Estilo de vida saudável reduz risco de comprometimento cognitivo em adultos mais velhos, diz estudo

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Dados publicados no começo de junho no periódico PLOS Medicine mostram que fatores do estilo de vida saudável estão relacionados a um menor risco de demência e Alzheimer

Uma nova análise de adultos com 80 anos ou mais mostra que um estilo de vida mais saudável está associado a um menor risco de comprometimento cognitivo e que essa ligação não depende se uma pessoa carrega uma forma particular do gene APOE, ligado em vários estudos a riscos aumentados de demência e Alzheimer. “O Alzheimer é uma doença devastadora, caracterizada pela diminuição da cognição e é também a forma mais comum de demência, sendo responsável por 70 a 80% dos casos de demência no mundo, afetando entre 24 a 35 milhões de pessoas no mundo. Devido ao envelhecimento da população, estima-se que 1 em 85 pessoas apresentarão a doença de Alzheimer em 2050”, explica o Dr. Gabriel Novaes de Rezende Batistella, médico neurologista e neuro-oncologista, membro da Society for Neuro-Oncology Latin America (SNOLA). Os dados foram publicados no começo de junho no periódico PLOS Medicine.

O gene APOE vem em várias formas diferentes, e as pessoas com uma forma conhecida como APOE4 têm um risco aumentado de deficiência cognitiva e doença de Alzheimer. “Pesquisas anteriores também relacionaram a função cognitiva a fatores de estilo de vida, como fumo, exercícios e dieta alimentar. No entanto, não estava claro se os benefícios de um estilo de vida saudável são afetados pela APOE4, particularmente para adultos com mais de 80 anos de idade”, destaca o neuro-oncologista.

Para esclarecer a relação entre APOE4 e estilo de vida, os pesquisadores examinaram dados de 6.160 adultos com 80 anos ou mais que participaram de um estudo maior e em andamento conhecido como Pesquisa Longitudinal de Longevidade Saudável Chinesa. Os pesquisadores analisaram estatisticamente os dados para investigar as ligações entre APOE4, estilo de vida e cognição. Eles também foram responsáveis por fatores sociodemográficos e outros fatores que poderiam impactar a cognição. “A análise confirmou que os participantes com estilos de vida saudáveis ou intermediários saudáveis eram significativamente menos propensos a ter prejuízo cognitivo do que aqueles com estilo de vida não saudável, em 55 e 28%, respectivamente. Além disso, os participantes com APOE4 tinham 17% mais probabilidade de ter comprometimento cognitivo do que aqueles com outras formas de APOE”, diz o médico. A análise do estilo de vida levou em consideração pontos como tabagismo, consumo de álcool, peso corporal, padrão alimentar e atividade física.

Um estudo anterior sugeriu que em indivíduos com risco genético baixo e intermediário, perfis de estilo de vida favoráveis estão relacionados a um risco menor de demência em comparação com perfis desfavoráveis. Mas essas associações protetoras não foram encontradas em pessoas com alto risco genético. No entanto, a investigação mostrou que a ligação entre estilo de vida e comprometimento cognitivo não variou significativamente com base no status APOE4, que representava o risco de demência genética. “Isso sugere que manter um estilo de vida mais saudável pode ser importante para manter a função cognitiva em adultos com mais de 80 anos de idade, independentemente do risco genético”, conta o neuro-oncologista Dr. Gabriel.

Este estudo transversal enfatizou a importância de um estilo de vida saudável na saúde cognitiva. “Embora mais pesquisas sejam necessárias para validar essas descobertas entre diferentes populações, este estudo pode ajudar a informar os esforços para aumentar a função cognitiva dos adultos mais velhos”, finaliza o Dr. Gabriel.

FONTE:

*DR. GABRIEL NOVAES DE REZENDE BATISTELLA: Médico neurologista e neuro-oncologista, membro da Society for Neuro-Oncology Latin America (SNOLA). Formado em Neurologia e Neuro-oncologia pela Escola Paulista de Medicina da UNIFESP, hoje é assistente de Neuro-Oncologia Clínica na mesma instituição. O médico é o representante brasileiro do International Outreach Committee da Society for Neuro-Oncology (IOC-SNO).

*Estudo: https://journals.plos.org/plosmedicine/article?id=10.1371/journal.pmed.1003597