Jogadores de futebol de LaLiga que estão adotando dietas à base de plantas e investindo nesta indústria em crescimento

Jogadores como Denis Suárez, Sergio Agüero, Héctor Bellerín e Franco Russo estão trabalhando com os nutricionistas de seus clubes para construir uma dieta livre de carne. RC Celta e Real Madrid estão entre os clubes LaLiga que trabalham para promover hábitos alimentares mais saudáveis na sociedade

Cada vez mais jogadores de futebol estão reduzindo o consumo de carne e adotando dietas vegetarianas ou totalmente baseadas em vegetais. Até o zagueiro argentino do RCD Mallorca, Franco Russo, que vem de um país onde o “churrasco” de carne grelhada é uma instituição, fez essa mudança e sente que está ajudando em seu desempenho em campo. “Para falar a verdade, desde que larguei a carne para virar vegetariano sinto-me mais leve”, explica o defesa-central.

Russo não foi o único jogador a fazer esta mudança, com Denis Suárez do RC Celta, Sergio Agüero do FC Barcelona, CF Edgar Badía da Elche e Borja Iglesias e Héctor Bellerín do Real Betis, entre as outras estrelas de LaLiga Santander que mudaram nos últimos anos a dietas veganas, vegetarianas ou que envolvam uma redução significativa de produtos cárneos.

“Tem havido um interesse crescente em nutrição de qualidade entre os atletas de alto nível”, explicou a nutricionista chefe do RC Celta, Bertina Ferrández. “É verdade que há um interesse crescente no consumo de proteínas magras de alta qualidade e cada vez mais jogadores estão escolhendo uma dieta rica em vegetais e frutas, preferindo evitar o consumo de carnes gordurosas e alimentos processados.”

Os jogadores estão aprendendo que é um mito completo que a carne é necessária para um desempenho esportivo ideal. Como Ferrández continuou: “Uma dieta vegetariana pode ser tão balanceada quanto uma não vegetariana. É mais sobre como planejar a dieta corretamente, assim como acontece com os não vegetarianos. Trata-se de incluir os macronutrientes, vitaminas e minerais necessários para que a dieta seja completa. Um esportista vegetariano de elite pode atingir o mesmo peso ideal, com a mesma porcentagem de massa muscular e massa gorda, que qualquer não vegetariano. Portanto, esta dieta não afeta o desempenho em nada. ”

Lorena Luján, nutricionista e nutricionista do clube de LaLiga SmartBank FC Cartagena, concorda com este ponto. “Não há desvantagem nem vantagem”, afirmou. “Seguir uma dieta adequada é uma vantagem em qualquer esporte, em comparação com quem não segue bons hábitos de alimentação, hidratação e suplementação. Em LaLiga, há cada vez mais clubes que estão integrando [refeições vegetarianas] em seus menus diários. ” Por exemplo, Luján explicou que os clubes podem oferecer a todos os seus jogadores um smoothie vegano após o treino, para ajudá-los a absorver nutrientes extras.

Já foi comprovado cientificamente que os desportistas não sofrem quaisquer efeitos adversos ao mudar para uma dieta com menos carne, desde que a transição seja gerida de forma adequada. Como concluiu a Academia de Nutrição e Dietética: “Vegetariana apropriadamente planejada, incluindo vegana, as dietas são saudáveis, nutricionalmente adequadas e podem fornecer benefícios à saúde para a prevenção e tratamento de certas doenças. Essas dietas são apropriadas para todos os estágios do ciclo de vida, incluindo gravidez, lactação, infância, infância, adolescência, idade adulta mais velha e para atletas. ”

Os jogadores que investem em uma vida mais saudável e sustentável

Muitos jogadores de futebol não estão apenas mudando para dietas vegetarianas e veganas, mas estão se tornando investidores nesse campo em crescimento. Por exemplo, o atual astro do Atlético de Madrid, Marcos Llorente, abriu um restaurante para uma vida saudável em Madrid, em parceria com seu ex-companheiro de equipe no Deportivo Alavés, Ibai Gómez. O goleiro aposentado Miguel Ángel Moyá, que jogou na Real Sociedad, Getafe CF e Atlético Madrid ao longo da carreira, também abriu um restaurante na capital que aposta nas opções vegetarianas e veganas.

Héctor Bellerín, do Real Betis, que segue um estilo de vida vegano desde 2015, tornou-se o segundo maior acionista do clube inglês Forest Green Rovers em 2020. Este clube foi reconhecido pela FIFA como “o clube de futebol mais verde do mundo” graças ao seu ambiente iniciativas amigáveis, enquanto o clube tem uma política 100 por cento vegana no estádio e nas instalações.

Na Espanha, Borja Iglesias, do Real Betis, Sergi Roberto, do FC Barcelona, e Saúl Ñíguez, do Atlético de Madrid, atualmente emprestado ao Chelsea FC, investiram na empresa Heura Foods, que vende substitutos de carne e outros pratos 100% vegetais. baseado e sustentável, usando uma variedade de ingredientes naturais do Mediterrâneo.

É graças à Heura Foods que Franco Russo ainda pode desfrutar da experiência do churrasco argentino. “Colocamos toda a nossa herança culinária mediterrânea em nossos produtos”, disse o CEO da empresa, Marc Coloma, ao explicar como eles colaboraram com jogadores como Russo. “Queremos fazer produtos que protejam o que mais valorizamos, que é nossa saúde, nosso planeta, nossos animais e nossas tradições. Se você pode desfrutar de todo o bem de um prato de carne sem todas as consequências, por que você não mudaria? ”

Coloma continuou: “O setor de alimentos está passando por uma transição global para dietas 100% vegetais e os atletas são pioneiros nesse sentido. Seguir um estilo de vida esportivo de elite com uma dieta 100% vegetal é mais do que possível, é recomendado. ”

Profissionais em clubes de LaLiga para supervisionar a transição

Coloma e outros especialistas apontam que sempre há uma necessidade dos atletas seguirem uma transição bem planejada para dietas 100% vegetais. Para ajudar, existem vários suplementos de proteína aos quais os atletas podem recorrer.

Como explica Ana García, nutricionista do clube LaLiga Santander Levante UD: “No que diz respeito às fontes de proteína com as quais as pessoas substituem o consumo de carne e peixe, devemos diferenciar entre jogadores vegetarianos e jogadores veganos. Os vegetarianos podem substituir isso por meio de ovos, com a proteína da clara do ovo tendo o maior valor biológico, ou por meio de laticínios, derivados de laticínios ou leguminosas e derivados. Já para os atletas veganos, as fontes disponíveis são leguminosas e derivados, como tofu, seitan ou tempeh. As fontes de proteína para vegetarianos e veganos são reduzidas, por isso pode ser mais difícil garantir que sejam levadas a bordo, mas é possível se seguir uma dieta adequada e adaptada às necessidades da pessoa. ”

Luján, do FC Cartagena, ressaltou a importância de ter especialistas em dieta em cada clube de futebol, afirmando: “Há sempre a necessidade de um profissional especializado para ajustar as necessidades nutricionais dos jogadores profissionais, mas é ainda mais essencial para os jogadores vegetarianos e veganos. Isso porque é ainda mais específico e não há tanta informação na sociedade, mesmo que isso esteja mudando lentamente. Nesses casos, não se trata apenas de ajustar os nutrientes, mas também de encontrar as fontes certas para esses nutrientes. ”

Felizmente, os jogadores de futebol da LaLiga contam com o apoio desses nutricionistas do clube, que podem organizar planos específicos para garantir que uma dieta vegetariana ou vegana adequada seja seguida. Como descreveu Ferrández do RC Celta: “Nossa missão é projetar para cada jogador uma dieta personalizada e definimos objetivos claros para cada caso. Planejamos uma dieta balanceada em calorias, nutrientes e, claro, sabores, pois sempre tentamos incluir receitas que os jogadores gostem “.

Em todos os clubes profissionais espanhóis, profissionais do mais alto nível são empregados em todos os departamentos, inclusive na cozinha, garantindo que cada jogador seja atendido adequadamente, de acordo com suas necessidades. Os clubes de LaLiga estão sempre na vanguarda quando se trata dessas questões e há até mesmo um entendimento de que as melhores práticas para uma alimentação saudável e uma vida saudável devem ser compartilhadas com o público em geral, sempre que possível.

No RC Celta, por exemplo, Ferrández e seus colegas disponibilizam no site do clube o cardápio que os jogadores comem todos os dias, para que os torcedores também possam comer como seus jogadores favoritos. Todos os jogadores da academia do RC Celta também recebem esses pratos, pois o clube acredita que uma boa alimentação é tão importante para os jovens quanto para os jogadores mais experientes.

Muitos outros clubes LaLiga lançaram iniciativas para ajudar a inspirar uma alimentação saudável e sustentável, com o Real Madrid fazendo isso por meio de uma colaboração com a Meatless Farm, outra empresa especializada em produtos à base de plantas e que estabeleceu uma ‘Meta de consumo sem carne’. As duas partes unem forças para tornar a Meatless Farm um parceiro global oficial do clube e para trabalhar juntas para aumentar a conscientização sobre os benefícios da redução do consumo de carne.

Explicando as razões para trabalhar com tal empresa, o diretor de relações institucionais do Real Madrid, Emilio Butragueño, disse na época do acordo: “A Meatless Farm engloba sustentabilidade e nutrição, dois componentes fundamentais do Real Madrid e nossa estratégia de negócios. Nós, como uma equipe global, temos um papel importante a desempenhar no envolvimento com a sociedade para fazer mudanças reais que ajudarão a criar um mundo mais sustentável e melhorar a saúde e o desempenho pessoal. ”

É claro que a tendência dos jogadores de futebol voltando-se para opções vegetarianas e veganas só vai crescer, com os clubes LaLiga apoiando seus jogadores neste processo e considerando várias iniciativas para fazer mudanças sociais positivas ao mesmo tempo.

“Esperamos aproximar as pessoas de diferentes tipos de cozinhas com uma variedade de ingredientes de diferentes partes do mundo, das melhores receitas tradicionais às mais inovadoras”, concluiu Ferrández, do RC Celta. Se os jogadores de futebol estiverem na vanguarda dessa mudança social, a evolução dos hábitos alimentares saudáveis será ainda mais rápida.

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Photo by Gareth Hubbard on Unsplash