Descoberta reforça que preservação da área é fundamental para a conservação da espécie
Um casal de onças-pintadas foi flagrado na Serra do Mar paranaense. O registro inédito na região foi resultado do projeto “Conservação de grandes mamíferos no Corredor da Serra do Mar”, coordenado pelo pesquisador Roberto Fusco Costa, doutor em Ecologia e membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza. Há dois anos e meio, a região é monitorada em busca de mamíferos de grande porte. A ação é desenvolvida pelo IPeC (Instituto de Pesquisas Cananéia) e SPVS (Instituto de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental) e conta com o apoio da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza e do Banco ABN AMRO. O vídeo pode ser visto aqui.
De acordo com o pesquisador, que atua na região há mais de 15 anos, não é fácil conseguir, nesta área, um registro em imagem desse felino, considerado o maior das Américas e ameaçado de extinção no Brasil. “Como a Serra do Mar paranaense está inserida em uma área com o maior remanescente contínuo de Mata Atlântica do Brasil, a presença das onças-pintadas era esperada, mas só tínhamos relatos. Esta é a primeira vez que conseguimos uma imagem que comprova a existência atual desses animais na localidade. O último registro documentado foi feito há mais de 20 anos, com base em vestígios fecais encontrados na região”, explica.
A imagem coloca a Serra do Mar do Paraná como área fundamental para a conservação de populações de onças-pintadas, reafirmando que a sobrevivência da espécie só é possível devido ao habitat favorável na região. “O registro representa o empenho de vários pesquisadores e instituições que trabalham juntamente com a Polícia Ambiental para tentar manter essa região de Mata Atlântica o mais conservado possível. É um conjunto de esforços para inibir ações ainda comuns, como a caça, que ameaça animais de grande porte”, comenta o pesquisador.
Monitoramento de grandes mamíferos
O registro do casal de onças-pintadas na Serra do Mar paranaense foi feito por uma “armadilha fotográfica” colocada em uma região remota da mata. A pesquisa faz a identificação e o mapeamento da ocorrência de diferentes espécies de animais de grande porte no corredor de Mata Atlântica – área da Serra do Mar no Paraná e litoral sul de São Paulo. “Com base nesse mapa de distribuição das espécies, fazemos recomendações para ações de conservação mais efetivas. O registro das onças reforça as informações que a equipe do projeto havia obtido por relatos e entrevistas com moradores locais, trazendo contribuições para o planejamento de conservação e monitoramento a longo prazo”, afirma Costa.
Com o estudo, os especialistas já registraram outras espécies de grande porte na região, como a queixada e a anta. “O apoio é importante para que tenhamos recursos e condições para obter esses dados, investigar e informar com qualidade a ocorrência de espécies de grande porte, algumas ameaçadas de extinção e que estão presentes na região”, finaliza.
Sobre a Rede de Especialistas
A Rede de Especialistas em Conservação da Natureza é uma reunião de profissionais, de referência nacional e internacional, que atuam em áreas relacionadas à proteção da biodiversidade e assuntos correlatos, com o objetivo de estimular a divulgação de posicionamentos em defesa da conservação da natureza brasileira. A Rede foi constituída em 2014, por iniciativa da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza.
Sobre a Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza
A Fundação Grupo Boticário é fruto da inspiração de Miguel Krigsner, fundador de O Boticário e atual presidente do Conselho de Administração do Grupo Boticário. A instituição foi criada em 1990, dois anos antes da Rio-92 ou Cúpula da Terra, evento que foi um marco para a conservação ambiental mundial. A Fundação Grupo Boticário apoia ações de conservação da natureza em todo o Brasil, totalizando mais de 1.500 iniciativas apoiadas financeiramente. Protege 11 mil hectares de Mata Atlântica e Cerrado, por meio da criação e manutenção de duas reservas naturais. Atua para que a conservação da biodiversidade seja priorizada nos negócios e nas políticas públicas, além de contribuir para que a natureza sirva de inspiração ou seja parte da solução para diversos problemas da sociedade. Também promove ações de mobilização, sensibilização e comunicação inovadoras, que aproximam a natureza do cotidiano das pessoas.