Poluente onipresente, encontrado de cosméticos a alimentos, desregula tireoide e afeta fertilidade, diz estudo

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A exposição repetida a fenóis químicos específicos encontrados em itens do dia a dia, como brinquedos, protetores solares, produtos odontológicos, embalagens de alimentos e conservantes de alimentos, pode interromper o equilíbrio hormonal do corpo, levando a efeitos adversos como a infertilidade

Em todo lugar e ao mesmo tempo. Ninguém está imune à exposição a poluentes na atmosfera que podem afetar o sistema endócrino! No entanto, esses materiais tóxicos, chamados de desreguladores endócrinos, também podem estar presentes em uma série de itens básicos de consumo. Os fenóis, por exemplo, são poluentes que estão em brinquedos, protetores solares, produtos odontológicos, embalagens de alimentos e conservantes de alimentos. Um estudo liderado por investigadores do Brigham and Women’s Hospital, publicado em junho, revelou múltiplas associações entre a presença de biomarcadores de fenol e medições alteradas de hormônio tireoidiano entre mulheres que procuram cuidados de fertilidade. “A fertilidade depende crucialmente da manutenção de uma harmonia constante de hormônios dentro do corpo. Interrupções nesses níveis podem ocorrer a partir de fontes externas, particularmente exposição a riscos ambientais. Os produtos químicos presentes em itens de consumo podem afetar os hormônios da tireoide, o que pode ter consequências para a saúde reprodutiva e dificultar a concepção de um bebê”, alerta o Dr. Rodrigo Rosa, médico especialista em reprodução humana e diretor clínico da Clínica Mater Prime, em São Paulo.

O médico explica que a tireoide hipoativa (hipotireoidismo) pode causar ciclos menstruais irregulares e outros problemas com a menstruação, afetando a fertilidade. “A tireoide hiperativa (hipertireoidismo), juntamente com a tireoide hipoativa, atrapalha a ovulação, o processo no qual um óvulo é liberado para ser fertilizado. Se nenhum óvulo for liberado, não é possível engravidar”, diz o Dr. Rodrigo.

O estudo analisou 339 mulheres que procuravam atendimento em uma clínica de fertilidade. A equipe avaliou as concentrações urinárias para biomarcadores de fenol e amostras de soro para marcadores moleculares de função tireoidiana e autoimunidade tireoidiana. Vários métodos estatísticos foram usados para avaliar a influência combinada desses biomarcadores nos níveis da tireoide.

Ao avaliar as combinações simultâneas de produtos químicos, os pesquisadores conseguiram capturar com mais precisão os efeitos do mundo real, pois os humanos são expostos a centenas de produtos químicos ao mesmo tempo, não apenas um por um. “Os pesquisadores observaram que a presença de bisfenol A urinário, metilparabeno e triclosan também estava associada a níveis alterados de hormônios da tireoide, e alguns deles eram sugestivos de doenças da tireoide, incluindo hipotireoidismo. Todos esses fenóis podem ser encontrados em produtos de consumo”, diz o médico. “Este estudo é particularmente único em seu foco em mulheres cuja fertilidade é abaixo do ideal, que demonstraram ter maior risco de doenças da tireoide”, diz o Dr. Rodrigo Rosa. “Pesquisas anteriores demonstraram que mulheres com hormônios tireoidianos alterados tinham menor reserva ovariana, medida como diminuição da contagem de folículos antrais, locais onde o óvulo se desenvolve durante o ciclo menstrual”, explica.

Como se proteger dos poluentes onipresentes

Como esses poluentes estão presentes em conservantes de alimentos, o ideal é apostar em uma dieta mais natural e variada possível. “Mesmo com o consumo de alimentos in natura, devemos lembrar aquela recomendação importante de lavar frutas e legumes por causa dos produtos químicos que podem ter sido pulverizados sobre eles. Os disruptores endócrinos também estão presentes no material usado para revestir o interior das latas de alimentos, bem como nas embalagens plásticas de alimentos. Portanto, sempre que possível, é melhor evitar alimentos processados ou pré-embalados. Leia também os rótulos de todos os produtos alimentícios e evite aqueles com certos aditivos, conservantes e agentes antibacterianos”, explica o médico.

Também na alimentação, é necessário lembrar que alimentos quentes e recipientes de plástico não combinam. “Esses recipientes são absorvidos pelos alimentos quando aquecidos. Em vez disso, aqueça sua comida em porcelana ou vidro – e cubra seus pratos com uma toalha de papel ou prato. Também é importante ter em mente que os recipientes de plástico que são anunciados como “livres de BPA” podem conter outros EDCs, como o BPS (bisfenol S), que pode ser igualmente prejudicial”, alerta o especialista.

Já com relação aos produtos de cuidados pessoais, o Dr. Rodrigo enfatiza que os cosméticos utilizados não devem ter parabenos. “Os produtos de higiene pessoal sem parabenos estão cada vez mais disponíveis nas prateleiras dos supermercados, com declarações claras como ‘sem parabenos’ no item, para que os consumidores não precisem perder tempo decifrando a longa lista de ingredientes”, finaliza o médico.

FONTE:

*DR. RODRIGO ROSA: Ginecologista obstetra especialista em Reprodução Humana e sócio-fundador e diretor clínico da clínica Mater Prime, em São Paulo, e do Mater Lab, laboratório de Reprodução Humana. Membro da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA) e da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH), o médico é graduado pela Escola Paulista de Medicina – Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM). Especialista em reprodução humana, o médico é colaborador do livro “Atlas de Reprodução Humana” da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana. Instagram: @dr.rodrigorosa

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