Dietas ricas em cálcio e potássio previnem pedras nos rins sintomáticas recorrentes, diz estudo

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Estudo do começo de agosto mostra que a dieta pode ser um fator importante para prevenir cálculos renais. E o leite pode ser um aliado! As pedras nos rins podem causar não apenas dor excruciante, mas também estão associados à doença renal crônica, osteoporose e doenças cardiovasculares

Os cálculos renais, popularmente chamados de pedras nos rins, podem causar não apenas dor excruciante, mas também estão associados à doença renal crônica, osteoporose e doenças cardiovasculares. “Se você já teve uma pedra nos rins uma vez, você tem 30% de chance de ter outra pedra nos rins dentro de cinco anos, principalmente se não tiver o acompanhamento adequado e mudanças na dieta, principalmente. Mudanças na dieta são frequentemente prescritas para prevenir cálculos renais sintomáticos recorrentes.

E o leite, rico em cálcio, pode ser um aliado”, explica a médica nefrologista Dra. Caroline Reigada, especialista em Medicina Intensiva pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira. Os pesquisadores da Mayo Clinic publicaram um estudo prospectivo no começo de agosto em que investigaram o impacto das mudanças na dieta. “Suas descobertas mostram que o enriquecimento de dietas com alimentos fontes em cálcio e potássio pode prevenir cálculos renais sintomáticos recorrentes”, diz a médica, que integra o corpo clínico de hospitais como São Luiz, Beneficência Portuguesa de São Paulo e Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

Os fatores dietéticos foram baseados em um questionário administrado a 411 pacientes que experimentaram cálculos renais sintomáticos pela primeira vez e um grupo de controle de 384 pessoas – todos atendidos na Mayo Clinic em Rochester e na Mayo Clinic na Flórida entre 2009 e 2018. Os resultados, que foram publicados na Mayo Clinic Proceedings, mostram que a menor ingestão de cálcio e potássio na dieta, bem como menor ingestão de líquidos estão associados a maiores chances de sofrer uma pedra nos rins sintomática pela primeira vez. Dos pacientes que tiveram formação de cálculos pela primeira vez, 73 apresentaram cálculos recorrentes em uma mediana de 4,1 anos de acompanhamento. Uma análise mais aprofundada descobriu que níveis mais baixos de cálcio e potássio na dieta previam recorrência. “Essas descobertas dietéticas podem ter particular importância porque as recomendações para prevenir cálculos renais foram baseadas principalmente em fatores dietéticos associados à formação inicial de cálculos, e não recorrente. Os pacientes podem não ajustar sua dieta para evitar a incidência de cálculos renais, mas é mais provável que o façam se puder ajudar a prevenir a recorrência”, argumenta a médica.

A ingestão de líquidos de menos de 3.400 mililitros por dia, ou cerca de nove copos por dia, está associada à formação de cálculos pela primeira vez. A ingestão diária de líquidos inclui o consumo de alimentos como frutas e vegetais. “A baixa ingestão de líquidos e cafeína pode resultar em baixo volume de urina e aumento da concentração de urina, contribuindo para a formação de cálculos”, diz a médica. “Mudar sua dieta para evitar pedras nos rins pode ser muito difícil. Assim, conhecer os fatores dietéticos que são mais importantes para prevenir a recorrência de cálculos renais pode ajudar pacientes e profissionais de saúde a saber o que priorizar”, diz a médica nefrologista.

O baixo teor de cálcio e potássio na dieta foi um preditor mais importante do que a ingestão de líquidos da formação recorrente de cálculos renais, segundo o estudo. “Isso não quer dizer que a alta ingestão de líquidos não seja importante. O estudo, no entanto, simplesmente não encontrou benefícios de aumentar a ingestão de líquidos entre os pacientes com histórico de formação de cálculos renais sem que isso seja feita em associação da mudança na dieta, com maior consumo de cálcio e potássio”, diz.

O estudo conclui que dietas com ingestão diária de 1.200 miligramas de cálcio podem ajudar a prevenir cálculos renais recorrentes e iniciais. “Ao contrário do que muitas pessoas pensam, é recomendado, sim, consumir de 4 a 5 porções de leite ou seus derivados. O corpo humano necessita de uma ingestão diária de, pelo menos, 1g de cálcio. Cada copo de leite (200 ml) tem aproximadamente 200 mg de cálcio, então para suprir a necessidade diária, são necessários 5 copos de leite por dia. Você pode substituir o leite por derivados como queijo branco com pouco sal, ricota, iogurtes e coalhadas”, conta a médica. “O cálcio anormalmente elevado na urina (hipercalciúria) aumenta o risco de desenvolver pedras nos rins. Assim, para reduzir a excreção de cálcio na urina, o consumo elevado de potássio reduz adicionalmente o risco de formação de pedra nos rins”, diz a médica nefrologista. Banana (cada 100g tem 358mg), abacate (485mg), salmão (628mg), batata (535mg), leite (154mg), espinafre (558mg), chocolate meio amargo (830mg), pistache (1.025mg), castanha-do-pará (659mg) e cogumelos (318mg) são considerados boas fontes de potássio. “De qualquer forma, os pacientes devem adicionar mais frutas e vegetais que são ricos em cálcio e potássio em suas dietas. Os cogumelos brancos também são fonte de potássio e podem ser uma maneira de adicionar mais desse nutriente à dieta com poucas calorias”, finaliza a médica nefrologista.

FONTE: *DRA. CAROLINE REIGADA: Médica nefrologista formada pela Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro, com residência médica na Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e residência em Nefrologia no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Especialista em Medicina Intensiva pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira, a médica participa periodicamente de cursos e congressos, além de ter publicado uma série de trabalhos científicos premiados. Participou do curso “The Brigham Renal Board Review Course” em Harvard. Integra o corpo clínico de hospitais como São Luiz, Beneficência Portuguesa de São Paulo e Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Instagram: @dracaroline.reigada.nefro