Leite A2 se torna a solução para quem sofre com desconforto ao ingerir produtos lácteos

Le Creuset lança Panela para Pão
11 de abril de 2022
Abismo Anhumas: um mundo mágico também para as crianças
11 de abril de 2022

O simples desconforto ao ingerir produtos derivados do leite pode ser confundido com intolerância à lactose ou alergia; muitas pessoas deixam de consumir leite por conta de um autodiagnóstico equivocado

É bastante comum casos em que pessoas que sentem desconforto ao ingerir leite de vaca ou algum tipo de produto lácteo acabarem autorrelatando ter intolerância à lactose ou até mesmo portador de algum tipo de alergia ao leite de vaca. Porém, essa constatação pode estar cercada de equívocos, já que um simples desconforto causado no organismo pode ser reflexo da ingestão do leite mais comum que consumimos atualmente e que possui a enzima β-caseína A1. É dentro deste contexto que médicos, nutricionistas e cientistas voltam cada vez mais o olhar para os benefícios que o leite A2 pode causar na vida de milhares de pessoas não só no Brasil, mas em todo o mundo.

Mas afinal, quais as principais diferenças entre os dois tipos de leite? O leite A2 é o que possui apenas a β-caseína A2. A β-caseína do leite de vaca possui 209 aminoácidos, sendo que as variações A1 e A2 se diferem apenas por um aminoácido na posição 67. Todas as fêmeas de espécies mamíferas, inclusive os seres humanos, produzem apenas a β-caseína A2 mas, por conta de uma mutação genética que ocorreu há aproximadamente 10 mil anos, algumas vacas passaram a produzir a β-caseína A1.

Dessa forma existem pessoas que são mais sensíveis à β-caseína A1, presente no leite convencional que encontramos nas prateleiras dos supermercados. Essa sensibilidade acaba desencadeando sintomas semelhantes aos da intolerância à lactose. Sendo assim, essas pessoas acabam deixando de consumir produtos lácteos ou optam por outros sem lactose o que, na prática, não traz nenhum efeito benéfico, já que essas pessoas possuem níveis normais de lactase, enzima que digere a lactose, cuja deficiência é responsável pelos quadros de intolerância.

De acordo com pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha, cerca de 53 milhões de brasileiros com idade acima de 16 anos relatam sentir algum tipo de desconforto digestivo após ingerir produtos derivados do leite. Porém, a mesma pesquisa aponta que deste total 88,2% jamais recebeu um diagnóstico médico sobre o real quadro clínico. Apenas 4% dos entrevistados mencionaram já terem procurado ajuda médica e, somente 1% foram efetivamente diagnosticados como sendo intolerantes à lactose.

Dentro desse contexto é que são identificados os benefícios do leite A2 no organismo de pessoas que sentem qualquer tipo de desconforto, já que ele oferece melhor digestibilidade e uma excelente alternativa nestes casos. “Contudo, o produto destina-se a pessoas que não têm intolerância à lactose, apenas que se sentem mal após o consumo de leite e derivados, com sintomas como má digestão, flatulência, sensação de estufamento entre outros, parecidos com os de quem tem intolerância à lactose”, explica a médica-veterinária e doutora em Produtividade e Qualidade Animal, Helena Fagundes Karsburg, responsável pela Gestão do Programa de Certificação VACAS A2A2 que permite no Brasil a produção e a comercialização do leite A2.

Alergia a leite de vaca

Outro fator que pode levar ao desconforto e até mesmo consequências mais graves quando há o consumo de leite é a APLV, conhecida como Alergia a Proteína do Leite de Vaca. Esse tipo de alergia é desencadeado em crianças com até 3 anos de idade e é caracterizada pela reação do sistema imunológico às proteínas do leite, principalmente à caseína, e as proteínas do soro, composto por lactalbumina alfa e beta. Raramente essa alergia é desencadeada em pessoas acima dessa idade.

Mesmo existindo muita informação sobre o assunto algumas pessoas, inclusive profissionais da área da saúde e do meio científico, confundem a intolerância à lactose com a APLV e ainda com o desconforto gastrointestinal. Isso ocorre porque todas são causadas pelo mesmo alimento – o leite – e porque podem apresentar alguns sintomas semelhantes, como cólicas e diarreia. Mas são quadros completamente diferentes.

“Geralmente a alergia ao leite de vaca é transitória. Um número expressivo de pacientes passa a tolerar a proteína do leite de vaca entre 8 e 12 meses após a exclusão na dieta. Neste caso podemos considerar que a criança não apresentará mais sintomas digestivos quando exposta ao leite, ou seja, adquiriram tolerância à proteína. Alguns estudos mostram que esta intolerância pode ser adquirida por ingestão de pequenas quantidades da proteína, de forma gradativa, antes da liberação total na dieta. Apesar de ainda não existir alguma comprovação, acredita-se que o leite A2 possa ser hipoalergênico”, destaca Sandra Maria Gonçalves Vieira, chefe da unidade de gastroenterologia pediátrica do Hospital de Clínicas de Porto Alegre.

O grande perigo daqueles que defendem a retirada da lactose da dieta é criar indivíduos artificialmente intolerantes. Essa também é a razão pela qual as pessoas intolerantes não devem cortar completamente a lactose de suas dietas. O diagnóstico de intolerância à lactose deve ser feito por meio de testes laboratoriais, solicitados pelo médico. “O leite é um alimento completo, rico em nutrientes essenciais para a saúde de crianças, adolescentes, adultos e idosos. Pesquisas já mostraram os prejuízos causados por sua retirada indevida das dietas, como redução do crescimento, osteoporose e deficiências nutricionais. Os lácteos são as melhores fontes naturais de cálcio, pois apresentam a mais alta biodisponibilidade desse mineral. Ou seja, o cálcio do leite ingerido é totalmente absorvido”, reforça Sandra.

Leite A2 foi a solução para Carolina

Assim que o período da licença maternidade da Natália Cristina, de 35 anos, se encerrou, a médica veterinária precisou retornar ao trabalho e optou por contratar uma cuidadora para ficar com a Carolina, que tinha apenas 5 meses de vida. Desde então Natália não pôde mais amamentar e, como solução, ofereceu à filha leites formulados disponíveis em supermercados e farmácias. Foram vários os tipos e marcas na tentativa de substituir a amamentação materna. Mas Carolina não se adaptou a nenhum. Por menor que fosse a quantidade ingerida, a bebê apresentava intensa vermelhidão e irritação na pele e nos lábios.

Na cidade onde morava, Paraíso do Tocantins (TO), Natália consultou uma série de médicos pediatras e nunca recebeu alguma alternativa. Foi então que pediu demissão de seu trabalho para poder amamentar a filha novamente. A solução veio apenas quando o marido foi transferido de onde trabalhava para a cidade de Barretos, interior de São Paulo. Por recomendação de colegas veterinários, a família então conheceu o leite A2. O problema foi resolvido de imediato. “O leite A2 foi uma bênção em nossas vidas. Ele chegou para trazer alento para nós. Fizemos de tudo para que nossa filha pudesse voltar a consumir leite, e o tipo A2 veio para trazer ainda mais saúde à Carolina. Mesmo não precisando, eu e meu marido também só consumimos esse tipo de leite”, comenta aliviada Natália.

Entenda as principais diferenças entre alergia e intolerância à lactose

De acordo com a pediatra Sandra Maria Gonçalves Vieira, há importantes diferenças entre a APLV e intolerância à lactose. Primeiro, na alergia, o componente desencadeador dos sintomas é a proteína do leite. Já na intolerância é o açúcar naturalmente presente no leite, ou seja, a lactose. Na alergia, o sistema imunológico reage ao entrar em contato com a proteína do leite. Isto acontece independentemente da quantidade de proteína que o bebê tenha ingerido. Tem uma relação muita estreita com histórico na família de doenças alérgicas, como rinite, asma e dermatite, por exemplo, e com a imaturidade do organismo. É mais comum em prematuros e nos primeiros meses de vida dos bebês e raramente mantendo-se após os 3 anos de idade. O leite do tipo A2 não pode ser utilizado como alternativa de tratamento nesta situação.

A intolerância é a falta de uma enzima que digere a lactose e que se chama lactase. Ocorre que o organismo de alguns indivíduos para de produzir determinadas quantidades da enzima lactase com o passar do tempo. O açúcar do leite não digerido fermenta dentro do intestino, produzindo gases ricos em hidrogênio, que é ácido. Isto desencadeia distensão no intestino, gases frequentes e em algumas ocasiões diarreia com fezes ácidas, o que desencadeia assaduras frequentes.

Nesta situação, como a produção de lactase não é zerada, mas sim diminuída, alguns indivíduos ainda toleram pequenas quantidades de leite ou derivados, sem qualquer sintoma. Neste caso, em tese, é possível utilizar o leite A2 que tem lactose, mas é de mais fácil digestão.

A intolerância à lactose surge após os 3 anos de idade e é permanente. Ela também pode existir transitoriamente depois de uma gastroenterite por vírus, bactérias ou vermes. Alguns outros indivíduos simplesmente apresentam desconforto à ingestão de leite, como podem apresentar desconforto com outros componentes alimentares, como feijão e excesso de gordura. Nestes casos o leite A2 também pode ser uma boa alternativa.