Melatonina tópica pode ser usada na pele com ação anti-idade e no cabelo contra a queda dos fios

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Dermatologista e pesquisador detalham benefícios da melatonina tópica para os cabelos e a pele

Recentemente, muitas marcas nos Estados Unidos lançaram cremes com melatonina – o famoso hormônio do sono. A molécula, antes suplementada por via oral para trazer diversos benefícios ao organismo, foi adicionada a cremes para peles e loções capilares, trazendo benefícios como: ação antirrugas e antioxidante (pele) e crescimento capilar. “Na pele, ela aumenta a viabilidade de fibroblastos, ou seja, as células estimulam mais colágeno, além disso, diminui a degradação do colágeno já existente, atuando na inibição de enzimas que degradam o colágeno. Para o cabelo, muitos estudos mostraram que ela é excelente para alopecia principalmente em mulheres, além de proteger contra o dano causado pelo ultravioleta”, afirma o farmacêutico e pesquisador Lucas Portilho, diretor científico da Consulfarma. Ele e a dermatologista e tricologista Dra. Kédima Nassif, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, explicam a ação da melatonina tópica nos cabelos e na pele:

Cabelos – “Estudos sugerem que o mecanismo de ação da melatonina tópica nos folículos capilares seja pelo estímulo da rápida entrada na fase de crescimento (anágena) após a queda de um fio de cabelo já velho (telógeno) e pela redução do estresse oxidativo nas células que produzem os cabelos. Assim, haveria uma maior proporção de fios de cabelo na fase de crescimento e as células que os produzem poderiam multiplicar-se mais e por mais tempo, sem os danos do estresse oxidativo”, afirma a Dra. Kédima Nassif, que também é membro da Associação Brasileira de Restauração Capilar. Nos estudos científicos, diz a médica, foram vistos benefícios como: o aumento da densidade capilar (número de fios), aumento da espessura dos cabelos, redução da queda em mulheres, aumento do número de fios em fase de crescimento e melhora da dermatite seborreica. “Vale um alerta: antes que se esgotem todos os estoques de melatonina nas farmácias de manipulação, mais pesquisas são bem-vindas, pois o número de participantes dos estudos existentes não é tão grande e a padronização dos métodos que indicam melhora não foi isenta de falhas em todos os casos”, diz a tricologista.

Pele – De acordo com Lucas, a melatonina pode ser considerada um antioxidante de primeira linha. “Sua atuação é muito interessante, porque além de ser antioxidante, depois que ela se oxida, ou seja, que ela se liga com o radical livre, ela forma dois subprodutos que continuam tendo ação antioxidante também”, afirma Lucas. Para explicar melhor: a Vitamina C (o mais famoso antioxidante) quando encontra um radical livre se auto-oxida, então é assim que ela protege as células da oxidação. “Depois que a Vitamina C se oxidou, ela forma uma substância inerte, que não serve para mais nada. A melatonina, por outro lado, ao se auto-oxidar, transforma-se em duas novas substâncias que continuam tendo ação antioxidante”, afirma Lucas. Além disso, enfatiza o pesquisador, a melatonina também estimula as células a produzir antioxidantes endógenos, como catalase, superóxido desmutase, glutationa perixodase (antioxidantes naturais produzidos dentro da célula). A Dra. Kédima acrescenta alguns benefícios, notados em alguns estudos: melhora da hidratação da pele em até 12 horas após a aplicação da melatonina, redução de 11% das linhas de expressão, aumento de 8% da firmeza da pele e redução da vermelhidão da pele em 70% dos casos. “Os mecanismos de ação propostos para tais maravilhas é a ação antioxidante e anti-inflamatória da substância, reduzindo a degradação do colágeno e elastina da pele e protegendo a barreira epidérmica da perda de água”, diz a médica.

Encontrada em farmácias de manipulação no Brasil, a melatonina ainda não foi aproveitada em cremes industrializados, pois aqui no Brasil ainda não há dados do comportamento dessa matéria-prima após adicioná-la a um creme. “Mas sem dúvida, esse é um ativo bem promissor em relação ao uso tópico. Na Europa e mais nos Estados Unidos já estão sendo utilizados”, finaliza Lucas.

FONTES:

DRA. KÉDIMA NASSIF: Dermatologista e Tricologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica e da Associação Brasileira de Restauração Capilar. Graduada em Medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais, possui Residência Médica em Dermatologia também pela UFMG; realizou complementação em Tricologia no Hospital do Servidor Público Municipal, transplante capilar pela FMABC e em Cosmiatria e Laser pela FMABC. Além disso, atuou como voluntária no ensino de Tricologia no Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo. www.kedimanassif.com.br

LUCAS PORTILHO: Consultor e pesquisador em Cosmetologia, farmacêutico e diretor científico da Consulfarma e Pesquisador em Fotoproteção na Unicamp. Especialista em formulações dermocosméticas e em filtros solares. Diretor das Pós-Graduações do Instituto de Cosmetologia e Ciências da Pele Educacional, Hi Nutrition Educacional e Departamento de Desenvolvimento de Novas fórmulas. Atuou como Coordenador de Desenvolvimento de produtos na Natura Cosméticos e como gerente de P&D na AdaTina Cosméticos. Possui 17 anos de experiência na área farmacêutica e cosmética. Professor e Coordenador dos cursos de Pós-Graduação com MBA do Instituto de Cosmetologia e Ciências da Pele Educacional. Coordena Estágios Internacionais em Desenvolvimento de Cosméticos na Itália, França, Mônaco e Espanha. Atua em desenvolvimento de formulações para mercado Brasileiro, Europeu e América Latina.