimento de João Turin

Inauguração da obra “No Exílio” em bronze no Jardim de Esculturas do Memorial Paranista

Data e horário: 21 de setembro (quinta-feira), às 11h.

Local: Memorial Paranista João Turin (Rua Mateus Leme, 4700, Curitiba, Paraná).

Entrada gratuita.

Créditos fotos: Maringas Maciel/Acervo/Divulgação