Cirurgia bariátrica e redução do risco de câncer: qual a verdade sobre esse assunto?

Grupo Movado lança coleção de relógios Calvin Klein Spring-Summer 2022 globalmente
30 de junho de 2022
Jader Almeida lança poltrona Dunne
30 de junho de 2022

Oncologista aponta que perder peso, seja por mudança de estilo de vida ou com a intervenção cirúrgica, reduz as chances de câncer e de morte por neoplasia.  No Brasil, 63% da população adulta apresenta excesso de peso

A obesidade é um dos maiores fatores de risco para desenvolvimento de câncer e de mortalidade. No Brasil, no período de 2003 a 2019, a doença (IMC igual ou acima de 30) entre os adultos aumentou de cerca de 12% para 27%. Os que estão na faixa classificada como excesso de peso (IMC entre 25 e 29,9), os números, no mesmo período, foram de perto de 43% para 63%. São dados assustadores. Um recente estudo publicado em uma das maiores revistas científicas do mundo levou bastante repercussão nas mídias sobre a redução da ocorrência de câncer após a cirurgia bariátrica. De acordo com o oncologista Rafael Luís do Grupo SOnHe – Oncologia e Hematologia, o estudo mostra que a redução do IMC, entre os obesos, diminui a incidência de variados tipos de tumor. “Mas é importante ter cuidado na análise superficial dos dados e entender qual a relação real entre obesidade, cirurgia bariátrica e câncer”, aponta o oncologista.

Segundo Rafael, a obesidade é uma doença que aumenta o risco de diversos tipos de câncer, como mama, útero, intestino, esôfago, dentre outros. “Ela acomete mais de 25% da população brasileira e o seu impacto tende a ser maior que o do cigarro nos próximos anos. A maioria das pessoas sabe (ou deveria saber) que o controle da obesidade não é simples e envolve vários aspectos não só biológicos e genéticos, mas também psicológicos e sociais”, avalia.

Para o médico, o principal tratamento para esta doença é a mudança de estilo de vida com reeducação alimentar e atividade física regular. “Todavia, esse método é poucas vezes efetivo, em função das diversas barreiras culturais, comportamentais e biológicas que se apresentam no caminho. Sendo assim, a cirurgia bariátrica é, hoje, o tratamento mais eficaz, à frente de medicações específicas, tendo, entretanto, possíveis consequências deletérias”, afirma.

O oncologista explica que outros estudos prévios já mostram que existe uma relação entre incidência de câncer e cirurgia bariátrica, porém poucos analisaram detalhadamente essa questão, inclusive a associação com mortalidade. “E foi isso que o estudo que saiu no dia de 3 de junho do Journal of the American Medical Association (JAMA) demonstrou. Os pesquisadores avaliaram 30.000 pacientes obesos, sendo 5.000 submetidos à cirurgia bariátrica “moderna” (ou seja, mais comumente realizada na última década) e 25.000 incluídos como “controles”. A análise – muito criteriosa da parte científica e estatística – mostrou que os pacientes que fizeram cirurgia bariátrica tiveram uma chance 32% menor de desenvolver câncer relacionado à obesidade e 48% menor de morrer por câncer. Essa redução foi tão maior quanto maior foi a perda de peso, ou seja, pessoas que perderam mais peso tiveram chances progressivamente menores de ter ou morrer por câncer”.

Para o especialista, apesar de muito bem feito, o estudo tem várias limitações que podem influenciar nos resultados e, portanto, devem ser levadas em consideração. “A principal delas é o fato de que a perda de peso do grupo da cirurgia bariátrica foi 20% maior que a do grupo controle (27,5 x 2,7kg). Isso coloca em dúvida se a redução do risco de câncer e de morte por ele tiveram como causa direta a perda de peso ou a cirurgia bariátrica em si. O que outros estudos mostram é que provavelmente a primeira opção, ou seja, perder peso, seja por mudança de estilo de vida ou com a intervenção cirúrgica, reduz as chances de neoplasia e morte por neoplasia. Isso não pôde ser avaliado neste estudo. Não só isso, a conclusão muito superficial pode deixar a entender que é diretamente a cirurgia, não a perda de peso em si, que leva aos benefícios. Perder peso sem cirurgia é, sem dúvida, um caminho mais difícil para alguns, mas pode ser a melhor opção para outros e ter efeitos semelhantes (ou até melhores) que a cirurgia, levando em conta os riscos desta”, destaca Dr. Rafael.

Rafael Luís é Mestre em Oncologia pela Unicamp. Tem graduação e residência em Clínica Médica e Oncologia Clínica também pela Unicamp. Realizou Fellowship no MD Anderson Cancer Center Madrid. Membro da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) e da Sociedade Europeia de Oncologia Clínica (ESMO). Rafael faz parte do corpo clínico de oncologistas do Grupo SOnHe – Sasse Oncologia e Hematologia e atua no Radium – Instituto de Oncologia, no Hospital Santa Tereza, Hospital Madre Theodora e Santa Casa de Valinhos.

Sobre o Grupo SOnHe

O Grupo SOnHe – Oncologia e Hematologia é formado por oncologistas e hematologistas que fazem atendimento oncológico alinhado às recentes descobertas da ciência, com tratamento integral, humanizado e multidisciplinar no Hospital Santa Tereza, Radium Instituto de Oncologia e Madre Theodora, três importantes centros de tratamento de câncer em Campinas, e na Santa Casa de Valinhos. O Grupo oferece excelência no cuidado oncológico e na produção de conhecimento de forma ética, científica e humanitária, por meio de uma equipe inovadora e sempre comprometida com o ser humano. O SOnHe é formado por 11 especialistas sendo cinco deles com doutorado e três com mestrado. Fazem parte do Grupo os oncologistas André Deeke Sasse, David Pinheiro Cunha, Vinícius Correa da Conceição, Vivian Castro Antunes de Vasconcelos, Rafael Luís, Susana Ramalho, Leonardo Roberto da Silva, Higor Mantovani e Isabela de Lima Pinheiro e pelas hematologistas Lorena Bedotti e Jamille Cunha. Saiba mais: no portal www.sonhe.med.br e nas redes sociais @gruposonhe.

Photo by i yunmai on Unsplash