Neurocirurgião e especialista em desenvolvimento infantil explica como a ansiedade ocorre nos pequenos e como os pais e tutores podem ajudar nesse processo.

A ansiedade é uma condição que afeta milhões de pessoas ao redor do mundo, inclusive as crianças. Segundo dados do Ministério da Saúde, durante 10 anos, os atendimentos realizados pelo SUS relacionados à ansiedade aumentaram 1.575% entre crianças de 10 a 14 anos. Já com os adolescentes o número é ainda maior, ficando em 4.423%.

Infelizmente, essa é uma realidade com a qual muitos pais e responsáveis precisam lidar, já que os casos de ansiedade infantil têm surgido em idades cada vez menores. Mas o que os adultos que convivem com essas crianças podem fazer para identificar os sinais precocemente e ajudá-las?

Segundo o neurocirurgião e especialista em desenvolvimento infantil André Ceballos, em algum momento da vida infantil a criança vai sentir ansiedade, mas há um limite para o que é saudável ou não: “É normal que a criança sinta medo ou insegurança em determinadas situações, como no primeiro dia de aula ou ao se separar dos pais por algumas horas. No entanto, quando essas emoções se tornam frequentes e intensas, é preciso acender o sinal de alerta. Em cada idade a ansiedade começa a se manifestar de uma forma diferente e há uma forma de observar isso” .

De 0 a 3 anos:

Nessa fase, a criança ainda não consegue verbalizar suas emoções com clareza. Por isso, o corpo fala mais alto. Distúrbios de sono, choro sem causa aparente e recusa se alimentar frequentemente podem indicar desconforto emocional.

“É comum o bebê estranhar pessoas ou ambientes, mas crises de choro prolongadas, insônia persistente e regressões no desenvolvimento (como voltar a fazer xixi na cama) merecem atenção.” orienta Ceballos.

Dos 4 aos 6 anos:

Aqui, o medo começa a ganhar forma. Medo do escuro, de ficar longe dos pais, do bicho papão. Até certo ponto, é normal. Mas quando esses limitam a rotina da criança ou causam sofrimento intenso, é hora de ligar o sinal de alerta.

“Se a criança se recusa a ir para a escola, passear, dormir sozinha, tem crises de pânico ou dores físicas antes de atividades sociais, isso pode ser ansiedade se manifestando”, alerta o médico.

Dos 7 aos 12 anos:

A cobrança interna e a comparação com os colegas começam a pesar. Nessa fase, preocupações com desempenho escolar, amizades e até com o futuro são comuns.

“Quando a criança começa a se culpar demais por erros pequenos, evita situações novas ou tem pensamentos frequentes de catástrofe ou com o que estão pensando sobre ela, isso pode indicar ansiedade generalizada.” Indica Ceballos.

A seguir, o especialista destaca cinco sinais que podem indicar ansiedade infantil e que os pais e tutores devem ficar atentos:

1. Alterações no sono
Dificuldade para dormir, pesadelos frequentes ou despertares noturnos constantes podem ser indicativos de uma mente agitada. “O sono é um parâmetro importante do estado emocional da criança. Começe a observar de perto as noites do seu filho, se for possível, elas podem ser indicativos não verbais de que algo está errado.” Destaca Ceballos.

2. Dores físicas sem causa aparente
Dores de cabeça, de barriga ou náuseas recorrentes, sem explicação médica, podem ser sintomas somáticos da ansiedade. “O corpo da criança pode manifestar o que ela ainda não consegue expressar em palavras.” A recorrência desses sintomas devem ser levadas para o médico imediatamente.” Explica.

3. Isolamento ou irritabilidade
Crianças ansiosas podem evitar situações sociais, perder o interesse por brincadeiras ou ficar mais irritadas do que o habitual. “Muitas vezes, essa mudança de comportamento é confundida com birra ou desobediência, mas pode ser um pedido de ajuda.” Alerta o especialista.

4. Medos excessivos e persistentes
Medo exagerado de ficar longe dos pais, de escuro, de ir à escola ou de interagir com outras crianças são comuns. “Quando esses medos começam a limitar a rotina da criança, já não são mais considerados normais e precisam ser informados para um médico especialista em desenvolvimento infantil.” Afirma Ceballos.

5. Preocupações exageradas com o futuro
Por fim, mesmo pequenas preocupações, como medo de não fazer amigos ou de algo ruim acontecer, podem tirar a paz da criança. “Esse tipo de pensamento constante pode comprometer a autoestima e o desenvolvimento emocional. O melhor caminho é conversar com a criança e criar um ambiente acolhedor. Isso se faz por meio de rotina e expressando em palavras o quanto ela é importante e amada.” Finaliza André Ceballos.

Conheça o Dr. André Ceballos: Médico neurocirurgião, Ceballos atua como Diretor técnico do Hospital São Francisco, referência no diagnóstico e tratamento de crianças com transtornos do desenvolvimento. O médico tem como missão identificar precocemente condições que possam comprometer o pleno desenvolvimento das crianças, oferecendo intervenções terapêuticas baseadas nas melhores evidências científicas. A atuação do Dr. Ceballos vai além do atendimento clínico e da gestão hospitalar e reconhecendo a importância da informação e da educação para a saúde pública, se dedica a projetos de divulgação e conscientização sobre os marcos do desenvolvimento infantil, com o objetivo de influenciar políticas públicas que beneficiem especialmente as populações mais vulneráveis. Saiba mais em: Link

foto: divulgação

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