Memória em dia: conheça a importância do ômega-3 para a saúde cognitiva

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O papel dos ácidos graxos ômega-3 (w-3) na melhora do desempenho cognitivo vem sendo explorado pela literatura, que aponta que o w-3 afeta as funções cerebrais por meio do aumento da perfusão cerebral e aumento da vasodilatação

A manutenção da saúde endotelial é importante para a circulação sanguínea e para a modulação da produção de inúmeros compostos vasoativos, incluindo o óxido nítrico (NO). Além de responsável pela vasodilatação, o NO contribui para evitar a adesão celular na parede endotelial, bem como a agregação plaquetária. Quando ocorre algum problema na perfusão cerebral, consequentemente, as funções neste órgão, incluindo a performance cognitiva, podem ser duramente prejudicadas. Nesse sentido, o uso do w-3 pode contribuir para a prevenção do declínio cognitivo e melhora da memória.

Para ilustrar a importância da relação entre saúde cognitiva e perfusão cerebral, a revisão de Kuszewski et al. (2017) avaliou os efeitos da suplementação com ômega-3 na vasodilatação sistêmica e função cognitiva em ensaios randomizados controlados. Em comparação ao grupo placebo, a suplementação com ômega-3 aumentou a vasodilatação e, consequentemente, melhorou a função cognitiva. Van der Wurff et al. (2016) avaliaram os efeitos do w-3 sanguíneo na performance cognitiva de 266 adolescentes saudáveis entre 13 e 15 anos. O estudo apontou para uma relação positiva entre a concentração de ômega-3 e duas medidas cognitivas de um total de nove em um teste cognitivo.

Ambos os resultados dos estudos, muito possivelmente, estão relacionados às funções que os ácidos docosaexaenoico (DHA) e eicosapentaenoico (EPA) desempenham na fluidez da membrana cerebral, na neurotransmissão, na transdução de sinais e na integridade da barreira hematoencefálica, estruturas essenciais para a comunicação cerebral. Sobretudo durante o período gestacional, ácidos graxos do tipo w-3 interfere no peso e comprimento do feto, além de atuar na formação e crescimento de seus neurônios; nesse sentido, a literatura aponta que a deficiência, principalmente de DHA, pode contribuir para o prejuízo cognitivo do concepto.

Portanto, a deficiência de ômega-3 pode afetar a cognição e, consequentemente, a memória desde o período fetal, até o envelhecimento. Quando o consumo de alimentos-fonte não consegue suprir as necessidades de w-3, a suplementação pode se mostrar eficaz na prevenção ou tratamento de problemas associados à memória.

*Fonte: Renato Leça, Coordenador das Disciplinas de Medicina Integrativa e de Nutrologia com Prática Ortomolecular da Faculdade de Medicina do ABC.
CRM-SP 58.672

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