Fevereiro roxo: doenças dermatológicas crônicas também merecem atenção

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Pacientes diagnosticados com doenças crônicas, enfrentam, além do tratamento, problemas emocionais e de autoestima

Marcado por doenças como Lúpus, Fibromialgia e Alzheimer, o mês que discute, orienta e esclarece dúvidas sobre casos crônicos, começa a dar visibilidade à outras patologias, principalmente as dermatológicas. Doenças como: Acne, Rosácea, Melasma, Psoríase e Dermatite Atópica, são mais comuns do que parece e afetam muitas áreas da vida, causando, além dos transtornos com a saúde, problemas com autoestima, relacionamentos, trabalho, estudo, entre outros, devido aos aspectos visíveis da doença.

De acordo com a Dra. Paula Sian, médica dermatologista, muitas destas doenças se desenvolvem de forma rápida e avançam exponencialmente, se não controladas com medicamentos e acompanhadas por profissionais. “Em meu consultório, recebo quase que diariamente pacientes com sintomas de doenças crônicas, e quando recebem o diagnóstico, percebemos o quanto ficam abalados emocionalmente, o que contribui ainda mais para o agravamento do problema. Por isso, na clínica, sempre que necessário, associamos o tratamento com encaminhamentos para atendimento psicológico” – explica.

Em seu consultório e redes sociais, Paula busca dar mais visibilidade a doenças crônicas, explicando as causas, tratamentos e principalmente como conviver de forma saudável com elas. No campo da dermatologia, as doenças crônicas mais comuns são:

Melasma

É uma doença de pele crônica benigna caracterizada pelo surgimento de manchas escuras no rosto e colo, devido a hiperpigmentação em regiões específicas. A melanina é uma proteína que garante a coloração da pele e evita os danos da radiação ultravioleta no DNA, porem quando há a hiperpigmentação, surgem manchas escuras principalmente em regiões que ficam expostos ao sol, como rosto.

Com poucas ocorrências em homens, o melasma se desenvolve normalmente em gestantes, peles negras e pardas, e pessoas com exposição ao sol por longos períodos sem proteção, além de paciente com históricos familiares. Como não há cura, o controle deve ser feito com fotoproteção, uso de cremes, ácidos, peelings, laserterapia, e acompanhamento médico, entre outros.

Psoríase

Trata-se de manchas avermelhadas na epiderme, com escamações e crostas. A psoríase é autoimune e cíclica, ou seja, os sintomas aumentam e diminuem de acordo com os níveis de estresse.

As características mais comuns são manchas avermelhadas e com escamação da pele em regiões especificas, coceira, queimação, pele ressecada e em casos mais complexos presença de sangramento na região, inchaço, rigidez e deformidades na região. O tratamento exige uso de medicamentos em creme e pomadas, em casos mais graves uso de injeções ou comprimidos, tratamentos biológicos (chamados anti-TNFs (como adalimumabe, certolizumabe-pegol, etanercepte e infliximabe), anti-interleucina 12 e 23 (ustequinumabe), os anti-interleucina 17 (secuquinumabe e ixequizumabe) e os anti-interleuciina 23 (guselcumabe e risanquizumabe), fototerapia e tratamento psicológico, uma vez que problemas emocionais podem agravar o quadro.

Lúpus cutâneo

Também autoimune, o principal aspecto da enfermidade são manchas avermelhadas e com descamação na região da face, formando uma espécie de desenho de borboleta e em casos específicos pode ocorrer inchaço e atrofia na região. A doença causa dor e pode afetar outras áreas do corpo, e até órgãos, comprometendo a saúde e vida do paciente.

O tratamento deve ser individualizado e em conjunto com outras especialidades como reumatologia e requer diagnósticos com exames laboratoriais. Como trata-se de uma doença crônica, o objetivo do tratamento é controlar a manifestação e evolução da doença.

Acne

Embora, na maioria dos casos, seja uma doença de fácil controle, a acne é uma doença crônica inflamatória do folículo pilossebáceo, que produz o sebo da pele, e que em excesso, acarreta no surgimento das erupções subcutâneas. Outros fatores para o surgimento da acne são estresse, má alimentação, uso de métodos contraceptivos sem indicação médica, alterações hormonais e privação de sono. A falta de tratamento adequado e o agravamento pode gerar cicatrizes e hiperpimentação da região.

Existem diversos tratamentos disponíveis no mercado, entre eles estão: retinóides tópicos, Peróxido de benzoíla, antimicrobianos tópicos, ácido azeláico, antibióticos orais, isotretinoína oral, antiandrogênico oral.

Rosácea

É uma doença vascular inflamatória crônica, com remissões e exacerbações. As principais características são inchaço, vermelhidão, pequenas erupções semelhantes a acne e atinge principalmente a face. Ainda não há uma causa especifica, mas já é sabido que a rosácea se desenvolve mais em mulheres que homens, e principalmente em peles brancas. Há também o histórico familiar que pode apontar alguma hereditariedade. O distúrbio também está ligado ao estresse e é comum que o quadro se agrave quando o paciente passa por momentos emocionais delicados.

Por não ter cura, é importante manter uma dieta não inflamatória, fazer uso de medicamentos tópicos, orais lasers e proteção solar. A recomendação é seguir as orientações médicas, antes de se arriscar em procedimentos estéticos sem comprovação de eficácia.

Dermatite Atópica

Representada por lesões e coceira, a dermatite atópica é hereditária e atinge mãos, braços, articulações dos joelhos e pernas, em casos graves, pode aparecer em todas as regiões do corpo. A mazela manifesta-se de forma particular, em alguns pacientes é recorrente e em outros pode ter intervalo de anos ou meses. Manifesta-se sempre que ocorre alterações na derme e epiderme, disfunções imunológicas, alterações celulares, além de alterações de bactérias presentes na pele.

Pacientes com dermatite atópica devem evitar banhos quentes e demorados, uso de sabonetes na região lesionada e manter a pele sempre hidratada, por meio de hidratantes, loções, óleo e ingestão de líquidos frequentemente. O controle está no uso de medicamentos antihistamicos e compressas frias.

Para todas elas existem protocolos extremamente eficientes para controle e redução dos aspectos físicos, porém, para um tratamento efetivo, é preciso que o paciente esteja atento e leve a sério os cuidados, principalmente às consequências psicológicas dessas doenças. Por isso, a principal recomendação para casos crônicos é que os tratamentos sejam associados sempre à outras especialidades e com acompanhamento psicológico e terapêutico.

É importante ressaltar que métodos caseiros podem causar frustrações e piorar a patologia. “As pessoas precisam mudar a visão do atendimento dermatológico e não buscar tratamento apenas quando estão com a pele comprometida, mas ter um olhar preventivo e sistêmico para diversas questões. Independente do problema, se tratado do início, as chances de avanço reduzem em 80%” – explica a dermatologista.

Independente da doença, quando se é diagnosticado com algo crônico, o primeiro passo é manter a calma, entender que há controle e que é possível viver bem com o diagnóstico e que ele não pode influenciar em sua vida. As doenças crônicas existem e ninguém está imune a elas, por isso, é muito importante que haja empatia, que existam oportunidades disponíveis e que as pessoas estejam dispostas a viver além da doença.

Sobre dra. Paula Sian 

Dermatologista desde 2007, Paula Sian Lopes é formada pela Faculdade de Medicina de Botucatu (UNESP), onde também fez residência em Clínica Médica e Dermatologia. Especializou-se em Farmacodermia e Dermatoses Imunoambientais na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e em Medicina Chinesa e Acupuntura na Associação Médica Brasileira de Acupuntura (AMBA).

Desde 2011, Paula atende em seu consultório próprio com o viés em Dermatologia clínica, estética e cirúrgica, tanto para adultos como crianças. Além disso, a especialista realizou serviços voluntários no ambulatório de alergias da UNIFESP, de 2013 a 2017.

A médica também é escritora e acaba de lançar o “Um burnout para chamar de seu”, um livro que relata, pelo ponto de vista do paciente como é conviver com o burnout.

CRM: 111963-SP RQE Nº: 38348

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foto: freepik