Etarismo versus Profissionais 50+: Entenda a importância da qualificação

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Especialista em carreira alerta às empresas sobre o etarismo e traz dicas para implementar políticas de diversidade e inclusão

A população brasileira está envelhecendo, e o número de profissionais mais maduros cresceu no país em 20% desde abril de 2021, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Portanto, o mercado de trabalho precisa se adaptar para receber, reter e qualificar esses profissionais. Ter colaboradores 50+ nas equipes é estar atento à diversidade e inclusão, além de presenciar uma liderança mais serena e com um olhar a longo prazo. Rebeca Toyama, especialista em carreira e comportamento, estimula um novo olhar sobre os profissionais 50+ e faz um alerta sobre o etarismo, que tem gerado maior índice de desemprego da população mais velha.

Segundo a pesquisa realizada pelas empresas Vagas.com, Colettivo e Talento Sênior, com a participação de 252 profissionais de recursos humanos, mostrou que um a cada quatro profissionais já foi demitido por conta da idade. O levantamento ainda revela que 24% dos trabalhadores de 30 a 39 anos já sofreram algum tipo de discriminação no ambiente de trabalho em função da idade.

Outra pesquisa produzida pela Ernst & Young e a agência Maturi, feita com quase 200 empresas no Brasil, mostrou que a maioria das companhias pesquisadas têm de 6% a 10% de pessoas com mais de 50 anos em seu quadro de funcionários. E 78% das empresas se consideram etaristas e têm barreiras para contratação de trabalhadores nessa faixa de idade.

O etarismo é a discriminação baseada em preconceitos e estereótipos relacionados à idade, de que forma uma pessoa mais velha seja considerada menos capacitada para exercer uma função por ser mais idosa, ou uma pessoa seja menos apta por ser jovem demais. Essa prática acontece de diversas formas e dentro de inúmeros ambientes como empresas e faculdades, por exemplo. E o caminho para erradicar esse comportamento está na implantação de políticas de inclusão e diversidade.

Para a especialista em carreira, nas empresas, o primeiro passo é começar a fazer o censo para conhecer e entender mais sobre os colaboradores, e a partir deste ponto implementar políticas. “É a partir do reconhecimento que conseguimos implantar as mudanças necessárias no recrutamento e seleção, em retenção de talentos e, principalmente, a mudança nos planos de qualificação, visando manter esse público atualizado”, comenta Rebeca Toyama, especialista em carreira e comportamento.

Mentores 50+

A experiência acumulada ao longo dos anos, não apenas fornece um conjunto diversificado de habilidades técnicas, mas também uma compreensão profunda para lidar com os desafios. Os profissionais 50+ podem se preparar para serem ótimos mentores e têm boa capacidade de orientar equipes mais jovens, promovendo um ambiente de trabalho colaborativo e de aprendizado contínuo. Vale ressaltar que, hoje uma pessoa 50+ experimenta uma realidade muito diferente de uma pessoa da mesma idade da década passada.

Segundo Rebeca, todas as faixas etárias têm seus pontos fortes e fracos, e no caso dos profissionais mais maduros, eles costumam apresentar um perfil mais sereno, agem com menos imediatismo, possuem uma visão mais clara de longo prazo. “Esses profissionais podem exercer uma liderança mais sustentável, principalmente, quando qualificados, uma vez que também possuem uma vasta bagagem pelas experiências vividas ao longo de décadas no mercado de trabalho, tiveram mais oportunidades de desenvolver inteligência emocional e maior repertório para de lidar com diversidade e desafios”, afirma Toyama.

Carreira Saudável

Na visão de Rebeca Toyama, para os profissionais vivenciarem uma carreira saudável na fase 50+, é preciso que seja ‘plantado’ ao longo da juventude a consciência sobre autocuidado e propósito. “Acredito que esse é um recado para os jovens, cuidar do tripé: saúde mental, física e financeira para alcançar a tão sonhada carreira saudável. Esse também é um desafio de saúde pública, por conta dos impactos negativos causados pelo trabalho na vida das pessoas, então, é necessário trazer esse olhar da importância do autocuidado e de uma vida equilibrada desde o início da carreira”, finaliza a especialista em carreira e comportamento.

E para auxiliar as empresas a reterem os talentos 50+ e implementarem políticas de diversidade e inclusão, Rebeca Toyama, especialista em carreira e comportamento, selecionou 5 dicas.

  • Realizar um censo para que a empresa tenha clareza de como está hoje a distribuição, não apenas etária dos colaboradores, como também de gênero e raça;
  • Implantar programas de mentorias para que a experiência e o conhecimento dos profissionais 50+ possa contribuir com o desenvolvimento dos mais jovens;
  • Definir metas que promovam a contratação, inclusão e retenção de homens e mulheres 50+;
  • Estimular a conscientização sobre o tema para todos os profissionais, lembrando que etarismo não é apenas uma questão para os 50+;
  • Promover a diversidade cognitiva entre a liderança por meio de ações que estimulem a integração entre as diferentes realidades dentro e fora da empresa.

Sobre Rebeca Toyama

Rebeca Toyama Msc é porta-voz da ODS 8(trabalho decente e crescimento econômico) do Programa Liderança com ImPacto da ONU, fundadora da ACI – Academia de Competências Integrativas, uma empresa signatária do Pacto Global da ONU e participante do Movimento Mente em Foco promovido pela Rede Brasil do Pacto Global da ONU.

Mestre em Psicologia Clínica e Administradora. Especialista em liderança, carreira e tendência do mundo do trabalho. Atua há 20 anos como palestrante, mentora e coach.