Para comemorar o Dia do Artesão, celebrado neste sábado (19), o Sebrae revela histórias de empreendedores do segmento que utilizam ferramentas digitais como principal canal com os clientes

As oportunidades de vendas e a divulgação de produtos com o apoio de ferramentas digitais se tornou realidade para os pequenos negócios durante a pandemia. Não foi diferente também para os artesãos que são empreendedores. Com as restrições para a realização de feiras e eventos, principal espaço ocupado pela categoria no país, o mercado on-line tem sido a aposta para a recuperação do faturamento e retomada dos negócios.

Dados da 13ª pesquisa de impacto da pandemia nos pequenos negócios, produzida pelo Sebrae em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), mostra que 78% dos empreendimentos comandados por empreendedores do setor de artesanato já voltaram a funcionar. A maioria deles, no entanto, precisou se adaptar por causa da crise e ainda sente o peso das mudanças, com perdas de faturamento em torno de 38% se comparado ao período anterior à pandemia.

O levantamento também aponta que 84% dos artesãos empreendedores têm utilizado as redes sociais, aplicativos e internet como ferramenta de vendas, principalmente Whatsapp Business (83%), Instagram (67%) e Facebook (56%).

Com a proximidade do Dia do Artesão, neste sábado (19), a Agência de Notícias do Sebrae (ASN) buscou histórias de empreendedores que encontraram no mercado virtual uma maneira eficiente de divulgação dos seus trabalhos.

Desafios do mundo digital

O artesanato sempre fez parte da vida da artesã Ked Mendes, do município de Santana do Ceridó (RN). A tradição familiar começou primeiramente com a avó, que era bordadeira, e depois passou para a mãe, que era costureira. Dotada de sensibilidade artística e ambiental, Ked se dedicou, nos últimos anos, a aprimorar técnicas para o reaproveitamento de sacos de cimentos e outros materiais na produção de sacolas. A ideia era diminuir o uso de plásticos com a comercialização de bolsas em feiras promovidas pela agricultura familiar da região.

Foi assim que, no ano passado, em plena pandemia, nasceu a marca Cimentes (@cimentes), com o apoio do Sebrae. “Conseguimos recursos financeiros da Lei Aldir Blanc para comprar maquinário e outros equipamentos, mas faltava a projeção do nosso negócio. Foi aí que Sebrae chegou na hora certa. Eu participei do edital voltado à economia criativa, que abraçou o artesanato no Rio Grande do Norte, e do UP Digital, direcionado aos artesãos, quando recebi orientações sobre marketing digital”, conta.

Coordenadora do artesanato na prefeitura da cidade, ela observa que a maioria dos artesãos ainda têm dificuldade em se adaptar à nova realidade trazida pelas transformações digitais. “O artesão é muito puro, então, ele fica dentro de casa, esperando o cliente chegar e ser reconhecido. Mas é preciso enxergar que o mundo digital não tem volta e requer investimento financeiro, mas também de tempo, porque tudo que fazíamos no presencial, nas feiras e nos eventos, temos agora que fazer no digital”, ressalta.

Representatividade

A artesã, MC e pedagoga Ariadna da Mata, de São José dos Campos (SP), também é um exemplo de empreendedora que aprendeu a arte da costura com a avó e apostou no digital. A marca Negrita Arteira (@negritaarteira) nasceu em 2014 com o propósito de espalhar representatividade com a produção de bonecos pretos e brinquedos criativos, que contribuem para uma educação antirracista.

“Quando pequena, ficava ajudando minha vó nas costuras e a fazer bonecas. Minha vó não tinha condições de comprá-las e aprendeu, sozinha, a fazer bonecas com cabelos de milho. Então, quando meu filho Valetim nasceu, há 8 anos, surgiu em mim a vontade de que ele tivesse brinquedos que trouxessem essa representatividade”, relembra.

Em 2019, Ariadna saiu do emprego formal e passou a se dedicar exclusivamente ao artesanato. Ela acredita que a pandemia trouxe muitos aprendizados. “Foi o momento em que eu mais cresci, quando meu negócio também cresceu. Consegui focar, estudar e buscar mais conhecimento”, comemora. Também foi por meio do UP Digital que a artesã aprimorou a atuação no mercado digital e na gestão do negócio. “Estou com um novo site e identidade visual da marca. Uso muito o Instagram para me relacionar com os clientes. As pessoas estão nas redes sociais e eu acredito que a internet é o melhor lugar”, argumenta.

Arte atemporal

Em Nova Friburgo (RJ), a artesã Jucione Rodrigues aprendeu a arte do crochê também na infância, quando ia passar as férias na casa da tia em São Paulo. Nos últimos sete anos, a produção das peças ganhou contornos mais profissionais e ela passou a confeccionar bolsas, biquinis, croppeds e toucas infantis.

A vontade de empreender também surgiu depois da maternidade, com a expectativa de horários mais flexíveis para ficar com seu primeiro filho. Além de participar de feiras e eventos, ela também levou a marca JjuJju crochê (@jjujju_crochê) para as redes sociais. Jucione fez vários cursos no Sebrae com o objetivo de aprender a precificar os produtos e melhorar a divulgação e vendas pela internet.

“As minhas redes sociais são o principal meio de divulgação do meu trabalho e onde recebo a maioria das encomendas. As feiras funcionam mais um ponto de entrega dos produtos”, explica. Para ela, o crochê é atemporal e, quando as peças aparecem na televisão, sempre atraem a atenção dos clientes. “É muito comum eu receber encomendas de peças que aparecem nas novelas da Globo. Ultimamente, as bolsas utilizadas pela personagem da Giovanna Antonelli têm sido um sucesso. O biquini da Jade Picon, do BBB 22, também está em alta”, enumera.

Capacitação on-line e gratuita

No fim do ano passado, o Sebrae lançou a Trilha do Artesão Empreendedor, com a fim de capacitar o segmento e estimular o desenvolvimento do artesanato brasileiro. A iniciativa é uma parceria com o Programa do Artesanato Brasileiro, da Secretaria Especial de Produtividade e Competitividade (Sepec) do Ministério da Economia.

De maneira on-line e gratuita, os artesãos podem aprender a desenvolver seu pequeno negócio, usar o marketing digital, fazer o controle financeiro e entender o microcrédito consciente, entre outros assuntos. Os cursos Artesão Empreendedor, níveis 1 e 2, estão disponíveis na página de cursos do Sebrae. Clique aqui para conhecer. Além disso, o Sebrae atua diretamente com o público por meio do Centro Sebrae de Referência do Artesanato Brasileiro (CRAB), no Rio de Janeiro, com exposições dos estados visando a divulgação da arte do país, permitindo a abertura de mercados; e anuncia a retomada do Prêmio Sebrae TOP 100 de Artesanato com abertura de inscrições previstas para abril de 2022.

Photo by La Compagnie Robinson on Unsplash

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