Quais lições a bagagem internacional ensinou para quem voltou a empreender no Brasil

Feira Nacional de Artesanato Virtual
11 de fevereiro de 2021
Primeira marca independente para mulheres 40&50+ traz novo conceito de beleza
11 de fevereiro de 2021

Empreendedores que moraram no exterior traçam paralelo do empreendedorismo fora e dentro do país. Apontam diferenças como a valorização da hora de trabalho e a “cultura do erro”, mas acham que o país tem potencial para florescer ideias inovadoras através da tecnologia

O Brasil é um país considerado um celeiro de grandes ideias e novos negócios. De acordo com o último levantamento Global Entrepreneurship Monitor (GEM), realizado pela Global Entrepreneurship Research Association em parceria com o Sebrae, o país possui mais de 53 milhões de empreendedores. Essas pessoas, em sua grande maioria, estão à frente de micro e pequenos negócios.

Apesar da criatividade e da veia empreendedora do brasileiro, são muitas as dificuldades e desafios que são enfrentados. A burocracia e a falta de acesso a linhas de créditos estão entre os problemas mais citados pelos empreendedores. Além disso, quase 90% das pessoas que se arriscam a tocar o próprio negócio, o fazem porque “os empregos são escassos”, segundo a GEM.

Esse chamado “empreendedorismo por necessidade” faz com que grandes mentes inovadoras saiam do país em busca de oportunidades melhores. Aliado com a vontade de aprender e viver em outra cultura, essa fuga de capital humano acaba fazendo com que o país perca jovens com grande potencial criativo.

Existem, porém, casos de jovens empreendedores que fizeram esse caminho para o exterior e voltaram com uma importante bagagem internacional no mundo dos negócios e, com conhecimento em tecnologia, um dos setores mais emergentes da economia no século XXI.

“O Brasil, como o mundo, ainda tem um déficit grande de desenvolvedores, por exemplo. Além disso, as coisas poderiam ser melhores para os empreendedores, de maneira geral. Só que não dá para dizer que no Brasil tudo é horrível. Nós temos hubs muito bons e um potencial enorme para crescer com a ajuda da tecnologia”, pontua Maucir Nascimento, empresário que morou dez anos na Austrália e empreendeu em vários segmentos diferentes no país da Oceania.

Nascimento, que é cofundador da Speedio, uma plataforma de Big Data para geração de leads B2B e autor do livro “A Volta dos que Foram” – um guia para pessoas que retornam ao país de origem após migração –, pontua que São Paulo e Florianópolis são locais excelentes para a inovação e o empreendedorismo. Ele salienta que vários mercados no Brasil estão somente aguardando projetos disruptivos.

Aprendizados fora da Terra Natal

Nascimento considera que sua vivência fora da Terra Natal foi inestimável. Na década que passou na Austrália, ele abriu uma franquia que chegou a faturar US$ 500 mil no seu segundo ano de operação e ter 25 funcionários, por exemplo. A empresa foi aberta com um capital de cerca de US$ 15 mil que ele e a esposa receberam como presente de casamento antes da viagem.

Nascimento conta que as diferenças culturais de valorização do tempo do profissional fazem com que os brasileiros não se preocupem com o tempo gasto em determinadas atividades no ambiente profissional, o que custa uma perda de produtividade/competitividade às empresas. Um bom exemplo disso são as atividades mais operacionais, que são muito bem remuneradas e reconhecidas lá fora. Enquanto em países de primeiro mundo elas são pensadas para serem integradas dos diferenciais competitivos das organizações, aqui elas são tratadas como dispensáveis.

“Normalmente, o empresário brasileiro não pensa no tempo investido por colaboradores em atividades (sobretudo os da base da pirâmide). Ou seja, não se questiona se os colaboradores estão utilizando as melhores ferramentas para otimizar o trabalho. Isso causa uma perda de produtividade enorme no Brasil, onde a maior parte dos funcionários e atividades estão justamente relacionados à base”, defende.

Em outras empreitadas, Nascimento também chegou a ser diretor de uma instituição financeira e lançar um aplicativo para gerenciar filas em lojas de comida em grandes eventos, além de ser sócio de uma empresa de criação e desenvolvimento de softwares. Em comum, ele cita que todas as suas experiências lhe ensinaram a importância da tecnologia para o mundo corporativo atualmente.

Com histórias diferentes, o empreendedor Diogo Públio, cofundador e CEO da Speedio, afirma que a oportunidade de morar fora do Brasil foi “maravilhosa”. Ele morou nos Estados Unidos, onde realizou um intercâmbio estudantil. Também morou na China, na Espanha e fez um curso na Turquia. Por fim, depois dessas passagens morando fora, ele retornou ao Brasil e logo colocou em prática vários aprendizados e constituiu uma visão ainda mais abrangente de mercado.

“Durante minha experiência nos Estados Unidos, alguns pontos me chamaram a atenção com relação ao empreendedorismo e inovação. O primeiro deles é que, de fato, a inovação está no DNA dos americanos. Existe toda uma cultura de acreditar e traçar um caminho em direção ao que se acredita, mesmo que vá contra as tendências coletivas”, explica o empreendedor.

Segundo Diogo outro ponto interessante é que, nos Estados Unidos, eles possuem a ‘cultura do erro’, ou seja, os americanos aceitam melhor o ato de errar em busca de atingir um objetivo/empreendimento.

Públio foi o criador, por exemplo, do primeiro site de classificados de Feira de Santana (BA). Aos 21 anos, em 2010, ele já havia criado cerca de vinte sites de diversos tipos de serviços, em uma parceria com a Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), instituição onde estudou administração de empresas.

Aposta na tecnologia é essencial para os negócios

Nascimento afirma que a tecnologia é, atualmente, essencial para o empreendedorismo brasileiro. De acordo com ele, com exceção a micro empresas, a utilização de Big Data é um fator que diferencia entre o sucesso e o insucesso. “Quem não está apostando nessa ferramenta está na contramão da história”, diz.

Públio complementa que na cultura popular os “dados são o novo petróleo”. De acordo com ele, essa afirmação significa que a nova economia – chamada de economia digital – se baseia em tecnologia e está pautada no uso de dados e informações que circulam através da internet.

“Eu acho que Big Data é o próximo passo da evolução humana em termos de manipulação e processamento de dados”, afirma o empreendedor. “Trata-se de uma ferramenta que permite, por sua vez, o processamento de dados de uma maneira que nenhum ser humano conseguiria fazer. Um exemplo que ilustra bem a eficácia da tecnologia aplicada ao processamento de dados é o Waze. O sistema é muito mais eficaz e preciso do que qualquer taxista experiente.”, complementa.

Outro ponto interessante que Públio apresenta é sua análise acerca dos investimentos em tecnologia nos Estados Unidos. “Falando em mercado, é muito mais fácil conseguir capital para investimento em terras americanas do que em nosso país. Muita gente lá ganhou dinheiro com empresas como o Google, Apple, entre outras, e foram criadas por pessoas novas que conseguiram investimento. Elas são mais propícias a riscos e usam o dinheiro para investir e não tanto para preservar. Além disso, falamos de uma geração de jovens adultos que entende melhor as demandas de seu público-alvo com o qual existe proximidade de idade. Torna-se uma comunicação mais clara”, explica.

Públio também afirma que, apesar de não estar imune a crises, muito pelo contrário, empresas que possuem soluções digitais robustas podem encarar com melhor desempenho um período de grandes dificuldades. Ele exemplifica a atual crise causada pela pandemia do coronavírus, que levou muitas empresas à falência e fez outros empreendimentos lucrarem mais do que nos últimos anos. Entre as empresas que ganharam dinheiro estão gigantes do setor tech, como Google, Amazon e Facebook. “Isso é explicado pelas soluções disruptivas e boa governança de dados que esses empreendimentos normalmente possuem”, argumenta.

O empreendedor também cita que, entre março e junho, período logo após a declaração de pandemia, a Speedio teve uma queda no faturamento de 19%. A partir de julho, porém, a empresa conseguiu um crescimento médio mensal de 11%. A geração de receita, inclusive, chegou a ser maior do que nos períodos pré-pandemia em 2019. Em um cálculo de 18 meses, o faturamento recorrente da empresa cresceu 856% e o número de usuários pagantes do serviço de prospecção ativa/marketing outbound aumentou 76%.

“O uso da tecnologia nos oferece a possibilidade de enxergar o mundo de maneira diferente, oferecendo as pessoas novas ferramentas de trabalho, formas de consumo e lazer que elas não tinham imaginado antes. Daqui alguns anos, utilizar tecnologia será tão essencial para os empreendedores quanto um celular é essencial para a comunicação das pessoas” finaliza.

Por fim, Públio apresenta sua conclusão sobre o ato de empreender na juventude. “Em qualquer lugar do mundo, mas principalmente em nosso país é importante estimular os jovens trazendo exemplos. Honestamente, não acho que deixar de empreender por falta de investimento seja um argumento totalmente válido e, sim, que a paixão e a garra ao perseguir um sonho precisam ser mais fortes e estar mais enraizadas. Quando tivermos a cultura da pessoa seguir o que acredita e estimular isso, a gente chega em outro patamar”, finaliza o empreendedor.

Sobre a Speedio

A Speedio é uma plataforma de Big Data para geração de leads B2B que tem como missão facilitar o trabalho de prospecção ativa/marketing outbound. A empresa utiliza ferramentas como Big Data, Inteligência Artificial e robôs (crawlers) para captar, analisar e validar as informações.

O banco de dados da Speedio possui informações de milhões de empresas instaladas no Brasil. Ao todo, são mais de 70 filtros, com informações como atividade, localização, porte, número de colaboradores, faturamento real e estimado, telefones, e-mails e mais.

Através do sistema de Inteligência Comercial fornecido pela Speedio os departamentos de vendas das empresas podem encontrar mais rapidamente os decisores e focar em vender.

Acesse: https://www.speedio.com.br/

https://www.facebook.com/speediobr

https://www.instagram.com/speediobr/

https://www.linkedin.com/company/speed-io/

Sobre: Diogo Públio:

Cursou Ciência da Computação na University of California, San Diego;

Bacharel em Administração de empresas pela ESPM;

Fundador da Speedio, plataforma de Big Data e IA para geração de leads B2B;

Especialista em Big Data;

Certificado em Marketing Neural e Social pela Universidade Boğaziçi, na Turquia;

Especializações na Universidade de Salamanca, Espanha e Universidade de Relações Internacionais de Pequim, China.

Sobre: Maucir Nascimento:

Bacharel em Marketing pela UNIFACS; Especialista em Growth, Marketing e Vendas; Empreendedor serial no Brasil e na Austrália, com atuação em diversas áreas e ênfase no setor de tecnologia; Cofundador da Speedio, plataforma de Big Data e IA para geração de leads B2B; Autor do livro “A Volta dos que Foram”, um guia para pessoas que retornam ao país de origem após migração.

Pixabay