A autora e psicóloga Beatriz Cortes fala sobre a pressão em atletas Olímpicos
O transtorno do pânico é considerado, atualmente, o mal do século, onde pelo menos 3% da população sofre com seus sintomas. Por ser caracterizado como uma doença crônica e ter suas manifestações clínicas ataques de pânicos distintos, pode ser confundida com outras doenças, observando assim a importância de um diagnóstico precoce para melhor eficácia do tratamento. A Associação Brasileira de Psiquiatria conceitua Transtorno do pânico como um transtorno de ansiedade que tem como característica a presença de três síndromes: a esquiva fóbica, o ataque de pânico e a ansiedade antecipatória. Esse transtorno é caracterizado por uma sensação de medo que produz sintomas cognitivos e físicos, iniciados de forma inesperada, aumentando sua intensidade em dez minutos. Portanto, esses ataques promovem uma maior preocupação no sujeito que foi afetado, modificando comportamentos no tocante à possibilidade de novos ataques.
Os sintomas mais comuns são: sudorese; sufocamento; náuseas; falta de ar; sensação de vertigem e asfixia; sensação de desmaio; palpitações; tremores; despersonalização; formigamento; anestesia; medo de morrer; medo de enlouquecer; ondas de calor ou frio; dor ou desconforto no peito.
Antes do diagnóstico (que, muitas vezes, leva tempo para ser fechado), o paciente com TP visita constantemente as emergências médicas e procura uma causa orgânica para o que ele está sentindo. Por isso, é de extrema importância que os médicos estejam familiarizados com os sintomas e os critérios desse transtorno, principalmente para avaliar se é um ataque isolado ou a síndrome completa e saber diferenciar de outros transtornos de ansiedade.
Ao contrário do que se acredita, o esporte não é apenas um lugar de saúde, este também é um ambiente como outro qualquer na sociedade, onde pode ocorrer transtornos de humor, pânico e de autoimagem. Tendo em vista que os fatores que provocam esse estado são biopsicossociais, no âmbito esportivo ele tem se tornado cada vez mais frequente. Nesse meio, o estresse é considerado o principal estimulador do pânico, já que esses atletas, frente a uma competição de grande porte, sofrem de muita ansiedade, medo e pressão, tanto de si mesmo, dos seus treinadores ou da população. Por conseguinte, se um atleta sofre de síndrome do pânico cada sentimento natural do cotidiano desse atleta é potencializado, gerando um grande sofrimento. Os atletas, na maioria dos casos, demoram para procurar ajuda por entenderem que essas crises demonstram um sinal de fraqueza, agravando-se, assim, os sintomas. Em muitos casos, os atletas permanecessem sofrendo sem falar sobre o assunto durante muito tempo, temendo o resultado.
Existem diversos casos no Brasil de atletas que sofrem desse transtorno e, muitas vezes, ninguém fala sobre isso. Mirella Coutinho, uma atleta de 21 anos do polo aquático, é uma jovem que sofreu a pressão do esporte, das competições e das Olimpíadas e, por muito tempo, se manteve calada. Depois de muito tentar, optou por viver uma vida mais tranquila para seu tratamento, usando o esporte agora como um lazer, e não mais como uma obrigação. Teve total apoio de sua família, de sua equipe e dos seus treinadores.
Em Aonde quer que eu vá, Ester é uma ginasta que sofre toda a pressão de um campeonato mundial e, por consequência a isso, toda sua vida pessoal é afetada. Como entender o que está acontecendo consigo mesma quando você precisa dar conta de tantas outras coisas, em meio a tantas responsabilidades? O livro é ambientado nesse universo com o propósito de falar um pouco sobre a vida desses atletas atrás das câmeras e dos eventos populares, sobre seus sofrimentos e ansiedades. Ao descobrir que sofre de Transtorno do Pânico, Ester precisa aprender a lidar com a doença e, principalmente, entender que sua saúde mental é tão importante quanto sua saúde física.
A competição é algo que, naturalmente, já traz estresse e pressão na vida desses atletas, alguns conseguem lidar com isso de uma forma saudável, outros até desistem de sua carreira por não conseguirem superar as derrotas ou as exigências que lhe são impostas. O esporte possui desafios diários que esses atletas precisam superar e, muitas vezes, o não conseguir é visto como um fracasso desanimador. A incapacidade de lidar com essa pressão pode vir a gerar sintomas específicos desse transtorno. Os atletas olímpicos possuem uma rotina exaustiva de treinos e competições e o estresse é muito comum, porém, quando não se consegue lidar de forma saudável com essa pressão a que são submetidos, os sintomas de ansiedade se iniciam. O esporte deve e pode ser aproveitado de forma sadia, porém, precisa-se entender como o organismo responde a esses eventos, estando sempre atento ao próprio limite a que é exposto.
SOBRE A AUTORA Beatriz Cortes é uma autora jovem pronta para transformar suas ideias e sentimentos em páginas de livros. Psicóloga, com 23 anos e nascida no interior do Rio de Janeiro, em meio a grande variedade de livros disponíveis no mercado, Beatriz Cortes faz parte de uma geração que se orgulha de poder contribuir para o crescimento e fortalecimento da literatura nacional. Leitora assídua desde a infância, a jovem é a autora de três livros publicados pela Novo Século Editora em seu selo principal, O outro lado da memória, Por uma questão de amor e Aonde quer que eu vá, romances que são capazes de emocionar leitores de todas as idades. Em Meu doce azar, a autora se desafia em um novo estilo, prometendo discutir com bom humor o importante papel da mulher na sociedade.
(Fernando Frazão/Agência Brasil)