A doença já mata uma pessoa a cada seis segundos no mundo; Brasil está entre os países com maior número de casos

O Brasil enfrenta uma escalada silenciosa do diabetes e do pré-diabetes. Segundo o Atlas Global do Diabetes 2025, publicado pela International Diabetes Federation (IDF), o país ocupa hoje o 6º lugar mundial em número de casos, com 16,6 milhões de pessoas vivendo com a doença — um aumento de 5,7% em apenas quatro anos. Somente em 2024, foram 111 mil mortes, número 20 vezes maior que os óbitos por dengue no mesmo período. Globalmente, o diabetes atinge 589 milhões de adultos e mata uma pessoa a cada seis segundos.

Ainda mais preocupante é a condição que antecede o diabetes tipo 2: o pré-diabetes. De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), 30 milhões de brasileiros já se encontram nesse estágio. Contudo, apenas um em cada nove sabe que tem. “O pré-diabetes é uma fase em que a glicose de uma pessoa em jejum já está acima do normal (99 mg/Dl), ou seja, entre 100 e 125 mg/dL, mas ainda não atingiu o nível de diabetes. Como não dá sintomas, ele passa despercebido. A única forma de identificar é realizando exames de sangue regularmente”, explica Fabiano Malard, endocrinologista e professor do curso de Medicina do Centro Universitário UniBH, - integrante do maior e mais inovador ecossistema de qualidade do Brasil, o Ecossistema Ânima.

O grande risco, segundo Malard, está nos fatores que aceleram a progressão para o diabetes tipo 2: excesso de peso e aumento da circunferência abdominal, sedentarismo, histórico familiar da doença, idade acima de 45 anos, pressão alta e colesterol elevado, síndrome dos ovários policísticos e diabetes gestacional em gestações anteriores.

Ainda de acordo com o endocrinologista, por ser assintomático, o pré-diabetes costuma ser descoberto apenas quando já evoluiu para diabetes e complicações associadas. Há, porém, alguns sinais que podem surgir em pessoas com maior risco, como manchas escuras nas dobras do pescoço e axilas, ganho rápido de peso, sede excessiva e visão embaçada (em casos mais avançados). Pessoas acima dos 35 anos — ou mais jovens com fatores de risco — devem realizar exames de sangue anualmente, pois só eles conseguem detectar a condição”, explica. Existem, segundo Fabiano, três tipos diferentes análises laboratoriais para descobrir o problema: além da glicose em jejum, há ainda a hemoglobina glicada e o teste oral de tolerância à glicose.

Prevenir ainda é o melhor remédio

Mudanças no estilo de vida são a principal forma de interromper a progressão do pré-diabetes, conforme aponta o professor do UniBH. Para isso vale investir em, pelo menos, 150 minutos de exercício aeróbico semanal, alimentação com foco em fibras, grãos integrais, verduras e frutas, redução de açúcares, ultraprocessados e álcool e na perda de pelo menos 5% do peso corporal. “Pequenas mudanças, quando feitas cedo, têm grande impacto. Cuidar da alimentação, se movimentar e fazer acompanhamento médico regular pode evitar uma doença que já é epidêmica no país”, destaca Malard acrescentando que o pré-diabetes não é uma sentença, mas uma oportunidade de prevenir algo mais sério. “Se nada for feito, ele evolui para diabetes tipo 2. Mas quando há acompanhamento médico e mudanças de hábitos, é possível reverter o quadro para, assim, não tratar complicações depois”.

Foto de Sweet Life na Unsplash

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