É possível, no envelhecimento, aumentar a vitalidade cerebral?

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Continuar com o trabalho e a satisfação na vida, além de ter uma boa alimentação, pode ajudar os idosos a preservar sua saúde cognitiva

Existe um medo comum entre adultos mais velhos: o declínio da saúde do cérebro. A boa notícia é que é, sim, possível tomar medidas para manter seu pensamento e sua memória por muitos anos. “Uma dieta saudável, exercícios aeróbicos regulares e sono adequado são essenciais para manter o cérebro saudável. Mas o envolvimento no trabalho e a satisfação com a vida são dois fatores adicionais que conferem benefícios à mente”, explica o Dr. Gabriel Novaes de Rezende Batistella, neurologista e neuro-oncologista, membro da Society for Neuro-Oncology Latin America (SNOLA).

Segundo estudos, muitos fatores influenciam a função cognitiva, como histórico de saúde, comportamento de sono, tabagismo, hábitos de exercício, sintomas de depressão e ocupações anteriores. “Aqueles que continuam a trabalhar muitos anos após a idade normal de aposentadoria e expressam grande satisfação com a vida geralmente têm pouco ou nenhum declínio cognitivo. Isso ecoa em diversos estudos com uma mensagem semelhante: um cérebro engajado é um cérebro saudável. Embora seu cérebro não seja um músculo, você pode pensar nele de maneira semelhante. Sem exercícios suficientes, ele pode se tornar fraco e sujeito a problemas”, explica o médico. “É por isso que usar suas habilidades de pensamento regularmente é uma das melhores maneiras de se proteger contra o envelhecimento mental”, acrescenta.

Trabalhando nos ganhos cerebrais

Permanecer na força de trabalho oferece vários benefícios que podem ajudar a preservar e até mesmo melhorar a saúde do cérebro. “Por exemplo, trabalhar aumenta o engajamento social e está associado a um menor risco de depressão, ambos associados a uma melhor saúde cerebral. Além disso, o local de trabalho oferece a chance de usar ativamente suas habilidades mentais, como resolução de problemas, decomposição de tarefas complexas, compreensão de múltiplas fontes de informação e avaliação (julgar se uma decisão é correta)”, afirma o neurologista. Os adultos mais velhos podem considerar o adiamento da aposentadoria completa o máximo possível e continuar a trabalhar e ser mentalmente ativos e engajados, segundo o médico. “Muitas pessoas anseiam pela aposentadoria apenas para descobrir que não têm onde estar e nada para fazer. Se você se aposentar, considere outras atividades significativas, seja passar um tempo de qualidade com a família ou trabalhar em hobbies.”

Mesmo que o idoso não precise do dinheiro, ser remunerado pelo trabalho oferece um estímulo mental porque valida seu valor, segundo pesquisas. “Isso mostra que o idoso ainda tem valor para os outros e para o mundo, e que o que ele faz é importante e necessário. Outro bônus: qualquer dinheiro extra pode ser investido em coisas que você não faria de outra forma e que também podem apoiar a saúde do cérebro, como sessões de treinamento pessoal ou redutores de estresse, como massagens e férias”, destaca o Dr. Gabriel.

Para quem não consegue manter um emprego tradicional, é possível considerar o voluntariado. “Muitas oportunidades podem ser feitas online ou em casa. O voluntariado oferece muitas das mesmas habilidades de desenvolvimento do cérebro que um trabalho regular.”

Interaja socialmente

A criação de um pequeno grupo íntimo com o qual você interage regularmente é altamente benéfica para o cérebro. “Podem ser seus filhos ou irmãos, ou mesmo um grupo seleto de amigos. Agende encontros regulares para que se tornem um hábito e não algo que você faça apenas quando surgir a necessidade. Se você não conseguir se encontrar pessoalmente (enquanto pratica o distanciamento social seguro), use videochamadas”, explica o neurologista.

Obtenha alguma satisfação

A satisfação com a vida – como você se sente em relação a sua vida atual e sua direção – costuma ser uma luta para as pessoas à medida que envelhecem, porque elas não têm mais um senso de propósito, de acordo com o médico geriatra. Trabalhar e ser voluntário pode ajudar a atender a essa necessidade, mas a satisfação geral com a vida pode ser muito mais que isso. “Também se trata de buscar novos objetivos e ter um entusiasmo geral pela vida. Pode ser a hora de iniciar um sonho, aprender uma nova língua, viajar, praticar esportes. Isso pode significar reavaliar seus interesses para se concentrar mais no desenvolvimento e crescimento pessoal. Veja este ponto em sua vida como uma oportunidade para novas aventuras e descobertas”, diz o Dr. Gabriel.

Se você precisar de um estímulo, o médico sugere revisitar interesses que você deixou de lado quando era mais jovem, ou assumir algo que você sempre quis explorar. “Veja o que o excita e o que o faz feliz, e tente fazer mais disso. Seu cérebro vai agradecer por muitos anos”, diz o médico.

Alimente seu cérebro

Muitos alimentos têm ação de proteção neuronal, adaptógenas e nootrópicas. O termo nootrópico refere-se a algo, alimentação, suplemento ou droga, que aumenta capacidades intelectuais sem causar efeitos colaterais. “Sempre que possível devemos optar por esses alimentos, ainda mais quando existe histórico familiar de declínios cognitivos e/ou síndromes demenciais associados a idades”, explica o neurologista. “Existem nutrientes que, na hora de fazer a refeição, contam com propriedades benéficas para a memória. O ômega-3, presente nos peixes como salmão e atum, além das nozes, auxilia na comunicação entre os neurotransmissores, fazendo com que a memória e a concentração sejam fortalecidas. Para estudar, sua ingestão é recomendada, pois facilita bastante no processo de aprendizado. As vitaminas do complexo B, presente nos peixes, abacate e vegetais verdes, contribuem com o desenvolvimento dos neurônios, além de melhorar a memória ao facilitar a comunicação entre os neurotransmissores. Tenha uma dieta mais variada possível e consulte um nutricionista ou médico nutrólogo”, finaliza o Dr. Gabriel.

FONTE:

*DR. GABRIEL NOVAES DE REZENDE BATISTELLA: Médico neurologista e neuro-oncologista, membro da Society for Neuro-Oncology Latin America (SNOLA). Formado em Neurologia e Neuro-oncologia pela Escola Paulista de Medicina da UNIFESP, hoje é assistente de Neuro-Oncologia Clínica na mesma instituição. O médico é o representante brasileiro do International Outreach Committee da Society for Neuro-Oncology (IOC-SNO).