Especialista explica que apesar de ser uma condição genética, fatores emocionais podem contribuir com a queda dos fios
Desde sempre os cabelos e penteados foram uma característica relevante para denominar um estilo ou modo de vida. Nos anos 40, por exemplo, era comum que as mulheres tivessem cumprimentos médios e ondulados. Seguindo a mesma tendência na década de 50, as pin-ups mostraram toda a força da feminilidade, usando franjas, lenços e penteados que são comuns até hoje. Dando um salto na história, nos anos 80, era moda usar cachos volumosos ou apertados, cores diferentes com inspiração punk ou franjas desiguais que faziam referência ao estilo rocker. Em diferentes culturas, alguns penteados são feitos para momentos de celebração, para algumas religiões são sinônimo de retidão, portanto, são sagrados.
De fato, os cabelos são uma extensão da personalidade das pessoas e marca de pertencimento em certas tribos. Ainda hoje, são considerados a moldura do rosto, especialmente, nas mulheres, porém, um problema que já é bastante conhecido entre homens tem amedrontado o sexo feminino: a calvície. De acordo com especialistas, a alopecia androgenética, forma como esse tipo de queda de cabelos é clinicamente conhecido, está relacionado com a genética – como o próprio nome sugere – ou seja, pode ser hereditário. O lado bom é que esta patologia não é tão comum nas mulheres, além disso, nem toda perda de fios significa uma calvície, entretanto, independente do motivo, quando acontece se torna uma grande vilã para a autoestima delas.
Tudo sobre a calvície feminina
Como tudo na vida, os cabelos também passam por um ciclo. Eles nascem, crescem e morrem. Os fios que se soltam dão espaço para que outros possam retomar o processo. Porém, na calvície está sequencia é interrompida, quando eles caem, não crescem nunca mais.
De acordo com o médico Alan Wells, cirurgião plástico e especialista em transplante capilar, a calvície não é uma doença, mas é uma condição genética. “Se já existir um histórico familiar, muito provável que seja passado para outras gerações. Na calvície, os fios vão atrofiando e se soltam do couro cabeludo. Atinge uma porcentagem baixa de mulheres, mas acontece da mesma forma que nos homens, pode ocorrer no início da vida adulta ou quando ficar mais velha. A única diferença, é que nos homens a perda de cabelo começa nas famosas entradas, já para as mulheres, a queda de fios segue a linha de divisão do cabelo, até chegar no topo da cabeça&rdqu o;, explica.
Para quem não tem predisposição genética, fatores emocionais como depressão, ansiedade e estresse são gatilhos para desenvolver alopecia, porém, depende muito da suscetibilidade que a pessoa tiver. “É uma reação autoimune, quando desencadeada por motivos emocionais é uma maneira do corpo dizer que algo está errado e precisa de atenção. Por isso é sempre importante cuidar da saúde como um todo”, detalha Wells.
Espelho, espelho meu
Segundo o especialista, a calvície não tem nenhum outro sintoma além da queda dos fios, e como muitas vezes ela pode acontecer de forma progressiva, a mulher pode levar anos para perceber que, de fato, está ficando calva. A dica é sempre ficar de olho no espelho, analisar os fios, pedir para alguém olhar o couro cabeludo para ficar atenta ao primeiro sinal de anormalidade.
A alopecia não escolhe idade, como depende do gene, pode atingir algumas pessoas de forma mais agressiva e para outras pode ser um processo mais lento. Mas alguns pontos devem ser levados em consideração, como rotina, alimentação, saúde física e emocional. “Os hábitos, principalmente, alimentares, devem ser avaliados, uma refeição rica em nutrientes, por exemplo, é essencial, pois a falta de ferro também pode ser um fator chave para desencadear a queda de cabelo”, conta o especialista.
Se for detectado uma queda de fios fora do comum, é necessário buscar um especialista para entender a causa e possíveis tratamentos. Segundo Wells, normalmente, os pacientes ficam desesperados e buscam alternativas imediatas, acreditando que é a solução. Não é recomendável tomar suplementos vitamínicos ou se automedicar, o primeiro passo é sempre consultar um médico especialista para que ele possa solicitar alguns exames e dar um diagnóstico. “Primeiro fazemos uma análise a olho nu, depois pedimos um tricodermatocospia, por esse exame conseguimos ver o couro cabeludo com uma lupa, e, então, verificamos se os fios estão atrofiando, se tem alguma mancha ou alguma alteração no cabelo, dependendo do caso, pedimos exames de sangue ou uma biópsia. A partir desses exames conseguimos entender o motivo da queda de fios, dar um diagnóstico e indicar um tratamento”, detalha.
Quando a calvície é detectada no início, pode ser receitado o tratamento via oral, mas a paciente deve estar a par de que precisará tomar o remédio sempre, já que se interromper as medicações os fios voltarão a cair. Também existe a possibilidade de um transplante de cabelo, mas esse é indicado apenas para quem está com a calvície estabilizada. “Embora seja mais popular entre os homens, o transplante capilar também é uma alternativa muito interessante para as mulheres que sofrem de calvície, pois proporciona uma solução duradoura. Por se tratar de um procedimento cirúrgico, muitas pacientes se preocupam com as cicatrizes, mas a técnica evoluiu bastante nos últimos anos e não deixa marcas. O método FUE (Folicular Unit Extraction), por exemplo, é bastante arrojado: utiliza fios da pr ópria paciente, de áreas que não sofrem do problema, e são reimplantados no foco da queda, de forma sutil e minimamente invasiva’’, afirma o cirurgião.
Mitos e verdades sobre a calvície
É importante salientar que nem toda queda de cabelo significa que é uma alopecia. Porém, existem algumas recomendações populares para prevenir a calvície que acabam confundindo as pessoas. Na lista abaixo, estão alguns mitos e verdades mais comuns acerca do assunto.