Demanda brasileira por vinhos de pequenos produtores chilenos cresce 100% na pandemia

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Em 2020, o Brasil se tornou o principal mercado consumidor dos vinhos chilenos engarrafados

Enquanto o volume de exportações para a China despencou 28%, os envios para as prateleiras brasileiras aumentaram 39,32%, em comparação com 2019. Foram, ao todo, 8,3 milhões de caixas de 12 garrafas (750ml) que desembarcaram em solo nacional. Os dados são da Intelvid para a Wines of Chile, entidade sem fins lucrativos e que representa os viticultores do país andino.

O crescimento foi capitaneado por 30 vinícolas de larga escala; cuja participação no share cresceu de 76,99% para 83,68% em um ano. No entanto, grande parte desse volume foi de vinhos com preço mais baixo. Ainda de acordo com a Intelvid, as exportações com valor FOB de mais de U$ 40 a caixa diminuíram 13% entre 2019 e 2020.

Já as vinícolas boutique de pequenas produções, que representaram menos de 1% deste mercado em crescimento, traçaram uma trajetória diferente no ano passado. Na contramão desta tendência pela exportação de vinhos mais baratos e industriais, a importadora Vinhos Novo Chile — que atua com 8 vinícolas de práticas artesanais, com maior valor agregado — apresentou um crescimento de mais de 100%.

De acordo com o CEO e curador da Vinhos Novo Chile, David Giacomini, os enófilos brasileiros estão aprimorando o paladar e buscando propostas sustentáveis para suas adegas.

“Mesmo com a pandemia, conseguimos desenvolver diversas ações virtuais e degustações que aproximaram produtores de consumidores qualificados. Muitos nos revelaram ter se encantado com as histórias dos vinhateiros chilenos que desvendam novos terroirs, resgatam castas patrimoniais e se envolvem diretamente no processo de elaboração de seus vinhos”, comenta Giacomini, que é brasileiro e proprietário de uma das vinícolas representadas pela importadora, a La Recova.

Os vinhos de David, por exemplo, passaram a compor o catálogo de diversas lojas físicas e virtuais do país. Somente o site Da Girafa, que vende exclusivamente os rótulos da Novo Chile, teve um crescimento de mais de 100% nas vendas ao longo de 2020. O destaque foi para os tintos complexos da Erasmo (Vale do Maule) e da Laura Hartwig (Vale de Colchagua).

“Os brasileiros seguem com uma forte preferência pelos vinhos tintos, mas têm se permitido conhecer novas filosofias de produção”, aponta David. Para 2021, a perspectiva é de manutenção do crescimento.

“Só neste primeiro trimestre, fecharemos com aumento de 300% em relação aos três primeiros meses do ano passado. Em 2021, pretendemos consolidar nossa atuação no restante do país, com novos distribuidores em Pernambuco e Bahia. Hoje estamos presentes no Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Curitiba, Belo Horizonte e cidades do interior de São Paulo, como Campinas e Araçatuba”, revela o empresário.

Segundo dados da ProChile, o país hispano-americano é o maior exportador de vinhos do Novo Mundo. Possui uma área total de vinhedos com uvas finas de 137 mil hectares e as regiões de O´Higgins e Maule concentram mais de 72% da produção.