Pesquisadores chineses reavaliaram informações registradas entre 1990 e 2015, chegando à conclusão de que a catarata tem uma incidência bem maior entre mulheres do que entre homens
Além disso, nas mulheres predomina uma característica de sensação de irritação ocular. Ao comparar homens e mulheres da mesma idade, o estudo comprovou que elas apresentam maior presença de catarata, sendo que a doença tende a aumentar nos anos que seguem. Os motivos para essa diferenciação não estão muito bem definidos, mas acredita-se que a queda nos níveis de estrogênio durante a menopausa seja um fator relevante. Por outro lado, há pesquisas indicando que o simples fato de as mulheres viverem mais do que os homens contribui para esse tipo de conclusão.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a catarata é a principal causa de cegueira no Brasil (quase 50% dos casos). Em seguida, aparecem o glaucoma (15%) e a retinopatia diabética (7%). A catarata é progressiva e vai deixando o cristalino todo embaçado, até a pessoa não enxergar quase nada. Antes disso, entretanto, ela já perdeu autonomia para fazer suas atividades diárias, trabalhar e até mesmo se locomover sozinha. Por isso, na opinião do oftalmologista Renato Neves, diretor-presidente do Eye Care Hospital de Olhos, é importante prestar atenção em sintomas comuns e consultar um especialista tão logo comecem a surgir ‘nuvens’ embaçando a visão.
Segundo o médico, os principais sintomas da catarata incluem baixa gradual e progressiva da visão; impressão de que os objetos parecem estar amarelados, embaçados ou distorcidos; dificuldade para se locomover à noite ou em ambientes mal iluminados; sensação de ofuscamento da visão na presença de muita claridade; estresse intenso e falta de interesse pelas atividades rotineiras. Apesar de o principal fator de risco estar relacionado à idade, outras situações podem contribuir para a formação da catarata, como diabetes, trauma ocular, medicamentos de uso contínuo, consumo excessivo de álcool, superexposição ao sol e fumo, entre outros.
De acordo com o Ministério da Saúde, no Brasil são realizadas quase 600 mil cirurgias de catarata por ano. A cirurgia para remoção da catarata, seguida do implante de lentes intraoculares (LIOs), não só possibilita ao paciente voltar a enxergar, como ainda rejuvenesce a visão e aumenta a segurança na locomoção. “A técnica mais utilizada para o tratamento da catarata ainda é a facoemulsificação – pequena cirurgia que remove a doença. O paciente recebe anestesia tópica, à base de colírios, e depois disso é feita uma incisão em degrau de cerca de dois milímetros na esclera (parte branca do olho) ou na córnea clara (no limite entre a córnea e a esclera). Com o ultrassom, a catarata é fracionada em partículas microscópicas e, posteriormente, aspirada. Na sequência, é implantada uma lente intraocular (LIO)”, diz Neves – explicando ainda que a incisão em degrau faz com que o olho permaneça completamente selado pela pressão natural externa.
Mas a grande conquista nesse campo é o uso do laser de femtossegundo, que garante mais precisão em cada uma das principais etapas envolvidas na cirurgia. De acordo com o cirurgião, os excelentes resultados obtidos com essa técnica compensam de longe os altos investimentos no equipamento. “Enquanto na cirurgia tradicional a incisão na córnea é feita manualmente, nesse procedimento as estruturas do olho são analisadas por um tomógrafo de coerência óptica tridimensional e as incisões e a fragmentação da catarata são realizadas com uso do laser, garantindo uma recuperação mais rápida para os pacientes.”
Neves afirma que a utilização do laser de femtossegundo simplifica a retirada da catarata e permite um perfeito posicionamento da lente intraocular. “Não se trata de algo novo, mas ainda são poucos serviços de saúde ocular que fazem uso desse tipo de laser, já que exige grandes investimentos”.
Fontes: Dr. Renato Neves, médico oftalmologista, diretor-presidente do Eye Care Hospital de Olhos – www.eyecare.com.br