Ginástica Abdominal Hipopressiva uma aliada no tratamento e prevenção da incontinência urinária

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Método funciona como terapia coadjuvante e apresenta bons resultados já nas primeiras sessões

A Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) alerta que a incontinência urinária possui tratamento e que não pode ser considerada um problema normal da idade. Estimativas apontam que 35% das mulheres, após a menopausa, sofrem de incontinência urinária ao fazer algum esforço e 40% das gestantes vão apresentar um ou mais episódios do problema durante a gestação ou logo após o parto.

E ainda 17% de toda a população feminina possui bexiga hiperativa ou incontinência urinária de urgência. Entre os homens, cerca de 5% dos submetidos à cirurgia para retirada da próstata também podem apresentar incontinência.

A incontinência urinária (IU) é a incapacidade de controlar o ato de urinar ou de armazenar a urina, o que leva uma pessoa a perdê-la involuntariamente pela uretra, impedindo-a de exercer suas atividades diárias e prejudicando sua qualidade de vida.

Em 2017, conforme o levantamento apresentado no 36º Congresso Brasileiro de Urologia, 15% das mulheres e 9,4% dos homens entrevistados sofriam com incontinência urinária. No entanto, o sintoma mais comum é a incontinência de esforço, aquela que acontece ao tossir, espirrar ou levantar peso. Ela foi relatada por 20,4% das mulheres e 2,6% dos homens.

A doença tem tratamento e um deles é o uso da técnica chamada GAH- Ginástica Abdominal Hipopressiva, desenvolvida pelo fisioterapeuta belga e Doutor em Ciências da Motricidade, Marcel Caufriez.

Mais de 45 anos de profissão, experiência como clínico, pesquisador e professor, conduziu o especialista a desenvolver diversas técnicas e equipamentos no campo da Fisioterapia Uroginecológica que hoje são conhecidos mundialmente como Conceito Caufriez. Conceito este que engloba práticas como o Método Hipopressivo que é referência para os profissionais da saúde, principalmente da área de reabilitação.

Dr.Marcel Caufriez observou, trabalhando em salas de parto e reeducação ginecológica pós-parto, que a pressão exercida pelo diafragma torácico juntamente com uma fraca resistência parietal desencadeavam hérnias vaginais. Foi por meio do trabalho de reeducação ginecológica de mulheres com problemas do assoalho pélvico que o fisioterapeuta belga iniciou então as Técnicas Hipopressivas. Assim, a partir de seus ensaios clínicos, realizados em laboratórios e universidades, descobriu que a aspiração diafragmática (técnica que ele associa ou não em alguns tratamentos fisioterapêuticos) relaxa a faixa abdominal e o períneo e ajuda a normalizar o tônus do diafragma. “Foi a partir dessa constatação que nos anos 1980, ele criou um programa de Ginástica Abdominal Hipopressiva, técnica muito utilizada em vários países quando se fala do campo muscular e postural”, conta Claudia Dutkiewcz, fisioterapeuta e representante oficial de Marcel Caufriez no Brasil.

Como funciona?

As técnicas hipopressivas são um conjunto de exercícios posturais e respiratórios com coordenadas específicas que incluem o avanço do eixo de gravidade, relaxamento da musculatura do pescoço e alongamento da coluna cervical, entre outros benefícios. É uma técnica global cujo objetivo é a regulação das tensões musculares e conjuntivas de diferentes níveis do corpo (visceral, parietal e esquelético), constituindo um tratamento efetivo de patologias urinárias, digestivas e vasculares, associadas ou não a outras terapias.

Já na primeira sessão há uma melhora vascular, normalização do tônus do diafragma, melhorando a carga sobre órgãos pélvicos e prolapsos que podem ser causadores de IU. Conforme Dutkiewcz, “há também os efeitos a longo prazo que podem ser vistos dentro de aproximadamente um mês: melhora tônica muscular global, principalmente da musculatura da faixa abdominal e de musculatura do assoalho pélvico, cuja fraqueza do tônus pode ser a causa da incontinência urinária”.

A GAH também auxilia no tratamento da incontinência urinária por meio do trabalho muscular que ela promove, pois é uma técnica que atua como grande coadjuvante, promovendo o aumento do hormônio dopamina que auxilia na melhora da complacência da bexiga, aumento do tempo que a urina fica armazenada na bexiga.

Para a fisioterapeuta Mariana Luchesi, em se tratando de postura que é o grande diferencial da técnica, a GAH é capaz de normalizar o diafragma, fortalecer o tônus do assoalho pélvico, tornando a faixa abdominal mais resistente e, consequentemente, melhorando o caso de incontinência urinária. Sendo assim, continua Luchesi, “a GAH deve ser praticada duas vezes na semana por 45 minutos com intervalos de dois dias, monitorada por um especialista no Método GAH Caufriez. O número de sessões depende do paciente e sua disposição para realizar os exercícios.”

Nas palavras do próprio Dr.Marcel Caufriez, que irá ministrar cursos para profissionais de saúde no Brasil em agosto, a Ginástica Abdominal Hipopressiva basicamente tem um propósito preventivo, no caso da incontinência urinária, e é um verdadeiro paradigma de vida que inclui vários exercícios posturais organizados, associados a técnicas manuais ou instrumentais.

“A GAH é a reprogramação sistêmica funcional do corpo, manifestada por múltiplos efeitos positivos no tratamento de disfunções posturais, urogenitais, digestivas, respiratórias e metabólicas. E como resultado: bem-estar físico e emocional do paciente”, conclui o fisioterapeuta belga.

Sobre Marcel Caufriez

Marcel Caufriez é um fisioterapeuta belga reconhecido mundialmente por ser um dos fundadores da Reeducação Uroginecológica na Bélgica e no Canadá. Doutor em Ciências da Motricidade e Readaptação pela Universidade Livre de Bruxelas. Criou o Conceito Terapêutico Marcel Caufriez que representa um modelo de abordagem terapêutica das disfunções somáticas, neurovegetativas e emocionais, em particular nas mulheres. Conceito que engloba diversos métodos de sua autoria como: Neuromiostática Visceral, Fisiosexologia, Periparto e Método Hipopressivo.

Lecionou em renomadas instituições de ensino como: Universidade Livre de Bruxelas (Bélgica); Alta Escola Paul-Henri Spaak (Bélgica); Alta Escola de Charleroi (Bélgica); Instituto Nacional de Kinesiterapia (INK) Paris (França); Universidade Castilla-la-Mancha (Toledo – Espanha); Professor da Universidade Gimbernat (Barcelona – Espanha).

É autor de diversos livros e artigos e palestrante em congressos internacionais.

Condecorado com vários prêmios por seu trabalho de pesquisa e ensino, Marcel está envolvido com a Fisioterapia Uroginecológica e a educação para profissionais de saúde e esportes há mais de 45 anos.