Esporte da mente, o poker conquista cada vez mais espaço no Brasil e ensina lições para quem precisa tomar decisões sob pressão, liderar equipes e gerir riscos

Mais do que um simples jogo de cartas, o poker é atualmente reconhecido como um esporte da mente, com selo oficial da International Mind Sports Association (IMSA) desde 2024. Esta nova categoria reforça o que os jogadores já afirmam há anos: o poker exige raciocínio lógico, leitura de cenário, cálculo de riscos e controle emocional — habilidades que vão muito além da sorte.

Ao contrário do estigma de jogo de aposta, o poker se consolidou como uma prática estratégica, mentalmente desafiadora e alinhada às competências exigidas em ambientes de alta performance. Não por acaso, empresários, investidores e atletas famosos, como Neymar, Memphis Depay e Michael Phelps, são ou foram adeptos da modalidade. É uma forma de desenvolver capacidades cognitivas e comportamentais, intimamente ligadas ao sucesso na carreira.

No Brasil, o esporte também vem ganhando força além do circuito profissional. O país já soma mais de 7 milhões de jogadores, de acordo com a Confederação Brasileira de Texas Hold’em (CBTH), e atualmente sedia a Federação Mundial do Poker, entidade com membros em 54 países, distribuídos por cinco continentes.

A seguir, veja algumas habilidades do poker que também podem ser levadas para o ambiente corporativo:

  1. Tomada de decisão sob pressão e leitura de comportamento

No poker, decisões precisam ser tomadas em poucos segundos, muitas vezes sem todas as informações disponíveis. O que exige controle emocional, foco e atenção a pequenos sinais: um gesto, uma hesitação. Para quem lidera equipes ou empreende, essa é a principal habilidade. Lidar com prazos, crises e situações inesperadas requer não só agir rápido, mas também entender o comportamento de clientes, concorrentes ou colaboradores, mesmo quando eles não dizem tudo de forma explícita.

  1. Leitura de cenário e análise de risco

Cada mão no poker é um exercício de análise: quais são as chances de vitória? O que os outros jogadores podem ter? Vale a pena continuar ou recuar agora para avançar depois? Essa lógica se conecta diretamente com decisões estratégicas no mundo corporativo.

Avaliar tendências de mercado, antecipar movimentos da concorrência e encontrar o melhor ponto de equilíbrio entre risco e retorno são práticas que fazem parte tanto da mesa de poker quanto da gestão de um negócio.

  1. Inteligência emocional e autocontrole

A expressão “não dar tells”, isto é, não demonstrar emoções que revelem sua mão, resume bem o autocontrole no poker. Jogadores experientes sabem que não podem se deixar levar por impulsos: é preciso manter-se praticamente imóvel, evitando qualquer reação que denuncie o que estão segurando. O mesmo vale para líderes e profissionais de alta performance, que precisam manter a calma e o foco em situações de pressão, conflito ou crise.

  1. Resiliência e gestão de perdas

Nem sempre se ganha no poker, nem no mercado. Saber perder, aprender com os erros e seguir em frente são habilidades tanto para jogadores quanto para executivos. O poker ensina que cada decisão correta é mais importante que o resultado isolado, e que consistência, mais do que sorte, é o que leva à vitória no longo prazo.

  1. Visão estratégica e pensamento de longo prazo

Um bom jogador não pensa só na rodada atual: ele projeta o que pode acontecer nas próximas jogadas. A mentalidade que avalia riscos e oportunidades com visão ampla e planejamento é uma das mais valorizadas nos ambientes corporativos. No poker, como nos negócios, vencer requer planejamento, adaptação e visão de futuro, e não apenas investimento monetário.

  1. Superação e desempenho cognitivo

O poker tem sido cada vez mais estudado por seus benefícios cognitivos e neurológicos. Pesquisas indicam que jogar poker com regularidade poderia reduzir em até 50% o risco de desenvolver doenças como Alzheimer e demência na terceira idade. Jeffrey Cummings, pesquisador da Universidade de Nevada, aponta que a estimulação mental durante o jogo e o senso de propósito ajudam a diminuir esse risco.

Claudia Rodrigues, famosa por sua trajetória no humor e na televisão, hoje é também uma entusiasta do jogo. Mesmo com limitações motoras e de memória causadas pela esclerose múltipla, ela joga regularmente e já chegou à mesa final de torneios presenciais. “Na mesa, eu sou a Cláudia jogadora. E ninguém me trata diferente. Isso me faz querer ir além”, diz.

“O poker ensina a lidar com riscos, com perdas, com a pressão. É um treino mental completo, que desenvolve o raciocínio estratégico e a inteligência emocional. Por isso, vemos cada vez mais pessoas do mundo dos negócios se aproximando do jogo”, explica Devanir Campos, Co-CEO do BSOP.

foto: Banco de imagens

Somos um veiculo de comunicação. As informações aqui postadas são de responsabilidade total de quem nos enviou.