Número vem crescendo e situação se agrava entre os mais pobres; cartão de crédito e inflação estão entre os vilões, avalia especialista

A quantidade de brasileiros que se consideram muito endividados tem crescido em ritmo acelerado. No segundo semestre de 2022, o problema atingiu 42% da população. É o pior resultado desde 2019. De lá pra cá, o percentual tem oscilado e assumiu um viés acentuado de alta a partir do segundo semestre de 2021, quando registrou 32%, subindo para 37% no primeiro semestre de 2022, e agora atingindo os atuais 42%.

Os dados são da empresa de inteligência analítica Boa Vista e tem como base entrevistas feitas com 1,5 mil pessoas. Na prática, significa que 4 de cada 10 brasileiros hoje estão muito endividados. “O cenário aponta que em 2023 o endividamento vai continuar crescendo, mas em um ritmo mais lento”, avalia Bruna Allemann, educadora financeira da Acordo Certo, fintech especializada em renegociação de dívidas.

Segundo a especialista, os principais fatores que explicam o crescimento dos muito endividados são o avanço da inflação, que elevou os preços e reduziu o poder de compra das pessoas, e o aumento do custo das linhas de crédito disponíveis no mercado. “Nesse ambiente, a decisão de contrair uma dívida, por menor que pudesse ser, teve potencial para se transformar no início de uma bola de neve”, explica Bruna Allemann.

De acordo com o levantamento, 68% dos inadimplentes são das classes D e E, ou seja, a fatia mais pobre da sociedade. A maioria trabalha (85% são economicamente ativos), é jovem (35% tem entre 18 e 30 anos) e é mulher (56% dos muito endividados são do sexo feminino). 26% deles justificam o não pagamento das dívidas em função da diminuição da renda.

O estudo mostra que 67% dos entrevistados tem mais de 50% da renda comprometida com o pagamento de dívidas (o percentual era de 58% no primeiro semestre de 2021). 7 de cada 10 tem mais de três contas em atraso e 62% possuem dívidas que superam a cifra de R$ 3 mil e estão negativados há mais de 90 dias.

“Para se ter ideia de como essa volatilidade impacta nas contas do dia a dia, o Dieese calcula que, em decorrência da alta dos preços, o salário mínimo para sustentar uma família de quatro pessoas deveria ser cinco vezes mais do que o valor pago hoje, de R$ 1.302,00”, afirma a educadora financeira.

Com o dinheiro rendendo pouco, é importante organizar as finanças. “As prioridades devem ser pagar as contas e suprir as necessidades básicas da família para os cinco pilares: alimentação, saúde, moradia, transporte e educação. 70% do salário deve ser reservado para isso. 10% deve ser poupado, investido ou guardado para uma emergência. 20% deve ir para o pagamento de cartão de crédito e outros luxos”, explica Bruna Allemann.

Sobre a Acordo Certo

Fundada em 2015, a empresa atua como conexão entre o consumidor endividado e empresas parceiras, ajudando os brasileiros a conseguirem condições especiais para quitar dívidas. Comprada pelo grupo Boa Vista no final de 2020, a Acordo Certo tem ainda um papel social na função de trabalhar pela educação financeira dos consumidores.

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