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A casa é o mundo, o mundo é a casa. Ao abrir pela primeira vez as portas de seu novo apartamento em São Paulo, Marcelo Rosenbaum não se furta a refletir sobre seu próprio propósito no planeta hoje. Mais que um refúgio, ele vê o lar como um laboratório aberto a experimentações

Do 11º andar de um histórico edifício às margens da praça, o designer observa pela janela o caos multiétnico e cultural do mundo (bem menos perplexo do que Caetano ao cruzar a Ipiranga com a São João, diga-se). Ele está em casa. Não para se refugiar da poesia concreta de suas esquinas ou da feia fumaça que sobe apagando as estrelas. O mundo? Marcelo quer sair e abraçá-lo.

Tanto é verdade, que levou seis meses para aceitar a ideia de ocupar o imóvel de 300 m² depois que já era seu. “Eu não queria comprar nada em São Paulo, queria ir para o interior, para um sítio – minha ideia era mexer na terra”, revela. “Mas daí, no momento em que estava desapegando [da vida na cidade], apareceu essa chance. Me balançou.” Pai de Bertha, 15 anos, e Ian, 11, Marcelo não é indiferente à possibilidade de poder proporcionar aos filhos a chance de experimentar a rotina do centro paulistano, “com toda essa ferida exposta da nossa sociedade”. Decidiu ficar, e restaurou muito mais do que reformou, para manter ao máximo o aspecto original. A remodelagem da cozinha e a retirada de uma parede no closet “das crianças” foram as intervenções mais agudas. De resto, o que se vê é a arquitetura neoclássica preenchida por artesanato de diferentes cantos do Brasil, móveis de design internacional, plantas mil e obras de artistas conhecidos do morador, com predileção pelas de Jonathas de Andrade, sua paixão.

O apartamento foi adquirido em leilão, por uma pequena fração do que valeria caso colocado no mercado em condições normais. “Enxergo isso como um fluxo, a vida me levando para direções que eu não esperava, me ensinando como aproveitar as oportunidades, como não sentir a culpa do privilégio, como lidar com essa questão do desapego diante desse… palacete.” É compreensível. Ao contrário dos jesuítas “fundadores”, Marcelo atua para reposicionar os diversos grupos que compõem nossa população, de maneira que nenhuma etnia ou classe seja vista como superior às demais. “O mundo só vai evoluir quando as pessoas incluírem mais as diversidades e as diferenças, que são enormes e trazem muita dor por trás.”

“O incômodo faz parte da minha existência”, continua, ao mencionar que a casa ficou pronta agora, e que, em função das muitas viagens que faz, não deu conta de absorvê-la por inteiro. “Aqui ainda não é o lugar onde a minha alma está. Como dizemos índios, quando se viaja, o corpo físico chega antes da alma– é preciso chamá-la.” Não demora, porém, para que ele enxergue uma finalidade no novo lar. “Este pode ser um cenário para articulações, neste momento em que estou, em trabalhos de mentoria, de comunicação. É um local onde eu imagino chamar pessoas para conversas, encontros, falar com investidores – é uma ponte para fazer pontes. Aqui é um laboratório, um lugar para ter clareza de qual é o meu propósito no planeta.”