Casa é a primeira de Curitiba a receber a certificação de sustentabilidade GBC,
reconhecida internacionalmente
A primeira edição da Mostra Container, que acontece em Curitiba no Paraná abre as
portas em agosto para mostrar o resultado de um trabalho que vem sendo desenvolvido
desde 2015. Mais de trinta profissionais da arquitetura e design abraçaram a causa:
projetar uma casa dentro das noções de sustentabilidade e consciência ambiental. Os 23
ambientes que compõem a casa se distribuem em 375 m² e dois setores: área de viver e
estar no térreo e área de criar no primeiro andar.
Tatiana Hultmann Stavitzki, idealizadora do projeto e coordenadora geral da Mostra
Container, explica que o objetivo é mostrar que é possível buscar alternativas mais
viáveis, do ponto de vista da sustentabilidade, no setor da construção civil. Além disso,
a casa também tem sido uma grande escola. “Durante esses três anos, os arquitetos e
designers puderam desenvolver suas aptidões em construção sustentável, por meio de
cursos oferecidos. Também foram feitas palestras em universidades do Paraná sobre o
assunto e mais de dois mil alunos já tiveram a chance de conhecer e aprender com a
ideia. Nosso grande intuito é contribuir para mudar a consciência das pessoas sobre a
sua forma de viver e construir; precisamos nos unir e encontrar soluções para o
problema do uso indevido de recursos naturais, estar alinhados com a visão 2050, para
um mundo melhor”.
A casa que abriga a Mostra Container é a primeira de Curitiba a receber o selo
sustentável na modalidade Casa da GBC Brasil (Green Build Council), uma certificação
de sustentabilidade reconhecida internacionalmente. Além disso, é a primeira CASA de
container e steel frame do Brasil a receber esse tipo de certificação. A GBC considera
critérios de inovação, liderança, responsabilidade social e gestão ambiental.
Recursos
Além de ser construída predominantemente em container, a casa também adota o
método construtivo steel frame, que se caracteriza por gerar menos resíduos do que as
construções tradicionais. “De acordo com documento oficial da visão 2050 do Brasil, o
setor da construção civil é um dos maiores consumidores de energia e recursos
naturais. Sua cadeia produtiva é responsável por 75% da extração desses recursos,
entre água, madeira e minerais, gerando cerca de 50% dos resíduos sólidos urbanos e o
desperdício dos materiais pode chegar a 40%; por isso é preciso repensar a forma de
projetar e construir e adotar métodos alternativos e funcionais”, explica Tatiana.
Mais de 20% da energia elétrica utilizada é produzida na própria casa, por meio de
painéis fotovoltaicos. Além disso, outras medidas foram adotadas, como o
aproveitamento da luz natural com a instalação de grandes janelas, eletrodomésticos e
lâmpadas mais eficientes, conjunto que proporciona uma economia de mais de 30%.
Há também um sistema de aproveitamento de água da chuva, que é captada pelo
telhado, tratada e abastece duas bacias sanitárias, sendo uma delas convertida para a
limpeza geral da casa.
Os ambientes:
1. Espaço Zen
O desafio do arquiteto Luiz Maingué foi projetar um ambiente de contemplação e fuga do
estresse do dia a dia. Foi inspirado nos jardins japoneses e explora o contraste entre o preto e
o branco e entre essas duas cores, os elementos da natureza no entorno. Uma cisterna vertical
de 4 metros foi colocada para captar as águas pluviais e redistribuir para uso na casa. Também
há um sistema de irrigação automatizado, para garantir que as plantas do jardim estejam
sempre saudáveis.
Foto Tati Hultmann
2 e 3. Sala de Jantar e Estar
Esse ambiente é a soma do esforço coletivo da artista Tatiana Hultmann Stavitzki, da
engenheira Nazaré Alves, do designer Jonathan Cardozo, da arquiteta Priscila Ferstemberg e
da designer Mauren Buest. O resultado foi uma sala ampla, integrada (a porta do container que
se abre favorece essa integração), com iluminação automatizada que permite diferentes
cenários. Na porta principal de acesso feita de aço, há um sensor para identificação das digitais
e, na área de circulação, há sistema de energia emergencial que é acionado por controle
remoto e celular. O espaço foi projetado com base em 3 “A”s: Amor, Amizade e Arte. Destaque
para a imponente lareira modelo europeu que traz o aconchego para uma noite perfeita entre
amigos, a mesa de laca oval que dá fluidez e movimento à sala de jantar, às amplas janelas
que integram a sala com o bosque e às obras de arte de renomados artistas que estão
expostas em todo o ambiente.
Foto Leticia Akemi
4. Lavabo
O segundo espaço projetado pelo arquiteto Givago Ferentz aposta em uma arquitetura mais
sofisticada. Com porcelanatos que imitam mármore preto revestindo todas as paredes e o piso
gerando formas geométricas que reforçam os conceitos do projeto. A louça sanitária preta e os
detalhes em inox trazem mas um toque de sofisticação e sobriedade.
Foto Leticia Akemi
5. Cozinha
A arquiteta Daniela Cerbatto e a designer Claudia Novak partem do princípio de que a cozinha
é o coração da casa, por isso, o projeto também foi pensado para a convivência. A sofisticação
se faz presente em detalhes como a escolha da paleta de cores e pelo tampo da bancada em
Mármore Paraná, mas sem deixar de lado a funcionalidade. As profissionais apostaram no
estilo minimalista escandinavo e em cores neutras.
Foto Leticia Akemi
6 e 7. Copa e Churrasqueira
O conceito desse espaço de convivência, assinado pelo arquiteto Givago Ferentz é justamente
promover a interação da família e convidados e fortalecer as conexões interpessoais. O
ambiente possui uma mescla de características urbanas com elementos contemporâneos e
industriais. A estrutura aparente do container foi mantida para valorizar a proposta e as
luminárias de LED criam uma iluminação cênica e ao mesmo tempo sustentável. O mobiliário
100% autoral foi especialmente desenvolvido para a Mostra Container 2018.Grandes janelas de
vidro permitem a abertura ou fechamento total da lateral da churrasqueira.
Foto Tati Hultmann
8. Sala Íntima
Assinada pelas designers Schaelly Campos e Mauren Buest, a sala íntima traz móveis
multifuncionais projetados especialmente para a mostra a partir de matérias-primas de descarte
da indústria moveleira. A composição das portas em “escama de peixe”, o baú escondido no
armário e o sofá extensível que se transforma em uma grande área de descanso para a família
são os destaques deste espaço acolhedor que traz em seu conceito a integração entre os
elementos da natureza.
Foto Leticia Akemi
9. Suíte dos Meninos Viajantes
Projeto dos arquitetos Rafael Wagner e Débora Pootz, a suíte teve a diversão como principal
inspiração. Com a lembrança nos antigos trens de passageiros e suas charmosas cabines, o
destaque é o grande beliche, com suas camas embutidas e espaço superior com futons para
muitas brincadeiras. A proposta foi pensada para que o ambiente não precise de grandes
mudanças ao longo do tempo, acompanhando o crescimento dos meninos, com camas no
tamanho padrão e mesas soltas encaixadas no armário e abaixo da bancada, com alturas
diferentes. Uma grande área livre central foi deixada propositalmente, para que o quarto seja
também um amplo espaço de brincadeiras, reunião de amigos e exercício da criatividade.
Foto Tati Hultmann
10. Banheiro dos Meninos
Pensando na viabilidade sustentável e financeira, as arquitetas Lucille Amaral e Kelly Trindade
apostaram em elementos lúdicos dentro de nichos que podem ser transformados facilmente
conforme as crianças avançarem para as próximas etapas da vida. A ousadia fica por conta da
mistura de materiais: concreto, pedra, vidro e de cores: preto e cinza com azul bic. Com a
temática de trem, foi colocado um trilho no teto, que se destaca no ambiente.
Foto Tati Hultmann
11. Quarto da Adolescente
O quarto despojado foi projetado pela arquiteta Gisela Ribeiro, com apoio na execução da
engenheira Nazaré Alves. A ideia foi trabalhar com uma linguagem contemporânea de linhas
puras e tons neutros e deixar o ambiente versátil, podendo ser um ambiente de descanso,
estudos e relaxamento. A escolha foi por móveis funcionais: a minibiblioteca vira uma cama
auxiliar e o móvel de apoio foi estofado para virar um banco, que pode ser usado para estudar
ou receber pessoas. Destaque para o papel de parede líquido, um produto ecológico.
Foto Tati Hultmann
12. Banheiro Teen
Beleza: é com essa palavra que a arquiteta Tatiana Merheb Jordão define seu ambiente para a
Mostra Container. Entre os principais diferenciais estão a bancada em L em compacstone que
garante melhor aproveitamento do espaço, espelho em toda a sua extensão e um seat Garden,
que funciona como uma área de beleza e higiene pessoal. A cartela de cores se baseia no
estilo contemporâneo que o projeto segue e também em um estudo de Feng Shui. O resultado
é um ambiente de base neutra com cores apenas em detalhes, como os quadros.
Foto Eros Munari
13 e 14. Refúgio do Casal – Suíte Master e Closet
Móveis de madeira para trazer aconchego, design leve e estilo contemporâneo, esses foram os
ingredientes usados pela arquiteta Mayana Thomé no quarto do casal. O papel de parede
líquido é um dos elementos que se sobressaem no closet: o produto é ecológico, 100% natural
e funciona como isolante acústico, além de ser antialérgico. Outra peça fundamental é a lareira
ecológica, que não libera fuligem, odor ou fumaça e utiliza etanol no acendimento.
Foto Gustavo Queiroz
15. Banheiro do Bosque
Com projeto assinado pelos arquitetos Mirian Rodrigues e Diego Viali, o banheiro do bosque
conecta elementos clássicos, modernos e industriais e cria uma atmosfera que remete à
energia e bem-estar proporcionados pela natureza. Pensando em funcionalidade, o projeto
possui assento ecológico tecnológico, além de um jardim vertical automatizado. A
sustentabilidade associada aos produtos de alto padrão trouxe requinte e sofisticação, sem
esquecer a funcionalidade e a praticidade da vida moderna.
Foto Leticia Akemi
17. Lavanderia
Fugindo do óbvio, as arquitetas Milene Guerke Vieites Gil e Ana Paula Leal e a designer Anna
Karolinna Venturi buscaram inspiração nos metrôs de Londres e de New York para compor a
lavanderia. Por isso, a paleta de cores privilegia cores mais urbanas como o concreto e o azul
escuro, por exemplo, mostrando que mesmo uma área de serviço pode ter muita
personalidade.
Foto Eros Munari
18. Banheiro Acessibilidade
O banheiro assinado pela arquiteta Caroline da Güral Arq.© atende aos requisitos da NBR
9050, possibilitando o uso à PcD. A ideia chave do espaço é oferecer uma arquitetura inclusiva,
que facilite e surpreenda os sentidos do usuário. O uso de cores, texturas e elementos táteis
tornam o ambiente surpreendente, porque fazem o projeto fugir do padrão visual mais usual em
banheiros de acessibilidade. Para valorizar os artistas e empresas curitibanas, algumas obras
de arte foram desenvolvidas exclusivamente para o local, onde o painel que cobre todo o teto é
um dos destaques.
Foto Tati Hultmann
19. Escada e casinha Pet Lovers
Com projeto da artista plástica Tatiana Hultmann Stavitzki, a escada é um dos ambientes que
compõem a mostra. A cor desse espaço foi inspirada na Pantone 2018, mas em um tom de
violeta mais claro. A madeira utilizada na escada é nobre e possui certificado de origem
florestal e a iluminação da Phillips Hue é dimerizável e controlada pelo celular ou pela
assistente Alexa que interage em diversos espaços da casa. O destaque vai para os quadros
na parede que ladeia a escada, contando a história da Mostra Container e ilustrando seus
princípios. Ela é o elemento de transição entre o “viver e estar” e a área de “criar” e deve ser
subida devagar, devido a diferença de energia entre os andares e o deslocamento da
volumetria percebida pelas técnicas de Feng Shui. Debaixo da escada existe um espaço para a
mascote da casa, super confortável, delicado e uma pequena adega de vinhos.
Foto Tati Hultmann
20. Biblioteca e Home Office
Com o objetivo principal de unir funcionalidade e estética, a designer de interiores esloênia
Nina Oven e a arquiteta Paola Burkot conseguiram, em um espaço de 12 m² acomodar um
grande acervo de livros, inserir uma imponente estante metálica que deu mais personalidade
ao projeto, criar um espaço para meditação, colocar uma mesa de trabalho que pode ser
movida e encaixada, liberando espaço, e ainda uma área para armazenar documentos e fotos
da família.
Foto Tati Hultmann
21. Studio do Cineasta
O espaço assinado pela arquiteta Lucille Amaral deveria se transformar em um ambiente que
estimulasse a concentração e a criatividade. Para isso, a grande janela se abre para a
paisagem, integrando o interior com a natureza. A bancada de madeira maciça foi feita com um
tronco que caiu naturalmente, sem impactar o meio ambiente. Portas com fechadura eletrônica,
que abrem somente por digital, foram instaladas nesse cômodo que guarda equipamentos de
trabalho do morador.
Foto Gustavo Queiroz
22. Ateliê e Brinquedoteca Multifuncional
Projetado pela arquiteta Lucia Loxca que é a primeira refugiada Síria a se graduar no Brasil e
pela MSc arquiteta Carolene Coimbra, o ateliê e brinquedoteca de 20 m² é multifuncional,
dividido em quatro setores: área de diversão, de estudos, de lazer e quarto de hóspedes. As
cores são o destaque do ambiente, especialmente o amarelo citrino. A etapa da marcenaria
utilizou um software que evita o desperdício de material. Para economizar energia elétrica, foi
criada uma linha única iluminando todo o espaço de um canto ao outro com trilhos de LED e
duas amplas janelas. O sofá pode ser transformado em cama de casal ou em duas camas de
solteiro, adaptando-se ao uso do espaço.
Foto Gustavo Queiroz
23. Banheiro Tech
O designer Jonathan Cardozo prova que é possível mesclar a natureza com uma inspiração
bem futurista nesse banheiro tech. Os recortes nas paredes e forro para inserção da
iluminação e as plotagens em tons de azul, especialmente a da parede que tem uma
perspectiva de profundidade são os elementos que mais reforçam esse estilo do futuro! Além
disso, o projeto contempla um espelho em formato redondo e posicionado assimetricamente
em relação ao todo, criando um ambiente impactante.
Foto Tati Hultmann
24. Sala de TV da Família
O arquiteto Zeh Pantarolli e o designer Diego Miranda Leite projetaram uma sala de 30 m², em
que a iluminação cria uma atmosfera clean e aconchegante. As texturas dos xales a almofadas
reforçam esse clima de conforto e as cores baseadas no Feng Shui garantem equilíbrio e
harmonia. Também na sala, foi colocada uma bancada para funcionar como um mini escritório.
Todos os materiais do espaço estão alinhados aos critérios da certificação GBC. O espaço
integra-se totalmente a uma área de varanda delicada e funcional.
Foto Tati Hultmann
25. Varanda do Bosque
Também assinada por Zeh Pantarolli e Diego Miranda Leite, a varanda é um espaço de
contemplação, pensada para que o morador tenha conforto ao admirar a vista do bosque. Para
conseguir esse efeito, foram priorizados os elementos em madeira e tons terrosos.
Foto Tati Hultmann
Fachada e lateral
Também projetada pela artista Tatiana Hultmann Stavitzki com participação e consultoria de
Felipe Guerra, do engenheiro mecânico Fabiano Marcon e do escritório Jessika Bona
arquitetura, a fachada simétrica em tom cinza segue a proposta minimalista e, de fora, não
revela que a estrutura da casa é em container. Já a fachada lateral, em frente ao bosque,
mostra os containers em tom gelo, deslocados e toda a volumetria proposta, e é o primeiro
impacto para quem avista a residência na entrada do condomínio. Ou seja, a fachada
consegue ser clean e conceitual ao mesmo tempo.
Foto Tati Hultmann
Paisagismo
A arquiteta e paisagista Heloisa Caparica assina o paisagismo da Mostra Container. As plantas
típicas da região e perenes, com bastante folhagem verde são predominantes, o que tornou o
jardim funcional, já que elas apresentam resistência às baixas temperaturas e exigem baixa
manutenção. O uso de lavandas, arruda e alecrim afasta pequenos insetos indesejados do
entorno da casa, enquanto a pequena horta de temperos e vegetais cresce tranquila no jardim
dos fundos. Manacás trazem cores e o perfume do jasmim exala próximo à varanda do quarto
do casal. O jardim conversa com os demais ambientes, e se integra harmoniosamente ao
bosque nativo que possui mais de 200 árvores; recebe visitas de tucanos, pica pau, jacus,
pequenos e curiosos saguis entre outros animais nativos que se alimentam ali. O jardim e o
bosque são o maior presente da natureza para quem vier habitar a casa.
Iluminação
Todo o projeto luminotécnico da casa é assinado pela arquiteta Priscila Ferstemberg –
profissional com o maior número de projetos executados em container no Brasil, ao todo, são
16 – e a proposta era trabalhar com o limite de 50 watts por m², para obter a certificação LEED
e ser mais um ponto a favor da sustentabilidade. Mesmo assim, todos os cômodos ficaram bem
iluminados, harmônicos, funcionais e são dimmerizados, possibilitando variação da
luminosidade conforme as necessidades da família. Além disso, a luz natural foi aproveitada ao
máximo.
Serviço
Visitas agendadas. Período: 15/08 a 21/09. Horários: seg-sex: 13h30 / 15h30 / 17h30 / 19h30 /
20h20 | sáb: 11h30 às 12h30 | Estr. Ângelo Pianaro, 1631 – Butiatuvinha, Curitiba – PR