14 de novembro é Dia Mundial da Diabetes: 7 problemas que a doença pode causar e você nem tinha ideia

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Controle da doença com medicações e mudanças na alimentação e no estilo de vida são fundamentais para evitar as más consequências que podem surgir em diversos órgãos, da pele aos rins

 Diabetes é um termo genérico para condições que envolvem níveis elevados de açúcar no sangue. Ela pode ocorrer devido a defeitos na secreção ou na ação do hormônio insulina, que é produzido no pâncreas, pelas chamadas células beta. “A função principal da insulina é promover a entrada de glicose para as células do organismo de forma que ela possa ser utilizada em diversas atividades celulares. A falta da insulina ou um defeito na sua ação resulta, portanto, em acúmulo de glicose no sangue, o que chamamos de hiperglicemia. A condição, quando não controlada, pode trazer consequências negativas para a visão, rins, coração, nervos e membros inferiores, além de provocar desidratação, dificuldade de cicatrização e complicações respiratórias”, explica a médica nutróloga Dra. Marcella Garcez, diretora e professora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN). Abaixo, médicos explicam 7 complicações da doença:

Envelhece a pele: A diabetes tipo 2 pode acelerar o envelhecimento da pele quando não tratado de forma correta, segundo a dermatologista Dra. Mônica Aribi, sócia efetiva da Sociedade Brasileira de Dermatologia, da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica e International Fellow da Academia Americana de Dermatologia. “Isso porque o açúcar pode se ligar a proteínas como a elastina e o colágeno e desestabilizar essas proteínas por um processo chamado de glicação. Como essas proteínas são as responsáveis pela sustentação e elasticidade da pele, esse processo desestrutura esse tecido e com isso temos um envelhecimento precoce”, diz a médica. “O acúmulo de AGEs (espécies avançadas de glicação) gera ação inflamatória e envelhecimento precoce de todo o sistema.

Predispõe queda capilar: Para a queda de cabelo, a diabetes age de forma diferente da maneira como interfere na pele, segundo a Dra. Mônica. “Ela desequilibra o metabolismo e com isso todos os mecanismos fisiológicos do organismo. E um organismo que não funciona bem não tem uma vascularização perfeita e, por consequência, tem pouca nutrição nos tecidos, inclusive no couro cabeludo, podendo causar queda de cabelos”, explica a dermatologista.

Dificulta cicatrizações: A glicose em excesso pode reagir com qualquer proteína, lipídios e até nosso DNA, segundo a cirurgiã plástica Dra. Beatriz Lassance, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e da Isaps (International Society of Aesthetic Plastic Surgery). “E isso atrapalha o funcionamento destas moléculas. Quando temos um processo de cicatrização, é necessária uma orquestra de reações para que os tecidos se reorganizem e reparem aquele trauma sofrido. Isto ocorre em qualquer cirurgia. No diabetes, se não bem controlado, temos glicose de forma crônica em excesso circulando pelo organismo, muitas moléculas glicadas e dificuldade na cicatrização. As células da imunidade podem estar comprometidas, aumentando o risco de infecção, células da pele trabalham de forma mais lenta, o colágeno alterado não permite fechamento adequado das feridas”, diz a Dra. Beatriz. Porém, mesmo com diagnóstico de diabetes, existem vários tratamentos capazes de manter os níveis de glicemia dentro de valores normais e a recuperação de uma cirurgia será exatamente a mesma de um paciente não diabético.

Pode causar ou piorar problemas vasculares: A diabetes pode causar danos diretamente na parede dos vasos sanguíneos. “Esse dano pode surgir por aumento do acúmulo de colesterol, chamado de aterosclerose, ou por um processo chamado glicação proteica, onde o açúcar presente no sangue vai causar um dano inflamatório na parede do vaso. Essas lesões podem acontecer em vasos de diferentes calibres e localizações, o que pode causar danos em diversos órgãos”, diz a cirurgiã vascular Dra. Aline Lamaita, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular. “A primeira seria a oclusão dos vasos bem pequenos, chamados de microangiopatia, que podem levar à falta de circulação na retina levando a cegueira. Já a macroangiopatia seria na parede dos vasos mais calibrosos, que podem causar infarto, derrame e alterações circulatórias nas pernas, o que pode ser causa importante de amputação e dificuldade para caminhada. Tanto a macro como a microangiopatia podem ser regularizadas com um controle adequado da glicose no sangue”, diz a Dra. Aline.

Impacta a fertilidade e a gestação: Segundo o Dr. Rodrigo Rosa, especialista em reprodução humana e diretor clínico da Clínica Mater Prime, diabetes descompensada pode ser causa de infertilidade, de aumento de risco de aborto, de complicações obstétricas com maior incidência de pré-eclâmpsia, parto prematuro, e de distocias (qualquer perturbação no bom andamento do parto), com maior risco de macrossomia (peso maior que 4kg no nascimento) e também com maior risco de hipoglicemia para o bebê ao nascer. “Diabetes controlada com medicamentos ou com insulina, quando a hemoglobina glicada está em níveis adequados, têm pouca relação com a infertilidade. E também depende da causa do diabetes, se é uma endocrinopatia genética, desde a adolescência, que é o tipo 1, ou um diabetes relacionado a hábitos de vida, estilo de vida, quando associados à obesidade, hipertensão por exemplo, aí sim tem maior risco de correlação do diabetes com a infertilidade, mas por múltiplos fatores”, completa o médico.

Oferece danos aos rins: A médica nefrologista e intensivista Dra. Caroline Reigada, também especialista Medicina Interna, explica que a diabetes é uma doença extremamente inflamatória, em que a quantidade exagerada de glicose no sangue é capaz de provocar a hiperfiltração do sangue nos rins (a chamada hiperfiltração glomerular). “Além disso, ela eleva a concentração de produtos de glicosilação (processo no qual açúcares são adicionados em proteínas e lipídios, transformando-os em glicoproteínas e glicolipídeos) avançada, os maiores responsáveis pelas complicações do diabetes. Quando estes produtos ficam ativados pelo sistema único imunológico, aparecem as doenças dos vasos sanguíneos e dos nervos, assim como os prejuízos renais. São as denominadas complicações micro e macrovasculares do diabetes. Ou seja: microvascular – alteração de vasos menores, como dos rins e da retina; e macrovasculares – do coração e dos grandes vasos”, diz a médica. A especialista explica que os rins, órgãos de filtração, contêm justamente muitos vasinhos, principalmente dentro das estruturas chamadas glomérulos, que são os verdadeiros filtros do sangue. “Os glomérulos podem ser muito prejudicados pelo diabetes. Quando isso ocorre, o paciente começa a perder proteína na urina, clinicamente correspondente ao aparecimento de espuma na urina, aumento da pressão arterial e edema (inchaço)”, explica a Dra. Caroline.

Causa problemas orais: Segundo o Prof. Dr. Mario Sergio Giorgi cirurgião-dentista homeopata e Membro da Associação Brasileira de Halitose (ABHA), pessoas que apresentam essa doença podem ter repercussões orais, pois elas têm alto risco para desenvolver problemas bucais como gengivite e periodontite, podendo evoluir comprometendo a saúde geral, pois essas doenças podem alterar o nível glicêmico (nível de açúcar no sangue), provocando problemas de cicatrização e outras alterações que aumentam a probabilidade de processos infecciosos. “Então, para prevenir essas doenças orais o cirurgião-dentista precisa instituir um protocolo de promoção de saúde oral individualizado, adotando uma técnica de higiene oral eficaz, porém, suave. Existem escovas dentais diferenciadas que atendem essas necessidades, com cerdas de Curen, como a escova dental 5460, com cabeça pequena e que o paciente adapta à curvatura do arco dental a fim de alcançar os dentes posteriores quando apresentam limitação da abertura de boca, promovendo assim uma desorganização da placa bacteriana de uma forma muito eficiente. A higiene dos espaços entre os dentes deve priorizar a utilização de escovas interdentais do tipo Prime e com a utilização ensinada e treinada pelo cirurgião-dentista para uma limpeza eficiente. Para uma complementação da desorganização do biofilme na margem gengival, podemos indicar a escova Unitufo 1009 para uma completa e efetiva higienização oral. Para evitar a progressão e agressividade das doenças gengivais, os diabéticos devem redobrar os cuidados com a higiene oral utilizando de cremes dentais enzimáticos como o Enzycal que tem baixa abrasividade e sem o componente químico lauril sulfato de sódio. As visitas preventivas ao cirurgião-dentista devem ser frequentes para o controle da saúde bucal”, finaliza o cirurgião-dentista.

Segundo a Dra. Caroline, o controle do diabetes, que apresenta fácil diagnóstico (um simples exame de sangue), deve objetivar, na maioria dos casos, uma hemoglobina glicada menor que 7%. “Caso você tenha diabetes ou história familiar desta doença, ou ainda, esteja sobrepeso ou obeso, procure seu nefrologista. Lembre-se que o diabetes pode ser uma doença insidiosa. O diagnóstico da pré-diabetes e seu tratamento é a melhor forma de evitar complicações como as renais”, destaca a nefrologista. Para reverter problemas de pele e cicatrização, é necessário melhorar o estilo de vida e a dieta, incluindo mais alimentos como fibras, frutas, verduras, legumes, ervas e especiarias, que contêm antioxidantes importantes, segundo a Dra. Mônica. “Da mesma forma, é importante atentar-se à escolha dos macronutrientes, preferindo gorduras boas, carboidratos de baixo índice glicêmico e proteínas magras na quantidade adequada”, conta a médica.

A Dra. Beatriz Lassance explica que, na diabetes, a Medicina do Estilo de Vida é ainda mais importante. “Dieta adequada, com alimentos que não aumentem a glicemia de forma abrupta, chamados alimentos de baixo índice glicêmico, deve ser seguida à risca, obviamente sempre, mas em período pré-operatório ainda mais importante. O exercício físico melhora a resistência à insulina, ou seja, uma quantidade menor de insulina faz a função de forma mais eficiente”, finaliza a Dra. Beatriz.

FONTES:

*DRA. MARCELLA GARCEZ: Médica Nutróloga, Mestre em Ciências da Saúde pela Escola de Medicina da PUCPR, Diretora da Associação Brasileira de Nutrologia e Docente do Curso Nacional de Nutrologia da ABRAN. A médica é Membro da Câmara Técnica de Nutrologia do CRMPR, Coordenadora da Liga Acadêmica de Nutrologia do Paraná e Pesquisadora em Suplementos Alimentares no Serviço de Nutrologia do Hospital do Servidor Público de São Paulo. Além disso, é membro da Sociedade Brasileira de Medicina Estética e da Sociedade Brasileira para o Estudo do Envelhecimento. Instagram: @dra.marcellagarcez

*DRA. MÔNICA ARIBI: Dermatologista, sócia efetiva da Sociedade Brasileira de Dermatologia, da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica e International Fellow da Academia Americana de Dermatologia. A médica é Mestra em Ciências da Saúde pelo IAMSPE, Membro Internacional da European Academy of Dermatology and Venerology e Coordenadora do Setor de Cosmiatria do Hospital Ipiranga. Precursora em Tecnologias Dermatológicas, Speaker da Medithread para colocação de fios de PDO corporais, também é palestrante nacional e internacional em vários congressos da área de Dermatologia e especialidades afins. CRM: 53.387 | RQE: 35.101. Instagram: @dramonicaaribi

*DRA. BEATRIZ LASSANCE: Cirurgiã Plástica formada na Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e residência em cirurgia plástica na Faculdade de Medicina do ABC. Trabalhou no Onze Lieve Vrouwe Gusthuis – Amsterdam -NL e é Membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, da ISAPS (International Society of Aesthetic Plastic Surgery) e da American Society of Plastic Surgery. Além disso, é membro do American College of LifeStyle Medicine e do Colégio Brasileiro de Medicina do Estilo de Vida. Instagram: @drabeatrizlassance

*DR. RODRIGO ROSA: Ginecologista obstetra especialista em Reprodução Humana e sócio-fundador e diretor clínico da clínica Mater Prime, em São Paulo, e do Mater Lab, laboratório de Reprodução Humana. Membro da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA) e da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH), o médico é graduado pela Escola Paulista de Medicina – Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM). Especialista em reprodução humana, o médico é colaborador do livro “Atlas de Reprodução Humana” da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana. Instagram: @dr.rodrigorosa

*DRA. CAROLINE REIGADA: Médica nefrologista, especialista em Medicina Interna pela Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e em Nefrologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. A médica é especialista em Medicina Intensiva pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira. Formada pela Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro, a Dra. Caroline Reigada participa periodicamente de cursos e congressos, além de ter publicado uma série de trabalhos científicos premiados. Participou do curso “The Brigham Renal Board Review Course” em Harvard. Atualmente é médica do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Instagram: @dracaroline.reigada.nefro

*DRA. ALINE LAMAITA – Cirurgiã vascular, Dra. Aline Lamaita é membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV). Membro da Sociedade Brasileira de Laser em Medicina e Cirurgia, do American College of Phlebology, e do American College of Lifestyle Medicine, a médica é formada pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (2000) e hoje dedica a maior parte do seu tempo à Flebologia (estudo das veias). Curso de Lifestyle Medicine pela Universidade de Harvard (2018). A médica possui título de especialista em Cirurgia Vascular pela Associação Médica Brasileira / Conselho Federal de Medicina. RQE 26557. Instagram: @alinelamaita.vascular