Casa Vogue celebra a diversidade da street art brasileira e reúne artistas de prestígio

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Nomes como OSGEMEOS, Speto e Criola revelam suas trajetórias e processos criativos

A seção Persona da edição de novembro da Casa Vogue celebra a street art brasileira e traz nomes que utilizam as empenas de prédios, muros e o próprio espaço público como suporte para expressar sua arte. OSGEMEOS, Criola, Speto, Flip, Robinho Santana, Simone Siss e Mundano revelam a multiplicidade da arte urbana brasileira e promovem uma reflexão sobre representatividade e inclusão.

Responsáveis por colocar a capital paulista no mapa-múndi da arte de rua, os irmãos Otávio e Gustavo Pandolfo, 46 anos, formam um só artista de quatro mãos chamado OSGEMEOS. Alçados do ateliê no bairro do Cambuci, na região central, a mais de 60 países, com direito a temporadas nas principais instituições dedicadas à produção contemporânea (como o The Institute of Contemporary Art, em Boston, e a Galleria Patricia Armocida, em Milão), seus trabalhos contam histórias que transitam entre sonho e questionamento, realidade e fantasia. Após adiamentos em função da pandemia, a dupla está em cartaz na Pinacoteca de SP com “OSGEMEOS: Segredos”, sua primeira exposição panorâmica.

A designer de moda mineira Tainá Lima, 30, adotou o nome Criola quando encontrou nos sprays uma forma de se expressar pelas ruas de Belo Horizonte. Muito antes de a representatividade entrar para a pauta discutida por boa parte da sociedade, ela já levantava essa questão. “Ia para a faculdade de ônibus e pela janela só via outdoors de pessoas brancas. Estava cansada dessa exclusão de meus ancestrais. Então o grafite surgiu na minha vida como suporte para eu contar a verdade que acredito”, lembra. Com uma vibrante paleta de cores de matriz africana, seus murais – presentes também nas ruas de São Paulo, Rio de Janeiro, Paris e Minsk – retratam a cultura, a história e a condição negras em contraponto à narrativa dominante, e incluem o feminismo na temática.

Da mesma geração d’OSGEMEOS, o muralista e artista plástico paulistano Paulo César Silva, 49, mais conhecido como Speto, desenvolveu uma linguagem genuinamente nacional, embasada na xilogravura e na tradição do cordel, assim como no modernismo – referências visíveis em linhas geométricas harmônicas, sinuosas e cheias de ritmo. “Ao idealizar um mural, eu caminho bastante pelo local onde ele será feito para entender o espaço. Sigo um pensamento arquitetônico no sentido de integrá-lo ao entorno”, explica. Nos anos 1990, ajudou a elaborar a identidade visual de bandas como Raimundos, Nação Zumbi e O Rappa. Na década seguinte, com a fama mundial da arte urbana brasileira, Speto espalhou seu trabalho por 15 países (que pretende revisitar em 2021, quando completa 50 anos) e expôs em museus e galerias da Europa e dos Estados Unidos.

“Mesmo cegos, olhai por nós”, pedia um grafite de Robinho Santana, 34, com a imagem de duas crianças negras, que foi apagado na Rua Major Diogo, no bairro paulistano da Bela Vista. Este é o principal mote do pintor, grafiteiro e designer de Diadema, SP, como mostram um mural no Viaduto Nove de Julho, integrante do projeto Museu Arte de Rua, em São Paulo, e a maior empena já executada no festival Cura, em Belo Horizonte, com quase 2 mil m² (o evento deste ano aconteceu em setembro). Ambos trazem crianças negras no colo de um dos pais. “Busco a construção da negritude através de potências e efeitos positivos de amor e afeto. Na capital mineira, como eu dispunha de uma área enorme, procurei falar sobre um assunto também grandioso, a força de uma mãe negra solteira”, explica o artista, cujas telas são vendidas pelo Instagram.

A arte de rua se utiliza do espaço público como área expositiva aberta e acessível a todos. Com spray e criatividade, os artistas do gênero fazem manifestações democráticas dos anseios do nosso tempo. Confira a íntegra da matéria, que conta ainda com entrevistas de Flip, Simone Siss e Mundano, na edição de novembro da revista Casa Vogue.

Crédito foto: Deco Cury