Cargo de Chief of Staff ganha cada vez mais espaço nas organizações, de multinacionais a startups; oportunidades crescem,
mas profissionais devem se qualificar e estar sempre atualizados para ocupar essa posição-chave na estratégia dos negócios
Nos últimos cinco anos, um cargo antes visto como restrito a governos e a instituições como o Exército passou a ganhar protagonismo e a se tornar “peça-chave” em empresas de diversos portes e segmentos: o de Chief of Staff (CoS). Globalmente, 62% das empresas reduziram cargos como CSO (Chief of Strategy Office) e apostaram no CoS, reportando ao CEO (Chief Executive Officer), de acordo com a Gartner. No Brasil, a demanda por esses “facilitadores estratégicos” cresceu 40% desde 2020, segundo dados da Catho.
Os Estados Unidos são o país que mais reúnem Chiefs of Staff, liderando essa tendência global. De acordo com dados recentes do Harvard Business Review 78% das empresas do S&P 500 – que incluem corporações como Google, Microsoft, Amazon e outras – já contam com um CoS em seu time. No entanto, o cargo vem se popularizando também em outras regiões, e de forma global: 72% das empresas globais com receita acima de US$ 1 bi têm um CoS, segundo levantamento da McKinsey. Na Europa, o mesmo movimento vem sendo registrado, quase metade (45%) das companhias do FTSE 100 – que reúne 100 grandes organizações europeias, como HSBC, Unilever e outras – também já adotaram a função.
Entre os países europeus, destacam-se o Reino Unido, Alemanha e França. Entretanto, o movimento já se alastra para outros países – como o Canadá – e agora, ganha cada vez mais força também no Brasil. De olho no crescimento dessa função nas empresas em solo brasileiro, a CSA (The Chief of Staff Association), associação internacional para Chiefs of Staff de grandes corporações, representando membros em mais de 70 países- acaba de chegar oficialmente ao país.
Para Carolina Santos Laboissiere, Diretora Regional da CSA no Brasil, o mercado brasileiro para a função está apenas “decolando” e as oportunidades devem se multiplicar de forma expressiva nos próximos anos. “Nos Estados Unidos, além das grandes corporações, os Chief of Staffs já são bastante presentes em startups, uma vez que o cargo já se encontra amplamente disseminado. No Brasil, a função hoje ainda é mais comum nas scale-ups. Segundo dados recentes do Linkedin, 70% das unicórnios brasileiras já têm ou buscam um CoS”, comenta a executiva.
Entre os setores que mais contratam Chiefs of Staff, de acordo com a pesquisa do Linkedin, estão Fintechs (40%), Energia (20%) e Agronegócio (15%). “O CoS desempenha múltiplas funções, que variam bastante dependendo do perfil de cada empresa e setor, mas seu principal papel é fazer a ‘ponte’ entre a estratégia de negócios e a execução”, explica.
Por que empresas estão apostando no Chief of Staff
Na visão da Diretora Regional da CSA no Brasil, um dos motivos pelos quais a função tem se popularizado, principalmente nas startups, é que esse profissional ajuda a estruturar o “caos” do crescimento acelerado, de forma sustentável. “Uma startup cresce rapidamente, mas é fundamental construir uma base sólida, para que o negócio se sustente a médio prazo”, avalia.
Pensando nas grandes corporações, as empresas já perceberam que ter um CoS torna o ambiente corporativo mais eficiente. De acordo com dados da McKinsey, 68% dos CEOs afirmam que o CoS aumenta sua produtividade em 20%. “O Chief of Staff reduz a carga operacional do CEO, que pode otimizar sua participação em reuniões e avaliação de projetos. O CoS é o elo estratégico entre liderança e equipes, alinhando metas e garantindo que as áreas estejam atuando de acordo com os objetivos maiores do negócio”, descreve Carolina.
Além disso, o Chief of Staff leva agilidade à organização, encurtando o prazo para as tomadas de decisão. Por conhecer os processos da empresa de forma detalhada, gerenciar equipes multidisciplinares e ter exposição ao C-Level, Comitês e Conselhos, o plano de carreira para um CoS torna-se amplo e diversificado com o passar do tempo e maturidade do executivo, podendo muitas vezes se tornar um COO (Chief Operational Officer) com um perfil cada vez mais ágil e versátil. “Muitas corporações estão substituindo Diretores de Operação por Chiefs of Staff”, acrescenta.
Outra habilidade importante do CoS é a capacidade de gerenciar situações de crise, como a pandemia de Covid-19, por exemplo. “O CoS foi fundamental para garantir coordenação eficiente, tomada de decisão ágil e comunicação clara entre líderes, equipes e stakeholders. De acordo com pesquisa da Harvard Business Review (HBR) de 2020, intitulada “Como os Chiefs of Staff salvaram companhias durante o Covid-19”, que analisou o papel crítico dos Chiefs of Staff (CoS), 74% dos entrevistados relataram que o CoS foi essencial para mediar disputas entre departamentos. Além disso, 55% das empresas com CoS lançaram novos produtos/serviços durante a pandemia (contra 28% sem CoS)”, aponta Carolina.
O estudo – que ouviu 50 Chiefs of Staff de empresas Fortune 500, startups e ONGs – indica ainda que empresas que não tinham um CoS antes da pandemia enfrentaram maior lentidão, comunicação fragmentada entre líderes e estresse generalizado nas equipes. “Não é à toa que, desde 2020, a função tem ganhado cada vez mais espaço nas corporações em todo o mundo. Especificamente no Brasil, que faz parte dos Brics e desempenha papel fundamental no cenário de mudanças geopolíticas dos últimos anos, as oportunidades para os CoS só tendem a aumentar nas empresas com operações em solo brasileiro”, prevê.
‘Raio X’ do Chief of Staff
Mas, afinal, o que é preciso para ser um CoS? Quais são as habilidades e a formação necessária para desempenhar bem essa função tão estratégica e de protagonismo dentro das empresas? Em âmbito global, 65% dos CoS têm formação em negócios, direito ou engenharia, e 70% possuem MBA, segundo dados do Harvard Business Review. No entanto, a sua qualificação e atualização devem ser constantes, já que as demandas do mundo atual se modificam rapidamente.
Para Lalo Medina, Gerente responsável pela área de Membership Growth no escritório global da CSA em Londres, o CoS lida com informações sensíveis, toma decisões em nome do CEO e gerencia conflitos internos, por isso, a qualificação constante é indispensável. “Um CoS, além de conhecer profundamente o negócio, deve ter excelentes habilidades de comunicação, resolução de crises e análise de dados. Além disso, as empresas já valorizam bastante os profissionais que buscam qualificação específica para o cargo, e é exatamente isso que a CSA oferece, por meio das formações presenciais em Oxford – que oferecem certificação como CoS -, além de outros cursos remotos e eventos em diversos países”, diz o executivo.
Hoje, já é possível se especializar como CoS em um setor específico – como serviços financeiros, tecnologia ou governo, por exemplo. “A CSA já oferece formações para segmentos, para quem aspira atuar em um determinado nicho. Em breve também iremos oferecer cursos para ser CoS em startups, por exemplo. ‘O céu é o limite’ para quem possui os requisitos e deseja entrar ou se aperfeiçoar nessa profissão, pois as oportunidades serão muitas”, avalia.
Os Chiefs of Staff associados à CSA também têm a oportunidade de participar de eventos de relacionamento, que ajudam a fazer com que estreitem o contato e troquem experiências com outros Chiefs of Staff que atuam em seu país, e também em outros pontos do mundo. “Esse é um dos principais objetivos da associação: criar uma rede cada vez mais ampla e efetiva de Chiefs of Staff no mundo todo, proporcionando aos membros oportunidades de networking qualificado, acesso à educação de nível internacional e à certificação profissional”, explica.
Além dos eventos, a CSA oferece formações de ponta e qualificação profissional constante, para que os “profissionais do mundo todo que exercem o cargo estejam sempre atualizados e atentos às mais novas tendências do mercado, e de fato preparados para os desafios dessa função tão instigante e desafiadora que é ser um Chief of Staff”, finaliza Medina.
Sobre a CSA– Fundada em 2020, é uma associação internacional para Chiefs of Staff de grandes corporações, governo e outras entidades, representando membros que ocupam posições de influência em mais de 70 países. Seus 14 mil associados atuam em diversos setores, em algumas das empresas mais proeminentes do mundo – entre elas: Google, Deloitte, governo dos EUA e Salesforce, entre outras.
foto: Canva


